Capítulo XIV

217 5 1
                                    

A rainha pediu um cavaleiro da guarda real para acompanhar a Senhora Durval e sua filha na viagem até Porto Velho em busca de sua nova mobília. Gustavo ficou feliz em se candidatar ele mesmo ao cargo, já que tudo estava tranquilo no reino e ele gostou da viagem que fez escoltando as duas a Rollinston da primeira vez. Destacou o segundo no comando para ficar em seu lugar e embarcou com elas para fora do palácio.

Eles viajavam em quatro carruagens para poder voltar carregados das compras das mobílias e quadros. Atrás, dois soldados os escoltavam e na frente, Gustavo ia em seu cavalo. Alana e Carine conversavam no interior da carruagem.

─ A rainha disse alguma coisa de preferência de artista?

─ Não.

─ Que bom, porque o pintor que contratamos para fazer dois retratos chega essa semana e deve trabalhar enquanto estivermos fora viajando. Acho que quando chegarmos teremos ao menos dois quadros prontos. Podemos comprar só mais um de algum pintor que estiver fazendo sucesso.

─ Eu já tenho um pintor em mente. Santiago Dassa. Ouvi Lady Muniz falar sobre ele em Rollinston e como seus quadros estão fazendo sucesso.

─ E acaso você sabe onde encontrar os quadros dele?

─ Ora, mamãe, se estamos indo para Porto Velho podemos muito bem embarcar em um navio e atravessar o mar até Cardóvia. Ele mora lá, pelo que eu soube.

─ Sua amizade com Lady Muniz andou ampliando seus conhecimentos! Não sabia que conhecia as tendências de arte.

Alana riu.

─ Pois é. Além disso também falamos sobre teatro. Estou sabendo que a rainha está financiando um novo espetáculo e que eles vão se apresentar na corte a tempo da nossa chegada.

─ É bom ver que você está crescendo e aprendendo coisas novas.

As duas sorriram uma para a outra. Alana olhou pela janela, angustiada.

─ Será que vamos parar em alguma hospedaria? Estou cansada e com fome e o sol já vai se pôr.

─ Pergunte ao capitão.

Ela confirmou e abriu a janelinha do outro lado da carruagem.

─ Sir Mach.

Gustavo virou para trás e emparelhou o cavalo para ficar ao lado da janela. Seus cabelos pretos lisos voavam e faziam uma franja em movimento acima de seus olhos também escuros. Ele mantinha o semblante sério e as sobrancelhas grossas franzidas. Apesar da postura firme, seus lábios um tanto carnudos diminuíam um pouco essa sensação de rigidez que lhe rodeava.

─ Sim, senhorita Durval.

─ Por favor, sabe me falar se já vamos fazer uma pausa para descansar? Estamos exaustas e famintas e o dia já está acabando.

Gustavo olhou para o horizonte. As cores no céu já estavam começando a se pintar de laranja e ele sabia que estavam longe de qualquer civilização.

─ Na verdade ainda faltam pelo menos três horas de viagem antes de chegarmos a uma hospedaria. Estamos no meio do nada, senhorita.

Alana suspirou. Nunca tinha feito uma viagem tão longa. Olhou para a mãe, que se mantinha calmamente recostada no banco da carruagem.

─ Mamãe, você não está com fome? Aguenta esperar mais três horas antes de chegarmos a uma hospedaria? Meu Deus, como é desconfortável viajar!

─ Na verdade estou faminta.

Carine piscou um olho para a filha dando um sorriso cúmplice.

Alana abriu um sorriso e voltou para a janela.

A Lei e o destinoWhere stories live. Discover now