𝐂.𝐈.𝐀 || 2d × Reader (PT...

By KaesianSardothien

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Eu podia sentir meus pulsos amarrados atrás das minhas costas, meu corpo estava preso numa cadeira de, aparen... More

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Prólogo
01 › Valores
02 › Kitty
03 › Adaptação
04 › Entre Livros e Crimes
05 › Akatsuki
06 › Fuga
07 › Companheirismo
08 › Surpresa!
09 › Ressaca
10 › Babygirl
11 › Minha Utahime
12 › S/n Ackerman Reiss
13 › Funeral
14 › Primeira Missão
15 › Matança
16 › Recuperação
17 › Verdade ou Desafio
18 › Dois É Bom, Três é Perfeito
19 › Sozinha
20 › Tentativa Falha
21 › Karasuno
22 › Por Ódio e Álcool
23 › Linhagem
Kakashi
Levi
Shouta
Kento
A Filha de Erwin
24 › Baile do Clã Zenin
25 › Deja Vu
26 › Retravo: do verbo "retravar"; sinônimo de reinício, recomeço, (...)
27 › Meu Lado da História
Kageyama Tobio
28 › Inacreditável
29 › Meu País
30 › Interação
31 › Omissão
32 › Concreto e Gelo
33 › Um Carro, Dois Ackerman
34 › Convulsão
35 › Punição
36 › Casa Reiss | Parte I
37 › Casa Reiss | Parte II
38 › Casa Reiss | Parte Final
Interlúdio: Qualquer Coisa
39 › Verdades
40 › Aceitação
41 › Enfermeira
42 › Bom Garoto
43 › Sweetheart
44 › Despedida
45 › Pai
46 › Letal
47 › Reconciliação
48 › Darling
49 › Sangue Reiss
50 › Baile Ackerman-Reiss | Parte I
51 › Baile Ackerman Reiss | Parte II
52 › Baile Ackerman Reiss | Parte Final
53 › Mudança de Planos
54 › Insanidade
55 › Vingança
[...]
[...]
Epílogo

Intermédio

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By KaesianSardothien

NOTAS: Capítulo com + de 6K de palavras, separado por partes. É como um epílogo dos livros, mas não remete ao fim, é apenas um capítulo com um pouco de felicidade pra vocês. A partir do próximo, só ação e plot twist. Meu último presente para essa fic, juntamente com um Feliz Ano Novo (não tenho certeza se conseguirei postar o outro antes do réveillon, então é isso). 🤍

Parte I

Faz exatamente um mês desde o aniversário de Erwin e muitas coisas aconteceram desde então.

Seis dias atrás, os Quatro estavam comemorando o aniversário de Shouta, mas não houve nada como festa ou baile tipo o aniversário do meu pai ou o de Kakashi. Então eu enviei um presente para o meu antigo amigo — um telescópio muito bom e absurdamente caro —, para ele observar as estrelas como fizemos uma vez, no terraço da Mansão de Kanagawa. O mafioso me enviou uma mensagem de texto agradecendo, mas apenas isso.

Eventualmente, nos distanciamos nos últimos tempos e nossas conversas podem ter sido boas para o trabalho mas nada legais no ponto de vista pessoal. E, ainda assim, Kento passou três dias no Japão com os irmãos. Eu e ele voltamos, mês passado, e temos vivido bem desde então; seu comportamento para com meu pai mudou muito drasticamente e agora eles são quase amigos. É engraçado de se ver.

Nosso relacionamento evoluiu, por assim dizer, mas ainda há algo que me preocupa. Nós também começamos a fazer planos sobre morarmos juntos ao invés de vivermos para sempre na Casa Reiss, coisa que Historia e Ymir não se preocupam nem um pouco em mudar.

Outro fato interessante: acho que virei amiga de Historia.

Bem, não exatamente amiga, mas estamos mais próximas desde seu surto altruísta com o pote de sorvete. Passamos a tomar chá de camomila toma semana e quase todos os dias, então eventualmente estamos ficando mais... conectadas. Ela gosta de me aconselhar sobre tudo, pedir minha opinião sobre a maioria das coisas e parece que aprendeu a não se abalar com as minhas falas evasivas. Já lhe difamei muito, mas ainda não parti para a agressão física, e Maki acha que isso é um avanço.

Mais uma coisa: acho que virei amiga de Maki.

Nós conversamos todos os dias pelo celular e sempre reclamamos de nossa família — Historia, no meu caso. A Zenin diz que devo parar de ser tão rigorosa e dar uma chance à minha prima, mas não costumo lhe dar ouvidos.

E numa noite de sábado ela me disse que matou Naoya. Foi algo muito normal. E eu fiquei feliz.

Ela contou que tiveram consequências e que sua família e a fábrica estavam um caos, mas o infeliz estava morto para todos os efeitos e a causa seria encoberta. Provavelmente Toji seria o próximo, mas a aproximação dele com Megumi estava dificultando as coisas. Eu disse que podia ajudar, mas a mulher educadamente recusou e afirmou poder tomar conta do próprio nariz e que eu deveria me concentrar em Erwin, considerando tudo o que eu disse a respeito dele.

