O dia foi longo. Depois de receberem instruções do Senhor Braga quanto aos novos aposentos dentro do palácio, mãe e filha começaram a providenciar a mudança. Lia ficou atônita ao saber da novidade.
─ Quer dizer que não vamos mais ser vizinhas? Devo chamá-la de Lady Durval?
─ Vou ser sempre Alana, a sua amiga. E quero acompanhar o crescimento do pequeno André. Mas sim, vamos nos mudar.
─ Fico muito feliz por vocês. Espero que um dia André cresça para se tornar um homem muito importante na corte também. Quem sabe ele não fará parte da guarda real?
─ Quem sabe? O destino está sempre nos surpreendendo.
─ Você virá me visitar?
─ Sempre. Eu já disse, quero estar sempre perto do André e não vamos perder nossa amizade, eu prometo.
─ Acho muito difícil uma lady ser amiga de uma empregada...
─ Acredite, é possível sim.
As duas se abraçaram e mais tarde naquele dia Alana estava se instalando em um quarto tão requintado quanto o antigo quarto da rainha em Rollinston. Tinha os mesmos tons e a mesma disposição de móveis da antiga suíte da Condessa de Arlington e ela se lembrou de Bete, dançando no quarto em seu primeiro dia e se sentando na cama em um silencioso ato de rebeldia. Sua mente divagou para suas lembranças de como ela tinha ficado encantada com cada entalhe nas paredes e com o desperdício de um lugar tão lindo sem uso.
Então voltou a se concentrar no lugar em que estava agora. Olhou para a imensa cama no centro do quarto, com lençóis macios e grandes travesseiros e se sentou. Agora ela tinha um quarto tão bonito como aquele para si e ao lado, em sua própria suíte bem parecida com esta, sua mãe também devia estar pensando a mesma coisa. Talvez a mudança não fosse tão assustadora assim. Ela passou as mãos levemente pelo lençol e sorriu. Sim, talvez ela fosse capaz de enfrentar as senhoras da corte e tudo o que viesse de expectativa.
Ser uma simples criada era bom, ninguém reparava nela e podia viver em um discreto anonimato. Agora com certeza seriam apresentadas à sociedade, segundo o Senhor Braga. Teriam uma posição e quando sua mãe fosse designada a uma lady como dama de companhia, seu tempo livre seria bastante diminuído. Mas talvez ela fosse capaz de lidar com tudo isso. Afinal, sua mãe já pertencera à sociedade uma vez e ela era sua filha.
─ Alana. - A porta se abriu levemente e Carine entrou devagar. – Você está bem?
─ Sim, estou bem.
─ Animada?
Ela sorriu e se levantou. "Ansiosa, talvez seja a palavra certa."
─ Não se preocupe, vai dar tudo certo. Já enfrentamos tanta coisa juntas, e enfrentar os olhares de senhoras bem-nascidas não será nada. Esta é uma nova fase. E tenho certeza de que será maravilhosa. Olha só esse quarto, você gostou?
─ Lindo, não é? Claro que gostei! Não acredito que vamos mesmo morar dentro do palácio!
─ A vida é cheia de surpresas.
Carine abraçou a filha: "Venha, querida, o príncipe está nos chamando."
─ O príncipe?
─ Sim, ele vai nos falar sobre os bens que recebemos. Vai nos apresentar o secretário, falar sobre a renda que teremos. Você sabe, foi ele quem nos deu as terras que ganhamos.
─ É verdade.
Ela sentiu o coração acelerar enquanto acompanhava a mãe para fora do quarto. De uma forma ou de outra Henrique tinha lhe dado a vida que prometera. Mas por mais que sentisse seu peito quente de gratidão, ainda assim o que ela realmente queria não podia ter. Ela apertou os olhos tentando espantar pensamentos tão inconvenientes.
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A Lei e o destino
RomanceHá muitos anos os reinos se uniram em um concílio para determinar leis universais que mantivessem a paz e a ordem. Mas entre essas leis, uma influenciou a vida da rainha Susana no Reino de Morabe e também a vida da plebeia Alana, no reino vizinho de...