O Duque estava com a mão estendida, sorrindo. Ela sorriu também, mas não respondeu, apenas estendeu a sua de volta. Ignorava como aquele sorriso era encantador. Deixou-se conduzir até o centro do salão onde outros pares dançavam. Ouviu o som da música. Era conhecida, sua valsa preferida. A valsa com que aprendera a dançar, acompanhada de Timóteo, um dos criados do barão, entre passos cambaleantes. Agora, no entanto, eles eram firmes e os braços que a conduziam não eram de um adolescente divertido, mas do homem sério que era o senhor do castelo onde trabalhava.
─ Você dança muito bem, falou ele, como se adivinhasse seus pensamentos. Disse que tinha esquecido, mas não é verdade.
─ Obrigada, milorde.
─ Poderia me chamar de Henrique a esta altura, não acha?
Ela não respondeu e ficaram em silêncio até que ele falou:
─ Foi sua mãe quem te ensinou a dançar?
─ Sim, com a ajuda de um cavalariço do barão, também. Era um divertimento nas nossas horas vagas.
─ Ela não parece uma governanta comum, tem muitos conhecimentos.
─ Ah, mamãe já frequentou os círculos sociais quando meu pai era vivo, mas ela nunca me contou muito a esse respeito.
─ Seu pai era um cavalheiro?
─ Mamãe não fala sobre isso.
─ Você não sabe quem foi seu pai?
─ Não sei muito. Só que quando eu tinha dois anos ele adoeceu muito, talvez por saber que estava falido. Quando morreu não restou nada.
─ Uma triste história. - Ele a encarou ternamente e ela sustentou o olhar. - Sinto muito, ele acrescentou finalmente.
─ Minha mãe é quem sofreu a maior parte, eu era muito nova; esta é a única vida que conheci. Para ela acredito que foi muito duro, perder tudo e batalhar sozinha para me criar.
─ Sem dúvida. Ela é uma mulher admirável. E fez um excelente trabalho com você.
Ela deu um sorriso discreto e baixou o olhar. Ele acompanhou o movimento e reparou no pingente que ela usava.
─ Quando te vi chegar e vi esse colar me perguntei se era o que eu te dei... vejo que é ele mesmo. Você está linda essa noite, Alana.
Alana sorriu e voltou a baixar o olhar agradecendo. A música chegou ao fim. Todos aplaudiram e quando uma nova música começou, o duque foi chamado pelo Visconde de Muniz, que se aproximou sorrindo:
─ Se incomoda de me ceder sua companheira para a próxima música?
Ele estendeu o braço e Alana recebeu seu novo par com timidez. Ela ainda se lembrava da conversa dos dois e seu rosto ficou vermelho com a recordação.
Henrique não deu dois passos quando viu Elizabeth empertigada à sua frente, encarando-o em expectativa. Ele suspirou e estendeu a mão em interrogação para ser seu par.
Ela o aceitou sorridente e ambos foram para o meio do salão rodopiando em harmonia. Elizabeth disfarçava muito bem a contrariedade. Desde que chegara sabia que era a convidada de honra, tinha cavalgado com o duque conforme prometido e ele a tratava com a deferência de sempre, mas ela não era boba. Tinha desprezado a novidade dessa criada introduzida no círculo com uma explicação tão absurda, mas o Duque convidou essa moça para a primeira dança. Isso ela não podia aceitar. Foi a segunda opção, e ele a negligenciava em detrimento de uma empregadinha? Como isso era possível? Elizabeth se recusava a ter ciúmes de uma pessoa desse nível, mas não podia ignorar os alarmes em sua mente. O diálogo entre eles se mantinha distante e ela raciocinava tudo isso incrédula.
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A Lei e o destino
RomanceHá muitos anos os reinos se uniram em um concílio para determinar leis universais que mantivessem a paz e a ordem. Mas entre essas leis, uma influenciou a vida da rainha Susana no Reino de Morabe e também a vida da plebeia Alana, no reino vizinho de...