A Lei e o destino

Capítulo XI

      ─ Seja bem-vindo, Henrique. – O rei o recebeu efusivamente. Parecia estar até mais jovem, depois de tirado o peso do medo e expectativa do julgamento.

─ Majestade. – O duque postou-se com um dos joelhos no chão, a cabeça abaixada em reverência. – Sou eternamente grato pela consideração que me teve. Não tenho palavras para expressar minha surpresa e honra.

─ Pare com isso, meu filho. – O rei foi ao seu encontro e pessoalmente ergueu-o de sua posição. Venha cá.

Henrique levantou-se incrédulo enquanto recebia um abraço do rei sob o olhar satisfeito da rainha. Ela também veio ao seu encontro para recebê-lo calorosamente.

─ Estamos muito felizes com a sua presença aqui, Henrique. Agora somos uma família.

Henrique ainda estava boquiaberto e emudecido. Não esperava esse tipo de recepção.

─ Como vou legitimá-lo meu herdeiro, quero que aceite meu pedido de me considerar oficialmente não seu padrasto, mas seu pai, Henrique. Sei que nunca irá me ver desta forma, mas a partir de hoje, e pela lei muito em breve, você será meu filho e herdeiro e estou tão feliz! Não sabe quanto tempo esperei por este momento! Por favor, considere meu pedido. Quero te ensinar tudo sobre o reino, quero que você seja meu embaixador em todos os reinos que puder respondendo por mim nos assuntos de Estado nas fronteiras.

─ Majestade, fico lisonjeado, mas é muita informação de uma vez só...

─ Me perdoe, estou entusiasmado. Odete, fale com quem precisar para instalá-lo adequadamente e logo mais conversaremos novamente. Temos muito tempo, espero que você se adapte bem aqui.

─ Obrigado. Espero que compreenda que uma semana foi muito pouco tempo para me acostumar com a ideia de mudar completamente de vida, mudar meu cargo, deixar minha casa, enfim, tudo ainda é muita novidade.

─ Claro, claro. Vamos dar tempo ao tempo. Fique à vontade esses dias, Henrique. Você está acostumado a viver sozinho, tem sua rotina, eu compreendo. Não haverá nada de novo por aqui nos próximos dias, nada que você já não esteja acostumado. Em alguns dias vamos começar a conversar sobre seu cargo. Me desculpe se me empolguei.

─ Está tudo bem, Luiz. – Interveio a rainha. - Eu sei como você estava ansioso pela chegada de Henrique e por finalmente dizer ao mundo que tem um herdeiro. Por enquanto vamos nos contentar em fazer ele se sentir em casa, certo? Venha, meu filho, vou te levar aos seus aposentos. Fica na ala leste do castelo. Eu mesma escolhi tudo. Você vai ser muito feliz aqui, tenho certeza. Eu sei que eu sou.

Ele acompanhou a mãe obedientemente. Desde que chegou e se separou das duas criadas percebeu finalmente a realidade do que o esperava. As expectativas sobre ele eram altas e suas ações seriam milimetricamente analisadas, com toda certeza. Observara enquanto Alana e a mãe eram levadas por um dos responsáveis pelo serviço no castelo para serem informadas do trabalho. Alana tinha razão. As coisas nunca mais seriam as mesmas.

Depois de serem recebidas pelo Senhor Braga, o mordomo do palácio e encarregado dos assuntos do serviço real, Carine e a filha foram levadas à presença da rainha. Ela se mostrou entusiasmada em recebê-las e disse estar ansiosa por ver sua suíte reformada, mas que isso teria que ser adiado para daqui a um mês. Por hora, elas seriam responsáveis pela organização da decoração do palácio para a festa de nomeação do príncipe herdeiro e ela contava com um trabalho impecável.

Elas foram então apresentadas à criadagem como as novas encarregadas dos assuntos de organização de interiores e tinham um cargo de liderança na equipe. Era um avanço e um salto na carreira, obviamente. Alana ficou aliviada por seus temores de ter um cargo temporário serem infundados. O palácio estava sempre recebendo e dando festas, o que requeria o trabalho de um decorador permanente. Ambas estavam felizes com isso.