Por sua vez, o que eu disse a respeito dele foi que ele estava enfurnado no escritório desde a morte de Natalya e Varya, que ocorreu cinco dias após seu aniversário. Elas foram encontradas mortas no chão do banheiro do shopping GUM. 

Essa foi uma das coisas que aconteceram desde o aniversário do meu pai.

Ymir e Historia ficaram arrasadas quando souberam e, de certa forma, eu também. Não era tão próxima das duas quanto eles, mas a comoção do casal, além de Lena, Alex e Ramon, me despedaçou. Foram dias difíceis e eu nem pude imaginar como Erwin estava se sentindo. Ele vivia a base de uísque e café e quase não dormia. Acho que a sua única noite de sono tranquila foi ontem à noite, quando ele estava totalmente esgotado e eu gritei em seu rosto sobre como ele estava fragilizando sua saúde.

Mas eu mesma não estava muito bem há alguns dias. E não sabia o que fazer sobre isso.



— Você está pálida. — Historia diz, levando a xícara à boca. — Não diga que está imitando os hábitos tóxicos de tio Erwin.

— Você é muito observadora e superprotetora, Historia. — Suspiro. — Eu estou bem.

— Eu sou mais velha que você. É natural.

— Não precisa me infernizar com esse papo o dia inteiro. — Derramo mais um pouco de uísque no chá, deixando a xícara no braço do sofá ao tomar mais um gole.

— Não faça isso! — Ela me repreende. — Vai cortar o efeito calmante do chá.

— Vai se foder.

A loira revira os olhos, mas volta a se concentrar no exemplar de Moby Dick aberto em cima de suas pernas. Ela está quase no fim do livro e há semanas não para de falar sobre ele. Já eu, estou muito concentrada no primeiro volume de "Um de Nós Está Mentindo".

A casa está um silêncio só. A maioria dos seguranças estão do lado de fora, Pieck não aparece aqui há uma semana e Lena, Alex, Ramon e os outros vão embora logo após terminarem todas as tarefas — seja para os alojamentos na propriedade ou suas respectivas casas na cidade.

Ultimamente, as únicas coisas que tenho feito é ler, beber e transar. Kento é super ocupado com o trabalho e meu pai sempre arruma uma desculpa para ler e assinar papéis, fazer ligações e comparecer à reuniões. Nem parece o chefe de uma organização criminosa que abrange um país inteiro, é como se fosse um empresário sobrecarregado. E quando eu não estou lendo, bebendo ou transando, estou tomando chá com Historia ou conversando com Maki Zenin. Ou passeando com Abraxos.

Fui de assassina procurada mundialmente para vagabunda rica em questão de meses.

Então ouço a porta abrir e perco a concentração recém-adquirida quando ouço os passos familiares. Kento fecha a porta atrás de si e nos cumprimenta com um aceno. Faz mais de um dia que eu não o vejo e da última vez que conversamos ele disse que precisava falar comigo, mas que eu deveria esperá-lo chegar do trabalho e que não deveria me preocupar porque estava tudo bem.

Eu me preocupei e pensei em milhões de situações em que as coisas não estavam nada bem.

— Oi, meu amor. — Digo, deixando o livro e o chá de lado e me levantando para abraçá-lo.

Kento dá um beijo em minha testa e sibila um oi.

— Vamos conversar lá em cima? — Ele sugere.

— Claro.

Não me despeço de Historia ao acompanhá-lo até o meu — nosso — quarto. Kento entrelaça nossas mãos e permanecemos assim até que ele decide de livrar da gravata, blazer e camisa. A cama ainda está desarrumada, à medida que eu não a arrumei e não permito que os empregados entrem no quarto.

Ele se senta na beirada do colchão e dá batidinhas nas próprias coxas, silenciosamente pedindo para eu me acomodar ali. E eu vou, passando uma perna em cada lado do seu corpo, aconchegando-me em seu colo e deslizando minha mão pelo seu peitoral enquanto sinto o cheiro que me entorpece.

Kento põe as duas palmas em cada lado da minha cintura e se inclina para a frente para me dar um beijo na clavícula. Suas mãos deslizam para cima e para baixo constantemente, acariciando-me.

Ele fecha os olhos por alguns momentos, inspira e expira profundamente. Parece nervoso.

— Sweetheart. Há algo que você pretende me contar?

Meu coração erra a batida e então acaba badalando tão forte que o som ecoa pelos meus ouvidos. Ele repete a pergunta e eu ergo as sobrancelhas, ansiosa e confusa.

— Não... É claro que não. Por quê?

Ele repete o ritual respiratório, então ergue o rosto para encarar meus olhos. Sua expressão é indecifrável e sua calma é torturante.

— Porque faz mais de um mês que estamos juntos e seu ciclo ainda não começou. — Eu definitivamente paro de respirar. — E você lembra do nosso primeiro dia juntos? — Ele enfatiza a palavra. — Você disse para eu não me incomodar com o preservativo. Então não usamos. Eu pensei que você estava tomando algum anticoncepcional, o que eu já disse que não é recomendável, então não falei nada a respeito.

