Capítulo XVII

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Foi preciso esperar um bom tempo para conseguir falar com o capitão da guarda real. Aparentemente ele não estava por perto e foi necessário insistir para que os soldados finalmente decidissem procurar por ele e avisar que ela o aguardava. Finalmente, ele apareceu, vestindo o uniforme usual e ladeado por seus homens. Toda aquela formalidade e seriedade intimidaram Alana um pouco, mas ela se manteve firme e decidida.

Ao se aproximar dela, porém, toda a imponência do cargo e importância sumiram de Gustavo e ele sorriu. Um sorriso íntimo e empolgado.

─ Que surpresa agradável! Não sabe como me alegrou saber que queria falar comigo, Senhorita Durval. Eu estava mesmo procurando oportunidade para te encontrar.

─ Sir Mach, vim porque tenho um assunto urgente a tratar.

Ele a observou por um momento, ainda com o olhar acolhedor e empolgado. Então fechou um pouco o semblante e disse: "Vamos para um lugar mais privado."

Ele tocou em suas costas levemente e a conduziu a uma sala pequena onde se sentou e indicou uma poltrona para que ela fizesse o mesmo.

─ Espero que você e sua mãe estejam bem. A rainha se agradou do quadro?

─ Sim, ela ficou muito satisfeita. Minha mãe disse que ela esteve visitando as obras hoje e comentou sobre o quadro, disse que gostou muito.

─ Que bom. E você conseguiu esconder o defeito?

─ Consegui. Ninguém suspeita que foi rasgado. – Eles sorriram, cúmplices.

Alana se remexeu na poltrona, desconfortável de repente. Gustavo a encarava insistentemente, sorrindo com os olhos.

─ Não quero tomar seu tempo, me perdoe por ter insistido em te chamar, mas tenho uma notícia importante e só consegui pensar no senhor. Não confio em mais ninguém.

─ Mesmo? Estou honrado.

Ele também se remexeu na cadeira. "É uma evolução e tanto, para quem me queria longe e não aceitava receber minhas ordens."

Ela mordeu os lábios, envergonhada, de repente.

─ Sim, realmente devo admitir que fui orgulhosa. O senhor provou ser um homem nobre e confiável.

─ Fico feliz em saber disso. Eu também estava errado sobre você. É muito mais determinada e independente do que eu imaginava. Você me surpreendeu, senhorita Durval, com sua coragem e mesmo sua petulância em me enfrentar. Gosto disso, mas não conte pra ninguém.

Ela deu um sorriso discreto.

─ Desde que chegamos não tivemos oportunidade de nos encontrar, ele continuou, e durante a viagem não tive chance de lhe falar a sós. Venho guardando isso para te dar faz um tempo.

Ele tirou um objeto do bolso e entregou para ela. Alana recebeu relutante, um lenço branco que cobria um objeto fino e duro. Ela abriu o lenço e então deu um grande sorriso. Era o pente revestido de madrepérola pelo qual ela se encantou na feira em Porto Velho. Ele tinha reparado!

─ Por favor, me permita.

Ele pegou o pente de suas mãos e, cuidadosamente, encaixou-o nas mechas de seu cabelo. "Lembro bem do vendedor dizendo que você tinha o cabelo mais lindo que ele já viu. Concordo plenamente com ele. - Gustavo dizia isso enquanto desprendia as mechas para que o enfeite se destacasse de um lado e as ondas caíssem como cascatas douradas do outro. – Você tem o cabelo mais lindo que já vi, mas ainda assim é apenas uma bela moldura para a verdadeira obra de arte. "

E então ele olhou em seus olhos, sério.

Alana enrubesceu tanto que precisou desviar os olhos e até mesmo o rosto. O que estava acontecendo? Ela foi até ali para ajudar Henrique e de repente o capitão a recebia com presentes e elogios?

A Lei e o destinoWhere stories live. Discover now