Capítulo IV

130 5 3
                                    


Carine e a filha entraram na cozinha para se apresentar formalmente e Maria as tranquilizou avisando que o Conde já tinha informado todo mundo sobre a nova governanta.

O mordomo, o Senhor Castro, tomou a dianteira para fazer as apresentações:

─ Senhores, a Senhora Durval será a nova governanta, como vocês já sabem e esta é sua filha, como é mesmo seu nome?

─ Alana.

─ Isso.

Carine adiantou-se e cumprimentou todos:

─Minha filha e eu estamos animadas para trabalhar com vocês e temos certeza de que será uma experiência incrível.

Na cozinha, havia três mulheres ocupadas e concentradas em providenciar o café da manhã.

─Senhora Durval, esta é a senhora Dalva Nunes, a cozinheira, e suas ajudantes Nell e Katy.

Uma mulher pequena, de bochechas grandes e rosadas pelo contato constante com o calor, um olhar sorridente e avental surrado as cumprimentou, acompanhada das duas moças de cerca de vinte anos que combinavam com a chefe em pele úmida e rosto vermelho. Elas estavam ocupadas enrolando uma massa e continuaram o que estavam fazendo, parando apenas para acenar com a cabeça para as recém-chegadas.

─ Senhoras. - Cumprimentou a cozinheira. Sejam bem-vindas a Rollinston. A senhora é viúva?

Carine foi surpreendida pela indiscrição da senhora grisalha, rechonchuda e sorridente que esperava a resposta como se tivesse perguntado as horas.

─ Sim, senhora Nunes. - Respondeu ela afinal, sem graça.

─ É muito bonita e jovem para ter uma filha tão moça, continuou a cozinheira enquanto colocava uma forma de pão no forno. E virando-se para Alana: Você cozinha, meu bem? Vai me ajudar aqui ou servir à mesa?

─ Faço de tudo um pouco, senhora - respondeu Alana olhando em volta, encantada com a quantidade de comida e o tamanho da cozinha.

─ Que bom! Aquela é Malvina, a copeira - apontou a Senhora Nunes para uma mulher de cabelos vermelhos desbotados com uma testa franzida parada à porta. Pode trabalhar com ela a maior parte do tempo, se a senhora sua mãe achar conveniente, é claro. Eu já tenho Nell e Katy e geralmente só preciso de ajuda extra para ajudar com os molhos e para picar os legumes quando o Conde recebe.

Carine cumprimentou a todas as mulheres presentes, elogiou o trabalho de todas e pediu licença para conhecer os demais aposentos e empregados do castelo.

As apresentações não demoraram mais do que meia hora. Antes do café da manhã ser servido, ambas já estavam ocupadas em suas devidas funções. Ainda de manhã alguns ajustes nos serviços já foram feitos para surpresa geral.

Ao descer para o café da manhã, Henrique não deixou de reparar na mudança da criada que o servia. Sim, era Alana, vestida com o uniforme familiar, que estava ao seu lado servindo as torradas e ovos cozidos e ele pensou que ansiaria pelas manhãs todos os dias, já que quem o servia durante as refeições da tarde e noite eram os valetes.

Ele pensou com gratidão na mãe ao lembrar que foi ela quem insistiu para ser servida por uma criada pelo menos de manhã. Era costume apenas os valetes, Silas ou Tomaz, servirem à mesa. As criadas mulheres quase não eram vistas, sempre flutuando de um ambiente ao outro calculadamente nas horas de ausência dos moradores, limpando lareiras, espanando móveis e arrumando as camas.

A nova rotina no castelo de Rollinston sob novo comando agora era estrita e rígida. Tudo tinha seu lugar e hora, os móveis deviam ser impecavelmente limpos e as cortinas mantidas abertas durante o dia. Agora havia arranjos lindos de flores em todo lugar e Alana não tinha desistido de fazer mudanças na decoração.

A Lei e o destinoWhere stories live. Discover now