— Mas eu estou tomando. — Esclareço. — Todos os dias durante o tempo determinado pelo doutor Monroe.

— Mas você está atrasada. — Ele insiste. — Um mês. E não foi a primeira vez que dependemos apenas do seu anticoncepcional. — Kento acaricia as minhas costas por baixo do tecido leve do suéter. — Você tem passado mal e não dorme bem...

Meu sangue fervendo nas minhas veias — estou ansiosa e assustada, porque tudo o que ele diz é verdade. E eu sequer pensei na possibilidade porque estou confiando na droga do anticoncepcional. Então, num ímpeto de coragem, pergunto:

— Você quer que eu faça algum teste? — Franzo as sobrancelhas. — Eu faço.

O japonês parece sopesar.

— Eu comprei três tipos diferentes hoje. — Ele confessa. — Por favor. — Pede.

E, bem, eu faço. Todos, de uma só vez.

Kento me entrega e me dá privacidade no banheiro. Com uma calma calculada, espero o tempo necessário e finalmente olho o resultado.

Eu ligo o chuveiro, com a esperança de que o barulho da água se desperdiçando acabe se sobrepondo aos soluços que escapam de minha garganta quando descubro que vou ser mãe.

Eu estou desesperada. Totalmente.

Juro que estava tomando os remédios certos, nos dias certos e nas horas certas e fazendo os intervalos certos. Juro que isso funcionou bem durante muito tempo e eu não sei o que fazer quando descubro que estou grávida de três semanas.

Eu tenho condições e disposição para cuidar da criança mas não me sinto tão feliz quanto deveria. Estou aterrorizada porque não sei o que fazer e sequer processei a informação totalmente quando me pergunto o que vou fazer, o que direi a Kento e ao meu pai, como vou trabalhar, como vou deixá-la segura, como serei uma boa mãe se eu nunca tive uma, o que farei se eu falhar, se algo acontecer... Como isso está acontecendo tão rápido?

E eu estou vomitando na pia larga, deixando a comida não digerida cair de meus lábios como as lágrimas despencam. O pânico ameaça tomar conta das minhas pernas e me fazer cair no chão.

A batida na porta que antes eu podia ignorar agora se torna incessante. Kento está se desculpando e dizendo que vai abrir a porta se eu não responder em alguns segundos. E eu fico calada porque estou em total choque. Eu lavo minha boca e prendo o cabelo agora grande o suficiente com um elástico, que descansava em meu pulso, e retiro o suéter quente.

Meu corpo está nu da cintura para cima e Nanami franze as sobrancelhas quando entra no banheiro, me analisando meticulosamente.

— Sweetheart. — Ele não olha para os testes na pia, mas concentra-se no meu reflexo no espelho e no cheiro do meu cabelo. Na tensão nos músculos que ele massageia e na textura da minha pele. — Você está suando. — Ele observa. — E a temperatura lá fora é de três graus, meu amor.

Maldita Sibéria, penso eu.

— Eu estou grávida. — Digo mais para mim mesma do que para ele. De repente. — Você estava certo.

Apenas uma expiração pesada é o que denuncia sua surpresa. Ele me abraça por trás, apertando meu tronco e voltando a cheirar meu cabelo. Nanami encosta o queixo no topo da minha cabeça e eu observo seu reflexo ao vê-lo chorar, ao dizer que me ama e repetir, como um mantra "Eu vou ser pai". Não sei porquê 90% dos homens têm essa necessidade absurda de vivenciar a paternidade, mas por um instante, eu acho lindo.

— Eu estou em pânico. — Confesso. — Não sei o que vou fazer.

— Como assim o que vai fazer? — Sua pergunta é espantosa. — Você... Não quer ter um filho?

Eu desvio o olhar.

— Não estava nos meus planos, mas eu vou tê-lo. É claro. — Balanço a cabeça. — Mas você tem ideia de quanto isso é grave?! É um filho. Eu sou a pessoa mais inapropriada para ter um filho. A CIA está atrás de mim, eu bebo mais álcool do que água e passo dias acordada. A única "mãe" que eu tive me ensinou como ser uma soldada e não uma criança. Mesmo que nosso bebê esteja meio que destinado a herdar essa vida do caralho, eu não quero ter que olhar para ele quando estiver com cinco anos e dizer "me desculpe, eu não sei o que fazer sobre você então vou ensiná-lo a matar uma pessoa sem precisar de arma alguma".

Nanami ouve com paciência. Vira meu corpo e me abraça, então beija minha testa e se distancia milimetricamente quando eu termino de falar. Seus olhos estão vermelhos, seus movimentos são gentis e eu quase consigo sentir todos os sentimentos que o invadem. Ele é delicado, mas ainda assim exibe um semblante feliz. É uma mistura de alívio, amor e preocupação que explode em meus olhos e me induz a chorar mais. 

— Você não vai fazer isso sozinha, sweetheart. — Ele sussurra. — E eu não tenho toda a experiência do mundo com crianças mas vamos fazer dar certo, tudo bem? Vamos nos adaptar a ele. Vamos protegê-lo e amá-lo acima de tudo. — Suas mãos deslizam até minha barriga. — Eu vou dar o melhor de mim para essa criança e para você. Prometo.

Um dia inteiro se passou e ninguém além de Nanami sabe que eu estou grávida. Ontem, nós tomamos um banho quente e passamos a maior parte do tempo na cama, conversando sobre como nossa vida mudará em 37 semanas e como contaremos isso para o meu pai. Não sei o que ele vai fazer quando descobrir, embora tenho certeza de que terá uma reação positiva — Kento disse que talvez seja disso que ele precise, uma surpresa, uma revelação boa. Algo que o faça sair daquela bolha impenetrável de seriedade e caos.

Ele me disse o quanto estava feliz e eu consegui sorrir para o homem que amo. Uma coisa de cada vez, foi o que Nanami repetiu, vamos encarar isso aos poucos e fazer nosso melhor para que o bebê nasça e cresça bem e saudável. Eu concordei, mas estranhei totalmente a conversa e as palavras que usamos ao decorrer dela. Nosso bebê, nosso filho, eu estou grávida... É tão estranho que eu poderia simplesmente piscar os olhos e descobrir que está de manhã e tudo o que aconteceu foi um sonho. 

Mas não é.

Kento me pediu para ligar para Monroe e contar tudo o que está acontecendo, para que possamos fazer os exames certos e manter um acompanhamento meticuloso. E eu acabo de solicitar uma visita ao médico quando Maki me liga por chamada de voz. Eu mandei uma única mensagem para ela cinco minutos atrás, dizendo: Estou grávida. 

— Gata, eu sei que temos uma química mas eu não estou pronta para ser mãe. — Ela zomba, no primeiro segundo que eu atendo. 

— Vá se foder, Maki.

— Os nervos já estão à flor da pele, não é? — Ouço uma risada. — Mas, droga, como essa merda veio acontecer?

— Não é uma merda, é o meu filho.

— Você virou a mamãe do ano.

— Filha da puta.

— Sua criança? Com certeza.

Grunho, revirando os olhos enquanto me acomodo melhor na cama. Estou rodeada de travesseiros e edredons e o aquecedor está ligado a todo vapor. Kento, o construtor desta muralha de panos e penas, está tomando banho.

 — Mas... Sério, você está feliz com isso?

— Estou. — Murmuro. — Antes eu não queria ter filhos, mas depois que me envolvi com Kento... Costumo imaginá-lo sorrindo para o nosso filho, nós o ensinando a andar de bicicleta, o ensinando sobre como ser uma pessoa justa e respeitosa, sobre a pessoa que ele irá amar no futuro... É incrível. E eu fico muito preocupada por talvez não ser boa o suficiente, mas vou me empenhar em ensiná-lo um pouco sobre tudo e fazê-lo se sentir tão amado quanto eu nunca fui. — Respiro fundo, deslizando minha mão pela minha barriga como se isso fosse normal. 

"Mas o que eu tenho medo mesmo é que eu me perca de quem sou. Demorei muito tempo para me encontrar de verdade e sim, creio que eu faria qualquer coisa por essa criança, mas não quero que no futuro eu olhe para mim mesma e pense "Essa não sou eu". E não quero que meu filho pense que é por culpa dele. Eu só tenho medo de me acostumar com todo o cuidado que Kento está tendo, com os dias de descanso e comida leve e filmes. Eu quero ser a chefe da máfia desse país, sabe? E estou sendo egoísta."

— Você está com medo de perder a ação que tanto ama e virar uma dona de casa. — Ela resume.

— U-hum.

— Ackerman, você não vai deixar de ser foda só porque é mãe agora. — Maki diz. — Você está construindo uma família com alguém que você ama e não há nada de assustador nisso. Você ainda será a Ackerman Reiss que todos conhecem e temem —  ela ri —, ainda será irritantemente linda e estúpida, na maioria das vezes. Essa criança vai nascer olhando para você e vendo a pessoa mais incrível desse mundo.  

Maki me explica como o bebê está fadado a ter uma vida tão difícil quanto a nossa, mas não há nada que possamos fazer para mudar isso. Ela me diz que eu posso ser a Chefe e ser mãe ao mesmo tempo, que o próprio Erwin vem fazendo algo parecido há um longo tempo. E que, como Kento me disse, eu não estou sozinha. Ela prometeu que meu filho sempre terá a tia rica e lésbica para mimá-lo quando eu estiver cansada demais, que tem certeza que Nanami irá saber conciliar o trabalho conosco e que será um bom pai, que a prima loira, rica e também lésbica acabará se mostrando útil em algo além de fazer chá. E não porque eles têm algum tipo de obrigação com isso, mas porque se tornaram a minha família.

— Além do mais, você sabe que seu filho seria o personagem mais OP de uma saga de livros, não é? — Ela tenta descontrair. — Sabe, filho de uma Ackerman Reiss com Kento Nanami, neto de Erwin Ackerman e sobrinho de uma Zenin. 

— Afilhado. — Corrijo-a.

— O quê?

— Você vai ser a madrinha do meu filho.

— E você decidiu isso agora, porra?

— Aham. — Dou de ombros, mesmo sabendo que ela não pode ver. — Você não quer?

— O quê? Caralho, eu quero sim! — Ela gargalha. 

E eu não ouço o som das suas palavras quando o pai do meu filho abre a porta do banheiro e sai de lá apenas usando uma toalha na cintura. Ele sibila uma pergunta sobre quem está no telefone e eu sibilo de volta falando que é Maki. O homem desaparece para o closet após murmurar um "diz a ela que eu mandei um oi". E eu digo, até coloco no viva-voz, então a saída de som do meu celular explode quando a Zenin grita:

— OI, PAPAI DO ANO!

Ta gueule! — Exclamo, em frânces, por algum motivo. E desligo o celular.

Kento volta do closet um minuto depois, usando uma calça de linho e uma camisa regata branca. Ele me olha sugestivamente, com aquela expressão misteriosa que me irrita. Para à beira da cama e acaricia minha perna com uma das mãos.

— Quer jantar lá embaixo ou eu trago a comida para você?

— Quero contar para o Erwin. — Digo, como uma resposta. — Vamos jantar com eles, esta noite.

Kento balança a cabeça, concordando.

— E Monroe? — Pergunta. — Ele disse algo?

Olho o celular para ter certeza, quando vejo uma nova mensagem do doutor.

— Devo ir para o consultório próximo à Praça Vermelha amanhã, às nove da manhã.

— Tudo bem. Vou remarcar minha reunião com o fornecedor de Vladimir.

— Armas?

— Sim. Não podemos depender apenas do Clã Zenin.

— Soube que eles perderam alguns contratos após a morte de Naoya. — Resmungo, afastando os lençóis para me levantar.

— Ninguém quer se envolver com pessoas tão instáveis. — Ele coça o nariz. — Os Zenin estão sempre em guerra consigo mesmos e isso acaba afetando a fábrica. Eles são imprevisíveis e peçonhentos.

— Não esqueça que sua querida amiga Maki é uma Zenin.

— Ela é uma jovem inteligente e decidida. — Kento se levanta, me observando fazer o mesmo. — Poderia mudar toda a história da família se fosse valorizada da maneira certa. Gosto dela.

— Isso é um fato. — Suspiro. — Vamos jantar?



Erwin está na cabeceira da mesa. Historia noutra e Ymir ao lado esquerdo; eu e Kento estamos nas duas cadeiras do meio. O jantar é uma sopa deliciosa que reconhecemos como receita de Varya, e Erwin, como se em resposta, não toca na comida. Só está presente porque eu insisti para que viesse.

— Alguma novidade sobre o shopping GUM? — Historia pergunta, niveladamente, para não dizer exatamente "a morte de Varya e Nat".

— Nenhuma. — Meu pai responde. — Elas foram para uma parte fechada do shopping e o assassino provavelmente seguiu atrás. Era uma área sem monitoração. Não acredito que tenha sido coincidência.

— Apenas uma pessoa muito burra poderia matar duas empregadas da Casa Reiss. — Ymir diz.

— Ou muito poderosas. — Sugere Kento.

— A investigação continuará até que eu saiba, exatamente, como tudo aconteceu. — Erwin declara. — E sendo burro ou poderoso, irei matar quem fez isso.

Olho para o meu pai por alguns instantes. Certa vez, ele me disse que não ligaria se qualquer outra pessoa além de mim morresse, mas as duas morreram e agora ele está surtando silenciosamente. E eu não posso reconfortá-lo.

— Pai. — O chamo, num tom suave. Ele mira seus olhos pretos com um arco azul sobre mim. E espera. — Tem algo que eu quero contar.

Kento desliza a mão do talher para a minha, ainda encima da mesa, e entrelaça nossos dedos, sem se importar com os espectadores. Eu engulo em seco e inspiro fundo antes de dizer:

— Eu estou grávida. — Digo, com o coração vibrando no peito. — Você vai ser avô. — Tento sorrir.

Parte II
⚠️: sexo explícito.

M

eu pai chorou quando soube que eu estou grávida, e eu percebi a tensão no corpo do meu namorado para não se entregar à emoção novamente. Com o sorriso do Ackerman e o beijo no meu ombro do Nanami, me senti mais leve ao falar aquilo. Menos tensa. E Historia arregalou os olhos e gritou quando ouviu o que eu disse; ela fez inúmeras perguntas sobre com quanto tempo de gravidez eu estava, se foi planejado ou não, os palpites para os nomes, dentre outras coisas. Me obriguei a ficar calma ao respondê-la, como também agradeci, educadamente, o "parabéns" contido de Ymir. De alguma forma, percebi sinceridade.

E Erwin me abraçou durante um minuto inteiro, disse que eu seria uma ótima mãe e ele se empenharia em ser um bom avô. Ele também abraçou Kento e resmungou algo que fez o Imediato dos Chefes da Máfia Japonesa engolir em seco.

