Capítulo VIII

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O Duque estava com a mão estendida, sorrindo. Ela sorriu também, mas não respondeu, apenas estendeu a sua de volta. Ignorava como aquele sorriso era encantador. Deixou-se conduzir até o centro do salão onde outros pares dançavam. Ouviu o som da música. Era conhecida, sua valsa preferida. A valsa com que aprendera a dançar, acompanhada de Timóteo, um dos criados do barão, entre passos cambaleantes. Agora, no entanto, eles eram firmes e os braços que a conduziam não eram de um adolescente divertido, mas do homem sério que era o senhor do castelo onde trabalhava.

─ Você dança muito bem, falou ele, como se adivinhasse seus pensamentos. Disse que tinha esquecido, mas não é verdade.

─ Obrigada, milorde.

─ Poderia me chamar de Henrique a esta altura, não acha?

Ela não respondeu e ficaram em silêncio até que ele falou:

─ Foi sua mãe quem te ensinou a dançar?

─ Sim, com a ajuda de um cavalariço do barão, também. Era um divertimento nas nossas horas vagas.

─ Ela não parece uma governanta comum, tem muitos conhecimentos.

─ Ah, mamãe já frequentou os círculos sociais quando meu pai era vivo, mas ela nunca me contou muito a esse respeito.

─ Seu pai era um cavalheiro?

─ Mamãe não fala sobre isso.

─ Você não sabe quem foi seu pai?

─ Não sei muito. Só que quando eu tinha dois anos ele adoeceu muito, talvez por saber que estava falido. Quando morreu não restou nada.

─ Uma triste história. - Ele a encarou ternamente e ela sustentou o olhar. - Sinto muito, ele acrescentou finalmente.

─ Minha mãe é quem sofreu a maior parte, eu era muito nova; esta é a única vida que conheci. Para ela acredito que foi muito duro, perder tudo e batalhar sozinha para me criar.

─ Sem dúvida. Ela é uma mulher admirável. E fez um excelente trabalho com você.

Ela deu um sorriso discreto e baixou o olhar. Ele acompanhou o movimento e reparou no pingente que ela usava.

─ Quando te vi chegar e vi esse colar me perguntei se era o que eu te dei... vejo que é ele mesmo. Você está linda essa noite, Alana.

Alana sorriu e voltou a baixar o olhar agradecendo. A música chegou ao fim. Todos aplaudiram e quando uma nova música começou, o duque foi chamado pelo Visconde de Muniz, que se aproximou sorrindo:

─ Se incomoda de me ceder sua companheira para a próxima música?

Ele estendeu o braço e Alana recebeu seu novo par com timidez. Ela ainda se lembrava da conversa dos dois e seu rosto ficou vermelho com a recordação.

Henrique não deu dois passos quando viu Elizabeth empertigada à sua frente, encarando-o em expectativa. Ele suspirou e estendeu a mão em interrogação para ser seu par.

Ela o aceitou sorridente e ambos foram para o meio do salão rodopiando em harmonia. Elizabeth disfarçava muito bem a contrariedade. Desde que chegara sabia que era a convidada de honra, tinha cavalgado com o duque conforme prometido e ele a tratava com a deferência de sempre, mas ela não era boba. Tinha desprezado a novidade dessa criada introduzida no círculo com uma explicação tão absurda, mas o Duque convidou essa moça para a primeira dança. Isso ela não podia aceitar. Foi a segunda opção, e ele a negligenciava em detrimento de uma empregadinha? Como isso era possível? Elizabeth se recusava a ter ciúmes de uma pessoa desse nível, mas não podia ignorar os alarmes em sua mente. O diálogo entre eles se mantinha distante e ela raciocinava tudo isso incrédula.

A Lei e o destinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora