Capítulo VII

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As paredes têm ouvidos num castelo como Rollinston e o segredo de Alana e Lady Sanchez não durou muito. Malvina, de ouvidos atentos durante o piquenique ouviu a história sendo contada pela baronesa sobre como seu novo vestido combinava com o colar que nunca teve chance de usar.
Ela tinha certeza porque uma criada chamada Alana a ajudou a visualizar fazendo o favor de experimentar os dois para ela.

Malvina deixou escapar um suspiro de susto e correu para contar para a governanta. Ela não tinha nada contra Alana, na verdade, simplesmente não conseguia ficar de boca fechada ao saber certas coisas e achou que era uma boa oportunidade para ver se a governanta favoreceria sua filha numa situação tão grave.

Carine recebeu a notícia com tanto alarme e susto que precisou se sentar. Não teve tempo, porém de ir atrás da filha para tomar qualquer atitude porque logo ouviu o barulho da comitiva dos homens chegando da caça. Em instantes viu o patrão aparecer no andar dos criados chamando por ela. Seu coração acelerou e ela o atendeu o mais calmamente possível.

Malvina ainda estava perto quando tudo aconteceu e aproveitou para se manter perto o suficiente para ver o desenrolar da história. Será que a mãe delataria a filha? Ela começou a se arrepender de ter contado tudo caindo em si na gravidade do ato que cometera. A governanta era uma mulher honesta, é claro que ela faria o que era certo; e Malvina começou a temer pelo pior. Ela na verdade não queria ver Alana sendo despedida.

─ Pois não, milorde.

─ Senhora Durval, gostaria de falar com a senhora sobre sua filha.

─ Minha filha? Senhor, eu sinto muito. Realmente, não há explicação para o comportamento dela, eu compreendo perfeitamente se for seu desejo despedi-la.

─ Despedi-la?

─ Sim, por causa do episódio com Lady Sanchez. Acabou de chegar ao meu conhecimento, senhor.

─ Ora, sim, eu soube disso, mas não precisa se preocupar com coisa tão banal. São assuntos de mulheres e se Lady Sanchez tomou essa liberdade quem sou eu para julgar sua filha, ela estava simplesmente obedecendo uma senhora. Não se preocupe com isso. Não, eu queria falar sobre o trabalho dela com a reforma do castelo, que contribuiu para eu poder dar esta recepção. Sem a ajuda de sua filha receio que não teria tido ânimo para convidar ninguém para vir a Rollinston tão cedo. Estava muito sombrio e frio antes aqui.

─ Não estou compreendendo, senhor.

Nem Carine nem Malvina que ouvia tudo, na verdade. A conversa estava tomando um rumo inesperado.

─ O que estou querendo dizer, senhora Durval, é que eu gostaria de recompensar os esforços da senhora e de sua filha e convidá-las para o baile de hoje à noite como convidadas especiais.

─ Me perdoe, milorde, eu estou ouvindo direito? - A voz do Senhor Castro, o mordomo, surgiu do corredor e ele apareceu com a testa franzida em interrogação.

─ Ele tem razão. O senhor não pode nos convidar para a sua recepção. É inaceitável para a sociedade, disse Carine. E além disso meu trabalho durante a festa é indispensável.

─ Mas é claro que posso. Ninguém pode questionar o anfitrião e convido quem eu quiser. Se a senhora é indispensável eu entendo, senhora Durval, mas pelo menos autorize sua filha a aceitar minha oferta. Eu insisto.

Carine permaneceu calada e incerta. Henrique se apressou a aceitar seu silêncio como uma confirmação e lhe estendeu uma valise que carregava.

─ Agora, leve esta mala para Alana e avise que aguardo por ela esta noite.

A Lei e o destinoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant