CAPÍTULO V

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Os dias em Rollinston passavam rápidos e iguais. As novas moradoras estavam agora familiarizadas com o ambiente.

As mudanças que a administração da Senhora Durval provocou, fizeram da casa um lugar mais agradável e o serviço mais eficiente. Elas não eram de muitas palavras, mas eram honestas e éticas, de forma que a criadagem demorou para aceitá-las e se afeiçoarem, mas no fim isso acabou acontecendo.

Ao terminar todo o serviço do dia, antes do pôr do sol, Alana gostava de ir para o jardim e fazer uma caminhada em meio às flores. O jardim ficava à vista da biblioteca onde Henrique trabalhava e ele pontualmente estava lá para observá-la todos os dias. Começou a ficar claro para ele, enquanto o tempo passava, que essa obsessão não iria deixá-lo. Ele nunca conseguiu ser bem-sucedido na tarefa de ignorar a filha da governanta ou expulsá-la de seus pensamentos.

Sua vida social tinha sido retomada conforme o conselho de Lucas, mas inesperadamente, em algum momento ele se flagrava pensando em voltar para casa.

Henrique chamou a governanta e informou sua intenção de colocar Alana à frente da reforma que pretendia fazer na Suíte principal. Ele achava que estava na hora de se mudar para lá e quem melhor para ficar encarregada de redecorar o quarto do que ela?

A governanta recebeu a notícia sem fazer nenhum comentário e pouco depois ele percebeu a movimentação na Ala Leste do Castelo. Alana tinha mobilizado praticamente todos os seus cavalariços e criados para remover móveis, colocar escadas, lixar paredes e pintá-las e mais uma infinidade de coisas que ele não imaginava possíveis dentro de um castelo.

O caos começou a reinar e ele chegou a pensar se não tinha se equivocado ao dar essa ordem. Mas felizmente em pouco tempo a beleza começou a substituir a bagunça e os vestígios da antiga condessa desapareceram dando lugar a um ambiente surpreendentemente masculino e sofisticado.

Ele começou a visitar o recinto todos os dias, dando palpites e elogios enquanto Alana e a mãe, que supervisionava tudo, acatavam suas observações.

Alana estava sozinha no quarto, terminando de ajeitar as novas cortinas escuras e procurava um canto ideal para uma cômoda e uma banqueta.

─ Parece outro quarto com essa parede em madeira. - Ele disse, enquanto entrava. - Quantos carpinteiros eu contratei?

─ O senhor concordou em substituir o papel de parede pela madeira. Eu acredito que foram necessários dois carpinteiros trabalhando todos os dias para cobrir todo o aposento.

─ Sim, eu concordei. E não me arrependo. O resultado final ficou exatamente como você descreveu, Alana. E eu nunca tinha reparado como a vista das janelas deste quarto era incrível. Veja. Daqui vemos o jardim e ali está o riacho...

Ela seguiu com o olhar para onde ele contemplava da janela e corou. A vista do quarto era exatamente o local onde ele a tinha encontrado naquele dia de tempestade. Ele também parecia se recordar e olhou para ela significativamente sem acrescentar nenhum comentário por um longo minuto. Ambos lado a lado, conscientes da memória compartilhada. Enfim, ele voltou a olhar para fora e apontou.

─ Daqui é possível ver toda a extensão do terreno. Está vendo aquela clareira depois da ponte? - Ela confirmou. - Ali fica a aldeia. Lembro quando meu pai me levou até lá pela primeira vez, para eu acompanhar o pagamento dos arrendamentos dos vassalos e os pedidos eventuais de alguns. Meu pai me ensinava sem eu perceber!

Alana ouviu calada enquanto ele falava. Parecia absorto em seus pensamentos. Ela não fazia ideia do que podia ter levado o conde a se abrir dessa forma com ela, mas respondeu:

─ Eu já estive na aldeia. É um lugar muito alegre. A maioria dos criados do castelo vem da aldeia.

─ Sim, e são boas pessoas. Todas as pessoas do condado estão há muitos anos aqui e conheço todas as famílias. É como uma pequena comunidade e por muitos anos eu cresci acreditando que era minha única função cuidar e proteger essa comunidade. Mas agora sei que há muito mais coisas que são esperadas de mim e os assuntos do rei exigem mais do meu tempo. Me sinto em dívida com eles.

A Lei e o destinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora