Capítulo XXIV

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               Rollinston continuava igual, mas Maria, agora governanta estava bem diferente. Sua postura e roupas mudaram e ela já não ficava na cozinha. Parecia mais refinada e o rosto estava mais fino, com os cabelos despontando fios grisalhos.

─ Maria, atenda a porta, por favor. – O senhor Castro, como sempre, estava muito ocupado com algum afazer misterioso para se dar ao trabalho de abrir a pesada porta da frente.

Quando Maria viu quem estava à sua frente, arregalou os olhos e abriu um sorriso.

─ Senhora Durval, Senhorita que surpresa! Achei que nunca mais veria vocês.

─ Olá, Maria.

Ela estendeu o olhar para o homem postado atrás das duas, sério, em seu uniforme de cocheiro. Era o cocheiro que o capitão mandou, que fez questão de ir com elas, talvez para se certificar de que estariam à sua vista sempre, por ordens do capitão.

─ Não se preocupe com ele, está nos escoltando até o nosso destino, a viscondessa está?

─ Não, ela saiu, mas volta logo, entrem.

Carine fez um sinal para o cocheiro esperar na porta. Elas entraram e foram até o aposento da governanta. Carine percebeu que Maria manteve tudo quase igual, parecia não ter muitos objetos pessoais.

─ Você é a nova governanta? – Carine percebeu assim que a viu que Maria tinha conquistado um cargo de maior importância.

─ Sim, o Conde não fez questão de contratar ninguém para te substituir e o Senhor Castro se acostumou a ter seus deveres diminuídos, assim ele achou melhor me promover e continuar como estava.

Carine sorriu com a lembrança da figura decorativa que era o Senhor Castro e concordou.

─ Parabéns, Maria, você merece.

Maria fez um gesto de modéstia e esperou.

─ O que posso fazer por vocês?

Elas se entreolharam e Carine explicou.

─ Na verdade viemos retribuir a visita que a condessa gentilmente nos fez em nosso chalé.

─ Seu chalé?

─ Sim, nós somos vizinhas. Agora não trabalhamos mais para o rei.

Maria encarou as duas por um momento, perplexa.

─ Então são ladies? Como isso aconteceu?

Carine explicou rapidamente e Maria ficou eufórica, parabenizando-as e logo fazendo questão de fazer uma respeitosa mesura para ambas. "Não vejo a hora de contar isso para os outros criados. O senhor Castro então, vai ter um treco!"

Elas deram um sorriso. Alana desconfortável, porque no fundo estavam sendo falsas. Se o capitão não cumprisse com a promessa de recuperar o nome delas, logo toda essa alegria se tornaria vergonha. Mas por enquanto ninguém sabia que isso poderia acontecer. Então Maria fez uma pergunta tão indiscreta que mãe e filha se arrepiaram:

─ E como vai o príncipe? Finalmente superou a paixonite que tinha por você, Alana? O quê? Não precisa me olhar desse jeito, eu sei que vocês dois tinham alguma coisa, eu via como se olhavam!

Alana enrubesceu tanto que Maria deu uma gargalhada. "Agora você é uma dama, logo vai aparecer um cavalheiro para se casar e ele também está noivo, não é? Eu ouvi a condessa falando."

─ Eu juro, não havia nada entre nós naquela época... quer dizer, nem sei o que havia entre nós para ser sincera, nada comprometedor, porém. Eu... é complicado... – Alana gaguejou ao tentar se justificar e ficou vermelha dos pés à cabeça.

A Lei e o destinoWhere stories live. Discover now