O fim do jantar foi mais leve do que o começo. Fui sufocada por perguntas e parabenizações e sorrisos calorosos. Me vi tranquila, porque meu filho irá crescer nesta casa e conhecerá essas pessoas incríveis que hoje chamo de família. Ainda não estou totalmente simpatizada por Historia, até porquê minha promessa ainda paira entre nós, mas penso que não seria difícil ser amiga dela. Ser prima dela, além do sangue.

No dia seguinte, eu e Kento fomos para o consultório de Monroe e respondemos mais uma enxurrada de perguntas. O médico estava sempre retirando sangue meu e apalpando meu corpo — coisa que Kento odiou ver — enquanto me fazia mais e mais perguntas. Houve uma hora em que ele pegou um cilindro de plástico conectado a um tubinho de silicone, e enfiou uma agulha na minha veia pela quarta vez. Eu estava quase vomitando no chão branco da sala.

— Por que tanta retirada de sangue? — Kento perguntou, mesmo que ele soubesse o óbvio: era necessário.

— A senhorita Ackerman Reiss disse que estava tomando o anticoncepcional da maneira instruída por mim. — Ele ponderou. — E se estava, ela não deveria ter engravidado, o que significa que alguma coisa estava cortando o efeito do anticoncepcional.

— Que tal os litros de álcool? — Kento sugeriu, em tom cínico.

— Pode ter sido. — Ele concordou, rindo para mim. — Mas o organismo dela é tão familiarizado com o álcool quanto um frigobar, então eu duvido muito. Por essa razão, tenho que fazer inúmeros exames com toda a calma necessária para descobrir o que impediu o efeito anticoncepcional e se isso pode prejudicar a gravidez.

Sonolenta e silenciosa, eu observei a conversa entre os dois de desenrolar. Kento perguntou quais cuidados eu deveria ter quanto a alimentação e Monroe respondeu que eu devo evitar álcool a todo custo, não comer comidas cruas e prestar atenção se as carnes e ovos estão bem assados antes de eu ingerir — algo sobre infecção com salmonela e o sangue da carne. Disse que devo comer frutas cítricas, arroz, batata cozida e sucos-verdes. Eu quase chorei enquanto o ouvia falar, mas Nanami parecia super concentrado.

Após mais uma pergunta de Kento, o médico disse que eu não devo ser estressada, não posso ficar fisicamente exausta, devo me manter hidratada e bem alimentada. Devo evitar quedas, cortes e remédios para os sintomas da gravidez, garantindo-nos que tudo vai passar da maneira adequada e no tempo certo. Ele falou sobre não usar roupas apertadas e me manter aquecida, considerando o frio tempestuoso da Rússia — mesmo no Outono.

E mesmo antes do mafioso perguntar, Monroe disse tudo o que poderia sobre as "práticas sexuais". Foi uma conversa que memorizei bem.

— Com qual frequência vocês costumam se relacionar?

Kento olhou para mim antes de responder, como se para ter certeza de que eu não poderia continuar a conversa em seu lugar.

— Cinco ou seis vezes. — Ele expirou, encostando-se na parede.

— Por mês?

— Por semana.

— Certo. — O médico pigarreou. — O sexo não faz mal para o bebê, mas vocês devem prestar atenção e respeitar os seus corpos, principalmente o dela. Pode ser que o desejo sexual aumente ou diminua durante a gestação, mas considerando que não haja nenhum desgaste físico, a quantidade de vezes é ditada por vocês. E lembrem-se dos cuidados, a dor física não deve ser estimulada nem mesmo sob essas circunstâncias. 

— Hum. 

— Mas devem saber que dependendo da intensidade do orgasmo, você pode sentir cólicas e contrações abdominais com mais frequência. — Ele explicou. — Fora isso, tudo certo. 

Nós nos despedimos do médico após ele nos avisar sobre o dia em que o resultados dos exames sairão, o que será em três dias, considerando que já se passara seis desde a consulta.

E nos últimos seis dias, eu e Kento sequer nos beijamos por tempo o suficiente até que eu gemesse com as náuseas ou cólicas, dores de cabeça ou tontura. E o loiro, por sua vez, vive como um zumbi; passa o dia trabalhando, chega em casa à tarde e cuida de mim durante a noite. Em todas as horas em que estou acordada, nunca o vejo dormir quando ele está na Casa e isso me preocupa porque ele é atencioso, dedicado e perfeccionista, me dá privacidade e não me sufoca com seu comportamento superprotetor, mas parece esquecer totalmente do próprio bem-estar. 

E eu estou acordada, dando boa noite a Maki quando ouço a porta do quarto abrir e Kento chegar. Ele articula o pescoço enquanto fecha a porta, reiniciando seu ritual de retirar o blazer e a gravata e sentar-se na beirada da cama. Seus sapatos foram deixados ao lado da porta.

— Como você está se sentindo, sweetheart? — Kento pergunta, se aproximando.

