Capítulo XXX

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─ Com licença, alteza.

─ Pois não?

─ A rainha mandou convidá-lo para um almoço privado em seus aposentos.

─ Certo, mas já está na hora do almoço.

─ Ela já está esperando pelo senhor, alteza.

─ Hummm...

Henrique resmungou e se levantou. Na verdade, ele estava faminto, mas o motivo do almoço não o empolgava nenhum pouco. De fato, assim que chegou, foi recebido com perguntas sobre o casamento.

─ Meu querido! Há quanto tempo não almoçamos só nós dois, não é mesmo?

─ Verdade.

─ Vamos, sirva-se. Mandei preparar seus pratos preferidos. Já tem alguns dias que venho querendo ter essa conversa privada com você. Como vão as expectativas para o casamento? Você e Elizabeth têm se visto com frequência? Vocês já têm planos para o início da família?

Odete não chegou a esperar que ele desse a primeira mordida na coxa de galinha assada que parecia tão apetitosa. Bombardeou-o de perguntas, ansiosa. Ele se esquivou:

─ Sabe que é a primeira vez que venho a este apartamento? Está diferente dos demais. Eu soube que foi reformado.

─ Sim, ficou ótimo, não é mesmo? Aquelas duas decoradoras faziam um trabalho incrível. Uma pena que viraram damas, estão fazendo muita falta na organização do seu casamento. Eu estou tendo muita dificuldade e Elizabeth é tão exigente, parece que nada a agrada...

─ Elas fazem muita falta, realmente...

Ele olhou em volta, conseguia ver o toque de Alana em cada detalhe, sua personalidade discretamente aparecendo no bom gosto e no estilo, parecido com o que fez em Rollinston. Ela tinha o dom de deixar tudo elegante, sofisticado e ao mesmo tempo tão aconchegante! Sentia falta do bem-estar que sentia quando chegava em casa e pensou em como seria bom viver em um lugar que ela transformasse em um lar...

─ Você sabe delas? Quero convidá-las para o casamento, e talvez quem sabe pedir uma dica ou outra, mas me informaram que elas não estão na propriedade que receberam.

─ Não, eu não sei do paradeiro delas...

Ele continuou absorto, o olhar vazio, fixo na lareira, mas o pensamento voando em outro lugar. Ele não tinha mais esperança de revê-las. As tropas enviadas para o endereço que Sir Mach deu voltaram de mãos vazias. Aparentemente elas foram embora de lá no mesmo dia e não deixaram informação nenhuma de para onde iriam ou se voltariam. Pelo visto esperavam o pior do capitão e ele não as culpava.

Quando soube, ficou arrasado. Ele sabia que não havia esperanças para ele e Alana; nunca houve, mas gostava de saber que ela estava lá. Ficava remoendo a culpa por ter aceitado se casar depois de um acesso de ciúmes e agora seu futuro estava traçado, não tinha como voltar atrás.

─ Bom, o convite foi enviado para elas, mesmo assim. Se voltarem a tempo, tenho certeza de que farão questão de te prestigiar. Eu sei o quanto vocês eram próximos. Eu mesma as aprecio muito, fiquei feliz quando o rei concedeu o título de damas para elas. Mas enfim, não foi para isso que te chamei aqui. O que me diz? Já decidiu se vocês vão viver aqui na corte mesmo? Como vão seus planos?

─ Na verdade, mãe, ele suspirou, não fiz plano nenhum ainda.

─ Como assim, meu filho? Eu te dei dois meses inteiros para se organizar, conversar com sua noiva, o que andou fazendo esse tempo todo? Faltam só dois dias para o casamento!

A Lei e o destinoWhere stories live. Discover now