Capítulo XXI

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                ─Beba este copo d'água, Alana, vai te acalmar.

Ela obedeceu automaticamente, os olhos vermelhos e ainda úmidos. Estava na segurança de seus aposentos e ainda sentia o rosto e o corpo queimar de vergonha e desespero.

─ Com certeza a princesa ouviu nossa conversa ontem, Emma, porque eu sei que foi ela quem contou. Eu vi como ela me olhou, estava escrito no rosto dela!

─ A culpa foi minha, me desculpe, Alana. Eu não pensei nos abutres que rondam esse lugar! Mas eu vou agora mesmo falar com Henrique e explicar tudo.

─ Por favor, não faça isso. Eu não quero piorar tudo.

─ Você vai deixar as coisas como estão? Não pode fazer isso!

Ela suspirou. "Não. Claro que não. Mas fui o alvo da atenção de todos. Todos me ouviram chamando-o pelo primeiro nome e você viu como ele me respondeu. É um escândalo! Não posso procurar por ele agora e arriscar piorar mais a situação! Na verdade, eu acho que agora sim devo ir embora daqui o quanto antes."

Emma ficou pensativa. Pegou a jarra de água com que tinha servido o copo de Alana e encheu um copo para si.

─ Tem razão. Com certeza se você já era o assunto do dia hoje, amanhã será o principal, e não num bom sentido.

As duas se olharam numa concordância muda e ficaram assim, por um tempo.

─ Mas isso não vai ficar assim.

Emma sussurrou para si mesma enquanto colocava o copo vazio na mesa.

Pouco tempo depois Carine procurava pela filha para cobrar explicações sobre o burburinho no salão sobre a discussão dela com o príncipe. O que ela poderia ter feito para desagradá-lo e como ela foi capaz? Alana teve muita dificuldade em explicar para a mãe o inexplicável. No fim ela conseguiu milagrosamente convencê-la que o príncipe soube da proposta do capitão e que ele não concordava com o casamento. Não foi difícil para Carine acreditar que a razão era o fato dele não concordar com uma união tão desigual e quando Alana pediu para elas irem embora do palácio o mais cedo possível, concordou com alegria. Estava farta da corte e assim que teve a feliz notícia de ter se tornado uma dama, Carine vinha sonhando em se mudar para sua nova propriedade, nem que fosse um barraco.

Os preparativos para a mudança levaram um tempo. Era preciso conversar com a rainha sobre sua decisão e também providenciar transporte e pelo menos uma criada. Alana foi até a casa de Lia.

─ Trabalhar para a senhora?

─ Sim, Lia, o que você acha? Vamos precisar de alguém para nos ajudar no chalé e achei que seria bom, assim não nos separamos e eu posso ver o pequeno André crescer. Com certeza o trabalho será mais fácil do que aqui no palácio e você terá mais tempo para cuidar do bebê. Minha mãe vai precisar comprar uma carruagem e seu marido pode cuidar dos cavalos e ser o motorista.

Lia abriu um sorriso enorme e concordou. "Será uma honra e um prazer, Lady Durval! Quando partimos?"

Alana abraçou a amiga com carinho. Agora só precisava ir ver as condições da casa antes de finalmente se mudar. Enquanto voltava para a ala nobre do palácio, sentia os olhares das pessoas. Ser o alvo de desprezo não era novidade para ela, mas a única coisa que lhe vinha à cabeça enquanto passava pelas pessoas era aqueles poucos segundos antes de Henriquesair do salão sem nem olhar para ela.

A Lei e o destinoWhere stories live. Discover now