Abaixou o volume do rádio e tentou olhar de soslaio na altura da cintura do passageiro uma vez, até que seus olhos se cruzaram e as sobrancelhas franzidas da tensão do cliente logo relaxaram e ele respirou fundo, encarando Seungkwan e sabendo que ele havia percebido.

Agora sim estava fodido.

Seungkwan passou muito tempo no tik tok, mas se alguma música pudesse tocar naquele momento como trilha sonora de um edit seria "She knows. She knows. And I know she knows."

A cada carro que andava e a sua vez ficava mais próxima, seu estômago revirava mais e já sentia que aconteceria uma tragédia. Se não fosse nada fatal, seria seus gases. Mas como o improvisador que sabia ser quando as coisas saem do controle, ele respirou fundo e fez um sinal para o passageiro com a mão como se dissesse "espera!" e tomou as rédeas.

Abriu o vidro da janela com a maior cara de paisagem e encarou o policial que já iluminou dentro do carro com a laterna.

ㅡ Para onde vocês estão indo? ㅡ questionou com a luz na cara do motorista e Seungkwan piscou algumas vezes antes de responder.

ㅡ Eu sou Uber e estou levando esses garotos até o hospital ㅡ mentiu e apontou para o rapaz no banco de trás ㅡ parece que ele está com uma enxaqueca horrível, entrou quase desmaiado no carro, então...

Aumentou em oito vezes a mentira e encerrou com a urgência, mostrando pressa, e o policial apontou a lanterna no rosto do garoto atrás, que logo tampou os olhos e exclamou baixinho um "ai, senhor!". Com as duas mãos no volante, Seungkwan só queria sair dali.

Entregou os documentos do carro assim como pedido e depois do guarda conferir tudo, deixou o carro passar.

O silêncio que se seguiu até o destino foi torturante. A tensão era insuportável e só depois de entrar na comunidade que o motorista se lembrou de onde conhecia o endereço. Parou na frente da casa que já tinha visto antes quando estava quase se borrando e prendeu o fôlego quando viu o homem que tinha assaltado o bar e lhe ameaçado, meses atrás.

ㅡ Espera aqui ㅡ o rapaz ao seu lado disse antes de sair.

Os dois saíram do carro sem pagar e foram direto ao encontro do homem encostado no muro com uma cara feia para o motorista. Seungkwan tentou não encarar, mas viu quando os três cochicharam um com o outro e o de camisa preta apontou para si.

Com um pé no acelerador, pronto pra sair no pinote, e a outra segurando o estômago para não acontecer um acidente melado, viu o homem mais velho vir em sua direção com a cara fechada.

ㅡ Quanto tempo, né? ㅡ perguntou, esboçando um sorriso que Seungkwan torcia para não ser o do tipo psicopata que sorri antes de matar. Sorriu fraco de volta e balançou a cabeça em concordância. ㅡ Quanto deu a corrida?

Seungkwan quase perguntou "que corrida?", já tinha perdido até o rumo de casa.

ㅡ Deu 20 ㅡ tinha dado 50, mas quem seria doido de cobrar o traficante? O homem assentiu e deu uma nota de 100, fazendo o motorista arregalar os olhos e quase negou, por educação, mas o rapaz insistiu.

ㅡ Isso é um agrado por não ter entregado nenhum de nós, duas vezes. Você faz a sua parte e a gente não te rouba, simples assim ㅡ explicou e deu duas batidinhas no teto do carro antes de levantar e ir para dentro da casa com os dois garotos.

E Seungkwan correu para casa, Toretto coreano atacando novamente, pela emergência de chegar vivo e antes de uma desgraça acontecer nas suas calças.

Hansol estava cochilando em seu sofá, esperando que o motorista chegasse bem para irem dormir na cama, mas não entendeu nada ao ver Seungkwan passando pela porta feito um furacão e dizendo:

ㅡ Eu sou do crime, Hansol, do crime!

!

!

!

Guarda: sai todo mundo do carro

Seungkwan:

Atualizar de vez em quando pra avisar que to viva e o uber favorito de vocês também (por sorte)

Boa noite 😼

UberWhere stories live. Discover now