A Inês, também conhecida como chocolateEbaunilha é uma rapariga muito simpática. A entrevista dela foi-me sugerida por uma das suas leitoras nancywantsapples. Ela é uma excelente escritora e todos deviam ser os seus poemas e ver a sua nova obra que vai começar agora a ser publicada. Passem pelo perfil delas e vejam as suas histórias. Sem mais demoras aqui vos deixo a entrevista.
1 - Como descobriste a plataforma Wattpad?
Essa questão é interessante, pois na realidade foi uma pessoa com a qual tive um relacionamento mais próximo que me questionou se eu conhecia a plataforma e me pediu (não muito delicadamente) que criasse conta e que lesse o que ela escrevia. Tanto que, durante um ano, este site não me era nada, era apenas um sítio onde lia ocasionalmente uma única história, só passado esse tempo é que ganhei "verdadeiramente" interesse por esta maravilhosa comunidade.
2 - Onde arranjas inspiração para as tuas histórias?
Essa questão também é interessante. Na verdade, a minha inspiração surge em momentos muito espontâneos (e inesperados), devo dizê-lo. Sempre fui uma pessoa desorganizada e acho que por vezes isso se transparece na minha escrita, na forma como a história está encadeada, na forma como se processam os diálogos, entre outras coisas. Eu gosto de seguir aquilo que a minha cabeça dita, às vezes estou a ouvir música, a ler um livro ou a fazer qualquer outra atividade que suscite a minha imaginação e nada me surge fico apenas presa em pleno bloqueio artístico. No entanto, outras vezes surge-me a inspiração em momentos de stress (como quando estou durante um exame) ou até mesmo quando estou mais em baixo (Como por exemplo quando uma amizade desaparece ou um namorado me deixa). Para mim é mais fácil escrever quando, teoricamente, não se devia de ter "vontade" nenhuma para o fazer. E portanto eu não posso dizer que tenha uma "maneira" de arranjar inspiração, ela é que vem ter comigo, normalmente nas piores alturas da minha vida.
3 - Grande parte das tuas obras são sobre poesia. Qual é a tua relação com ela?
Na verdade, atualmente, maior parte das minhas obras são sobre poesia. No entanto, quem leu coisas minhas no passado sabe que eu tinha umas 3 ou 4 histórias em prosa, mas que as apaguei todas pois não as achava boas o suficiente. Enfim, respondendo à questão, a relação que eu tenho com a poesia é uma relação um tanto agridoce. Por mais irónico que isto soe, sou extremamente picuinhas com poemas e, grande parte das vezes, sou até capaz de os detestar. Contudo estas últimas obras que tenho publicado têm sido a forma mais fácil e mais bonita que consegui arranjar para transparecer aquilo que eu estava a sentir. Resumidamente, eu adoro escrever poesia, mas se tiver de a ler só mesmo os grandes nomes desse género, pois de outra forma não leio nem sou capaz de o fazer.
4 - O que achas que te diferencia das restantes escritoras?
Bem, eu acho que a primeira situação de divergência é mesmo a forma como eu escrevo. Cada pessoa tem a sua forma de contar uma história, é impossível nega-lo. E eu acho que tenho uma escrita muito característica, primeiramente sou uma adepta de vírgulas gosto de fazer frases de cinco linhas e meter umas vinte vírgulas lá pelo meio, segundamente, adoro descrições e quem leu algumas coisas minhas como a "Filha da Noite" ou até mesmo a "No Limiar da Inocência", quando estas estavam disponíveis, sabe que isto é verdade. Eu simplesmente não resisto a colocar, pelo menos, um parágrafo de descrições cheias de floreados e de expressões estilísticas. Por último, um dos traços que me distingue será o uso de palavras "caras", pelo menos algumas pessoas já me acusaram de utilizar sinónimos de palavras banais demasiado extravagantes, apesar de eu achar que isso enriquece aquilo que tento explicar, pois de outra forma não gastava o meu tempo a escreve-las. Além disso sinto que aquilo que escrevo é diferente do que se lê, pois não é só aquela história... Eu dou sempre um toque de mim (ainda que desorganizado como já mencionei) àquilo que escrevo.
5 - Como relacionas a tua vida com a escrita?
Essa pergunta é um pouco irónica para mim, pois eu simplesmente não organizo vida nenhuma com a escrita. Eu sou um bocado do género: Se escrevi, boa. Se não escrevi, azar. Infelizmente, eu não sou como algumas pessoas que conheço que apontam tudo em cadernos e organizam a história e têm tudo planeado. Eu sou muito impulsiva e, apesar de ter o meu caderninho com algumas ideias, nem sempre o tenho comigo o que torna difícil apontar alguma ideia que surja subitamente. Só para se entender o quão desorganizada eu sou e o quão impulsiva é a minha imaginação, eu vou contar uma breve história de como a minha primeira história publicada neste site foi criada: "A Fangirl". Basicamente, eu estava a fazer um relatório de química às 3 da manhã e só me faltavam duas frases para o terminar, até que o meu computador foi abaixo (ele na altura tinha problemas de bateria) o meu mundo ruiu, literalmente. Eu tinha escrito quatro folhas de conclusão, fora o resto que felizmente já tinha enviado a colegas meus e que já estavam salvas, para a fogueira. Simplesmente comecei a chorar eram já 3 da manhã e o meu amigo disse que me auxiliava com a conclusão eram 4 da manhã e a conclusão tinha sido feita (com menos rigor científico e completamente escrito de uma forma muito pouco profissional). Mas enfim estava feita. E quando fui para a cama vi que só ia dormir duas horas e esse pensamento deixava ainda com menos vontade de adormecer, foi aí que surgiu o título perfeito para a história perfeita. Nessa noite escrevi em vinte minutos aquele que haveria de ser o melhor prólogo que alguma vez pensei formular... Agora o resto da história? Isso é outro assunto.
