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Penha
14:56h
Joana barrando

Joana- pai, é sério, eu não aguento mais a minha avó com esse preconceito nojento dela, que século ela tá vivendo? - exclamei irritada.

Tadeu- Joana, por favor, minha filha, cê conhece sua avó, não provoca ela- falou me puxando pro colo dele e eu respirei fundo.

Joana- eu não provoco, pai, o senhor não ta entendendo, ela praticamente me humilhou na frente das "amigas" dela por ser gorda e ter amizades negras.

Tadeu- vamos fazer assim, vai dar uma volta pelo morro, esfriar a cabeça e eu converso com ela, pode ser? - suspirei assentindo e ele beijou minha cabeça- toma - me deu uma nota de 50 e eu sorri de lado levantando- te amo, do jeitinho que tu é- falou me olhando no olho e eu sorri beijando a cabeça dele.

Joana- também te amo, pai - sorri pegando minha bolsa e saí de casa.

    Eu não moro no morro, por incrível que pareça, moro em um apartamento aqui perto, apesar de amar a farra que esse morro aqui tem, ficava mais perigoso do que já é eu chegar da faculdade praticamente de madrugada e subir esse morro, então fui pro asfalto mesmo que é mais fácil já que Uber anda facilmente por lá, mesmo eu tendo carro, não gosto muito de andar com ele por aí tão tarde.

    E bom, em relação ao meu corpo, eu amo ele assim, amo minhas curvas e ser "fora do padrão", pra mim assumir que eu sou gorda não é nenhum problema, sempre fui assim, de bebê até agora, é de mim mesma, e eu não tenho problema com peso como eu disse, mas os comentários sem noção da minha avó e o preconceito dela é uma coisa que me irrita muito, ela nem ao menos se importa se isso vai magoar alguma pessoa. 

   Como eu sendo eu afogo as mágoas na comida, fui comprar açaí, eoem, nada melhor que chorar com um copo grande de açaí na mão.     

Joana- aí, tio, me dá o de sempre- pedi sentando na mesinha e o tio assentiu.

    Suspirei encostando a cabeça na mão e fiquei realmente pensando, eu amo meu corpo, amo como sou hoje, mas porra, tem hora que os comentários na rua, olhadas, minha avó principalmente, machuca pra caralho, da vontade de me trancar em casa e ficar no escuro só eu e eu.

Tio- aqui, minha filha- colocou o copo de açaí na minha frente e eu sorri agradecendo- tá tristinha hoje, Jô?

Joana- tô mais ou menos hoje, tio, coisas da vida- sorri de lado e ele deu um sorriso acolhedor indo atender outra pessoa- é, açaí, agora é só nós dois - murmurei colocando um morango na boca. 

Xxx- esquentadinha- revirei os olhos ouvindo a voz do ser humano irritante que sentou do meu lado.

Joana- ou era só nós dois- murmurei olhando pro Nino, que debruçou na mesa me encarando- o que foi, cara? Vou te dar dinheiro não. 

Nino- não quero dinheiro- falou óbvio e eu dei de ombros voltando a comer meu açaí- tá com uma carinha diferente, que foi?

Joana- nada- respirei fundo escorando na cadeira, com meu copo na mão, lógico porque eu não largaria ele. Fiquei comendo meu açaí um tempo sem falar nada, e Nino na mesa sem falar nada também, vira e mexe me olhava mas não falava nada- você acha que eu sou feia? - falei do nada sem encarar ele e o mesmo me olhou rápido abrindo a boca pra falar- não de rosto, digo, por ser gorda- olhei pra ele que negou rápido.

Nino- você é linda, pô, por que tá falando isso? Alguém falou que tu era feia?

Joana- eu só......tava com dúvida- omiti vendo ele me olhar com a sobrancelha arqueada e suspirar mexendo no meu cabelo.

Nino- falar pra tu, não sei quem falou o que, se falaram ou é coisa da tua cabeça, mas namoral, tu nesse morro inteiro é a mais bonita, sem defeitos nenhum, e que se foda os outros falando de tu, do teu corpo, duvido que se fosse eles no seu lugar, iriam aguentar essa gostosura toda aí, porque na boa, tu é gostosa pra caralho, garota- falou óbvio me fazendo rir segurando o choro. Hoje eu tô sensível pra caralho- eu tô falando sério, pô, ser gordinha não é ser feia, filha, tem nada haver, não sou de ficar falando essas coisa pra qualquer pessoa não, mas sério, naquele dia que eu quase te derrubei, tu me chamou atenção pra cacete, e não só minha atenção, tu já viu quantos cara te olha com desejo nesse morro? - neguei sentindo uma lágrima solitária que desceu- repara só um dia, tu é perfeita, cara, fica assim não- falou passando a mão no meu rosto pra limpar.

Encontro de amores {M}Onde as histórias ganham vida. Descobre agora