Capítulo XXVII

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─ Veja, Alana, Sília!

Carine cutucou a filha, que ressonava ao seu lado. Ela abriu os olhos, meio tonta e olhou para onde sua mãe apontava. A cidade aparecia no horizonte e ela ficou deslumbrada. As torres dos palacetes despontavam junto com as árvores de copas cheias. Tadeu parecia ansioso em chegar, pois chicoteou os cavalos com mais força, fazendo-os acelerar e em pouco tempo a charrete estava adentrando o arco que indicava o início da cidade.

Elas não tiravam os olhos da janela, absorvendo tudo o que viam, porque era tudo novidade e diferente. Enquanto a capital de Salicea parecia uma grande aldeia, Sília era arborizada, com ruas limpas e grandes palacetes rodeados por jardins bem cuidados. As ruas pareciam se expandir a perder de vista e pouco depois de passarem pela entrada da cidade havia uma praça, quase um parque, bem arborizada com pássaros nas árvores e pombos no chão. Havia um belo chafariz no meio, cuja água caía de um jarro esculpido em uma estátua de uma jovem camponesa. Mães passeavam com seus filhos e damas e cavalheiros conversavam, enquanto andavam pelo parque. As carruagens rodavam nas ruas e pessoas desciam e subiam delas, algumas com pacotes de compras nas mãos. Era uma cidade muito grande, com pessoas ocupadas andando pra lá e pra cá.

Eles passaram por um lugar que parecia ser separado para feiras, com vendedores expondo seus produtos, frutas apetitosas espalhadas por barracas e cestos, carnes, artesanatos e tecidos. Alana se lembrou de Porto Velho, quando elas foram a uma feira semelhante, cheia de produtos de todos os lugares. Aqui a feira não perdia em nada para a de Porto Velho, mas elas não estavam em uma cidade litorânea, o que era admirável.

Depois de um tempo, despontou lá na frente, no alto de uma colina uma construção que se destacava das demais. Era um belo castelo, com altas torres e paredes de pedra. Rodeado por um belo jardim e com uma arquitetura que saltava aos olhos, não deixava espaço para dúvidas. Era o palácio real.

─ Nossa, é incrível!

Ela olhou para o lado e Carine tinha lágrimas nos olhos. "Mãe?"

Carine limpou as lágrimas rapidamente. "Eu ..."

─ Me perdoe, mamãe, não tenho o direito de questionar sua emoção. Pode ser que fiquemos aqui para sempre e eu sei que pensar na possibilidade de recomeçar em uma cidade estranha é aterrorizante.

Carine não respondeu. Antes que ela abrisse a boca, o cocheiro avisou que o endereço que o capitão deu era aquele, então deviam se preparar para descer. Logo ele parou e desceu, ordenando que esperassem na charrete. Ele chamou e alguém veio atender, os dois ficando um tempo conversando. Ele mostrou um papel, que era uma carta enviada pelo capitão. A pessoa levou o bilhete para dentro e voltou, sinalizando positivamente. Então, Tadeu voltou para junto delas. "Podem descer. Esta casa pertence à Senhora Elaine Mach, prima do capitão. Ela é viúva e discreta e vai recebê-las até o capitão resolver o problema de vocês. Podem ir entrando enquanto eu descarrego sua bagagem."

A dona da casa era uma senhora muito gentil, que as recebeu educadamente. Elas foram instaladas em um quarto de hóspede e pouco depois convidadas para um chá. Enquanto se sentavam, Carine perguntou pelo cocheiro.

─ Ele está cuidando dos cavalos, mas avisou que fará a viagem de volta amanhã mesmo.

─ Gostaria de falar com ele antes disso.

─ Fique à vontade. Assim que terminarmos aqui eu mandarei chama-lo.

─ Muito obrigada pela sua hospitalidade, Senhora Mach. Estamos em dívida com a senhora, pois é um favor maior do que a senhora pensa.

─ Não tem nenhum problema. Sou uma mulher solitária, então é sempre bom ter companhia. Além do mais, eu nunca recusaria um pedido do primo mais querido de meu falecido marido.

A Lei e o destinoWhere stories live. Discover now