Fecho a tela do laptop e o deixo na cômoda ao lado da cama. Minhas mãos descansam em cada lado do meu corpo e eu respiro fundo antes de responder:

— Eu estou bem, obrigada. — Inclino a cabeça. — E você?

— Um pouco cansado. — Ele confessa. -— Mas nada que um banho quente não possar extinguir.

Mordo minha bochecha, então engatinho até onde meu namorado está sentado. De joelhos sobre o colchão, deslizo minhas mãos pelo seu pescoço e nuca e o beijo lentamente. Suas mãos, carinhosas, se detém no meu rosto e costas, devolvendo o beijo com delicadeza.

— Há outra coisa que possa extinguir seu cansaço, darling?

Nanami afasta o rosto minimamente, olhando no fundo dos meus olhos como se buscasse certeza na interpretação da minha pergunta. Encosto minha testa na sua e respiro fundo, com os lábios entreabertos, para lhe dar a confirmação que ele procura. O japonês arfa, como se lesse minha mente, um chiado sedento que arrepia todos os pelos do meu corpo.

— Um banho quente. — Ele repete. — Com você. — Acrescenta.

— Ótimo.

Estou descendo da cama, retirando as roupas com pressa enquanto Kento guarda a carteira, o relógio, o cinto, o celular e a pistola. Sinto uma pitada de irritação quando vejo a arma, porque lembro que tiraram Arashinoumi de mim. Não é seguro que uma grávida fique com uma arma, eles disseram — "você pode se desequilibrar ou ficar tonta, soltar a pistola e ela disparar"; foi o que meu pai disse. Ele, Kento e Historia são cúmplices nessa merda de proteção.

Mas eu balanço a cabeça e sigo para o banheiro quando vejo a feição concentrada de Kento, provavelmente tentando desvendar porque meu rosto se tornou subitamente raivoso.

Paro na frente do espelho da pia, observando meu corpo e sentindo medo das mudanças que eu sei que virão. Tantos pensamentos invadem minha mente sobre eu estar grávida — porque, nossa! Eu estou grávida. E Kento passa por mim de cabeça baixa, mas claramente me observando pelo canto dos olhos. Um sorriso sutil se instala em seus lábios e minha autoestima vai às alturas.

Vejo-o entrar na banheira, tocar em alguns botões e acender as luzes de dentro; a água começa a borbulhar e uma suave camada de espuma se faz presente na superfície. Há bastante espaço e a banheira é redonda, alta e revestida de madeira polida ao redor. Há pequenos degraus até ela, os quais eu piso com determinação ao me apoiar nas beiradas e sacudir o corpo com a sensação da água amena. "Sem banhos quentes ou gelados demais", Monroe disse, e parece que Kento se lembrou bem.

— Achei que fosse ficar o resto da noite parada em frente ao espelho. — Ele implica.

— O que eu posso fazer? É uma ótima visão.

— De fato. — Concorda.

Sinto sua mão envolver minha cintura e ele me puxa para mais perto. Ao invés de ficar ao seu lado, me levanto parcialmente e sento-me sobre suas pernas, beirando o joelho. Minha mão corta a água e desliza sobre duas coxas, então se firmam no membro semi-ereto que pulsa entre suas pernas.

Kento me beija e geme em meus lábios, ele desliza a própria língua na minha com suavidade e posso sentir gosto de uva — como se ele tivesse tomado um suco ou aproveitado um bombom. O sabor é intenso e me faz salivar. Então ele morde meu lábio inferior e usa as mãos para suspender meu quadril, silenciosamente pedindo para que eu sente nele. E eu o faço, sentindo-o deslizar para dentro de mim enquanto xingamentos escapam de sua boca.

Ele está deslizando a língua pelos meus seios enquanto eu me movo para cima e para baixo em seu colo, com a cabeça jogada para trás e as mãos agora puxando seus cabelos. Kento morde minha pele, me impulsiona mais para baixo e eu gemo como se estivesse enlouquecendo.

É sempre tão bom com ele, tão intenso. Nossa intensidade está presente em cada toque, em cada ação, em cada ruído que escapa de nossos lábios e em cada tremor de nossos corpos. Ele estilhaça minha sanidade, ateia fogo em meu corpo e me traz sensações das quais eu mataria para sentir apenas mais uma vez — e eu posso; com ele, eu sinto quantas vezes desejar. E é incrível.

Me vejo desesperada por seu beijo. Puxo seus cabelos apenas o suficiente para que ele levante o rosto, então o beijo com ferocidade e amor. Tento transmitir meus sentimentos pela forma que acaricio sua língua, afago seus cabelos e aperto meu corpo contra o seu. Ele conduz suas mãos pelas minhas costas, entrelaçando os próprios braços e agarrando meu corpo, como se precisasse sentir cada átomo meu.

Buscando ar, nos afastamos; Kento mira os lábios em meus pescoço e traz a boca até o meu ouvido, sussurrando:

— Amo você através de realidades. — Ele beija a intercessão entre minha orelha e meu pescoço. — Vocês. — Acrescenta, corrigindo-se. — Os dois.



Independentemente das desavenças entre nós, os Quatro quase fizeram uma festa quando souberam que Nanami agora é pai. Foi uma chamada turbulenta e barulhenta, mas pareceu divertida, considerando o sorriso que o homem que não sorri para muitas coisas deu. Os Chefes e as líderes da Tríade mandaram inúmeros presentes e brinquedos infantis — e eu fiz o mesmo, só que para Mikasa.

Kento continuou com sua rotina cansativa, mas falei com meu pai hoje de manhã e ele vai dar uma lição de moral no loiro. Pieck apareceu hoje — para ajudar a liberar a agenda de Nanami —, do que parece ter sido alguns dias de férias, e pareceu super cúmplice de Historia sobre a minha gravidez. As duas ficaram tagarelando sobre como era incrível, mas a diferença é que eu podia ver uma verdadeira alegria na minha prima, não em Pieck.

Ymir e Kento entraram em um consenso social, como:
"Você vai ser pai, não é..."
"É."
"Boa sorte."
"Obrigado."

Creio que tenha sido o diálogo mais longo dos dois.

E estamos aqui, mais uma vez, jantando. O fato de ser avô realmente revigorou Erwin e ele parece mais Erwin do que Chefe da Máfia agora. A falta de Varvara e Nat ainda nos acerta como um soco, mas estamos conseguindo superar e preencher o vazio. Todos nessa casa somos preparados para isso, sabemos melhor do que qualquer um que ninguém vive para sempre, e que devemos encarar as aleatoriedades trágicas da vida, e não fugir ou conviver com elas. Doloroso, mas normal. Superável.

Nenhuma informação sobre como tudo aconteceu e meu pai ainda se mostra firme. Ele reforçou o pensamento de que não iria descansar até descobrir cada detalhe do ocorrido, então aqui está, falando mortalmente baixo com Finger sobre o acontecimento.

Sinto dor de cabeça apenas de pensar sobre e de repente me vejo com muita raiva. Eles não burros, não são crianças, deveriam saber que falar sobre trabalho e tragédias na mesa de jantar é um inferno.

Vocês podem calar a boca por um segundo? — Vocifero, os interrompendo. A mão de Kento rapidamente toca meu ombro. — Que caralho. Conversem sobre isso no escritório, não aqui. Estou de saco cheio. Quero comer e vocês ficam tagarelando sobre um assunto que pode ser discutido outra hora. Porra.

Erwin está estático, com as sobrancelhas erguidas, olhando para mim como se eu tivesse começado a falar sobre a Segunda Guerra Mundial de uma hora para outra.

— Respeitosamente. — Acrescento.

— Você está muito estressada. — Ele comenta.

Eu me calo, dando de ombros, mas Kento se vê dando um tipo de explicação.

— Inverno. Frio. Hormônios. — Ele diz, e todos fazem "o" com a boca como se aquilo esclarecesse alguma coisa.

— Podemos fazer uma viagem, quem sabe. — Historia sugere, comendo salmão. — Algum lugar quente e animado. Que tal o Havaí?

— Não acho que estamos no momento para viagens tropicais, Historia. — Erwin responde.

— Exatamente por isso. — Finger se intromete. — Pode ser que diminua essa tensão que toma conta de vocês.

E, pela primeira vez, eu concordo com Finger. Uma viagem em família; eu, Kento, Erwin, Historia e Ymir. Para uma ilha. Já faz mais de um mês desde a morte de Natalya e Varvara, e isso pode distrair meu pai, afinal, ele sequer já pensou em descansar alguma vez na vida?

— Concordo com Finger. — Murmuro, e as palavras saem como brasa de minha boca.

— Sério? — É Kento quem pergunta.

— Sim. — Dou de ombros. — Talvez vocês dois consigam socializar melhor em um ambiente mais leve. — Eu alterno o dedo indicador entre Ymir e ele. Historia ri. — Talvez você relaxe, pelo o que eu suponho ser a primeira vez em décadas. — Aponto para meu pai com o queixo. — Talvez eu também aprenda a não pensar em cortar a garganta de Historia com uma lasca de suas xícaras de porcelana sempre que ela me chama para um chá.

— Isso me magoou. — Ela provoca.

— Não seja tão sensível, prima. — Pisco um olho.

Erwin solta um riso breve e abafado, mas logo sua atenção — assim como a de todos nós — é direcionada para Finger e seu celular vibrante. Com um "Com licença" culto, a mulher vai para o corredor da sala de jantar a atende a ligação.

Ela volta um minuto depois, com o rosto tenso.

— O que houve? — Erwin solicita.

— O doutor Monroe.

— O que tem ele? — Kento de apressa em perguntar. — Alguma coisa sobre os exames?

Finger engole em seco e diz, muito lentamente:

— Ele se suicidou.

— Meu Deus! — Historia exclama, agarrando a mão da esposa.

Eu fico perplexa por trinta segundos inteiros, então digo:

— Sim, porra. — Suspiro. — Definitivamente Havaí. Por favor.

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