6 - Gostavas de fazer deste "hobbie" a tua vida?
Não, de todo. Ser escritor é um trabalho de altos e baixos e eu simplesmente acho que não tenho o que é preciso para tornar isto num hobbie da minha vida. Não gosto de seguir modas, não gosto de escrever o que as pessoas gostam de ler e simplesmente não tenho paciência para ter prazos com editoras e para ter de ir a reuniões, palestras e etc... Contudo, admito que gostava de ter um dia algo meu publicado, como toda a gente, se calhar, desta plataforma.
7 - De todas as histórias que já tens publicadas qual foi aquela que te deu mais "prazer" escrever e porque?
Bem, de todas as que tenho agora publicadas foi a "O Prelúdio" porque é, literalmente, um pedaço de mim. Acho que não há nada tão verdadeiro escrito por mim do que esse pequeno conto. Contudo, uma outra história que eu também gostei muito de escrever e que infelizmente já não está publicada, mas que tenciono (re)publicar, é a "No Limiar da Inocência", essa soube-me muito bem escrever e sentia que não o fazia por obrigação, até que comecei a receber comentários de leitoras e mensagens que me desmotivaram para a continuação da história.
8 - Algum amigo/familiar teu sabe que escreves? Se sim, de que maneira é que eles te apoiam.
Acho que só existem duas pessoas que sabem que escrevo. Uma delas era um ex-namorado que descobriu sozinho ao ler algo que eu tinha guardado no computador, ele apoiava-me no sentido em que lia o que eu escrevia e tentava entender aquilo que eu dizia com as minhas palavras, apesar de ele detestar ler e interpretar qualquer tipo de texto. Mas foi muito bem-vindo esse esforço dele. A outra pessoa e também aquela que mais influência sobre a minha vida enquanto autora do Wattpad tem. Ela é um usuário deste site, todos a conhecem como sendo a nancywantsapples, mas eu simplesmente conheço-a como sendo a minha melhor-amiga. Ela é literalmente o meu ídolo, pois ela não escreve coisas que o público queira ler, ela escreve como o coração lhe pede para escrever. Ela tem a sua própria forma de contar uma história e apesar de, por vezes, ser criticada, estupidamente, por essa mesma forma esta autora consegue passar à frente. Eu adoro-a em todos os sentidos e acho que ela, apesar do sucesso que tem, é muito pouco levada a sério nesta comunidade.
9 - No futuro, pretendes continuar a publicar histórias no Wattpad?
Honestamente, não sei. Talvez o faça esporadicamente mas simplesmente a minha vida agora não o tem permitindo, aliás estes últimos meses foram os meus meses mais recentes de atividade depois de quase meio ano parada.
10 - Eu achei o teu nome de utilizador bastante peculiar. Escolheste-o por alguma razão em particular ou foi apenas algo que te veio à mente?
Na realidade o meu nome não tem história nenhuma de jeito. Eu apenas decidi juntar duas coisas que gosto de comer. E eu mudei o nome e as pessoas gostaram muito, achavam que era extremamente original e engraçado e acabou por ficar chocolateEbaunilha. Quem me dera ter uma história mais elaborada para contar, mas é apenas isto.
11 - Descreve-te numa palavra e explica-a.
Numa palavra? Acho que a melhor palavra que posso utilizar para me descrever será estranha. Mas não no mau sentido, sou estranha num ótimo sentido. Desde que basicamente, arranjei amigos, esta tem sido uma palavra recorrente para me descrever e acho que é a melhor que se associa a mim, pois na verdade tudo em mim é estranho. Desde o meu gosto musical, que passa do clássico ao Heavy Metal, do Heavy Metal ao Jazz e do Jazz ao Rock, até ao meu gosto em filmes, às coisas que acho "interessantes" e até à forma como escrevo.
12 - Qual foi a razão que te levou a escolher esta música para a entrevista?
Isto é muito engraçado pois eu não esperava receber esta pergunta. Eu estava tão indecisa no início só a pensar qual a música perfeita? O que ponho? Até que pensei, melhor e percebi que não precisava de uma canção perfeita, apenas precisava de uma canção que me representasse. E portanto optei pela "La Mer" do Charles Trenet. Esta música é algo de especial para mim, para ser sincera, escutei-a pela primeira vez quando estava em baixo e logo me deixou mais feliz e esperançosa... Desde aí quando me sinto nervosa, escuto-a, quando escrevo escuto-a, quando me apetece chorar, já se está a ver, também a escuto. Eu acho que esta música é algo que se assemelha a mim de certo modo. Na realidade digo, até, que é a perfeita analogia à minha personalidade enquanto autora. Se virmos bem, a música de Charles Trenet retrata o mar, uma coisa simples, correto? Então, porque raio não há mais músicas sobre o mar? Quer dizer todos nós o vemos. Todos nós o conseguimos ver a «dançar ao longo dos golfos claros, [...].» [danser le long des golfes clairs]. Todos nós conseguimos ver os seus reflexos claros, ver o reflexo que tudo tem sobre ele. Já tanta gente desenhou o mar, escreveu sobre o mar, mas nenhuma canção até agora foi tão poderosa como esta "La Mer". Pois foi este mesmo cantor que conseguiu criar a música perfeita capaz de espelhar a beleza que é ver o mar e o que este realmente significa. Isso é exatamente o que eu tento fazer: pegar em coisas banais que todos nós podemos utilizar e explorar esse assunto no seu expoente máximo.