Capítulo XVII

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─ Obrigada. De verdade, estou lisonjeada por ter observado e se importado a ponto de me presentear. Não precisava.

─ Seria uma pena deixar aquele pente lá, sabendo que ele foi feito para te enfeitar.

Aquilo estava ficando muito embaraçoso e Alana se apressou a entrar no assunto que a trouxera até lá.

─ Eu vim aqui te pedir ajuda, Sir Mach. O príncipe corre perigo.

─ O príncipe? – Ele se endireitou, sério, mudando completamente a fisionomia.

─ Sim, senhor. Minha mãe, por acaso ouviu uma conversa quando vinha para o palácio agora há pouco. Ela não queria se intrometer, mas quando entendeu do que se tratava precisou prestar atenção. Estão tramando emboscar o príncipe na estrada quando ele sair de viagem amanhã. Eles pretendem matar o príncipe e fingir que era um assalto. Por favor, o senhor é o único que pode impedir isso.

─ Eles quem?

Alana baixou o olhar, perturbada. Não podia revelar o nome da princesa. Seria sua palavra contra a dela. Ela jamais venceria. O importante aqui era salvar a vida do príncipe. Encontrar e condenar os culpados cabia ao capitão. "Não sei. Minha mãe não conseguiu ver quem era, mas ouviu toda a conversa. O senhor precisa acreditar, ela nunca inventaria uma coisa dessas!"

Ele respirou fundo. Então pousou as mãos nas coxas, com um impulso e se levantou. Alana fez o mesmo.

─ Muito bem. É preciso agir. Vou agora mesmo falar com o príncipe.

─ Não acho que seja a melhor solução. Me perdoe por me atrever a opinar, mas o príncipe não acreditaria e ele não gosta de viajar com comitiva. Se fizerem um grande alarde, talvez desistam de atacar agora, e aí podem tentar uma outra vez e o senhor nunca saberá quando. Não seria melhor fingir que não tem essa informação e esperar eles atacarem? Assim consegue pegá-los em flagrante e descobrir quem é o mandante do crime.

Ele a encarou admirado. "Você é um gênio!"

Então tomou sua mão, num repente e a beijou lentamente.

─ Se estiver certa quanto a isso, acabou de salvar a vida do príncipe, Alana. Você me surpreende cada vez mais. - Ele se recompôs. – Vou fazer como você sugeriu. Não vou avisar ninguém e reunirei alguns homens. Nós vamos seguir o príncipe de perto, mas discretamente e se alguém aparecer estaremos preparados.

─ Obrigada. Espero que minha mãe esteja enganada e isso não passe de uma suspeita boba.

─ Não se pode ignorar algo assim. Obrigada por avisar.

Ela curvou a cabeça e se retirou. Aquilo foi muito mais intenso do que previa. Não sabia se seu coração batia acelerado de medo por Henrique ou de vergonha do capitão.

A discreta comitiva do príncipe deixou o palácio nas primeiras horas do dia. Apenas uma carruagem e dois cavaleiros da guarda real seguiam atrás. Dentro da carruagem, Henrique lia algumas anotações, sozinho com seus pensamentos.

Fazia tempo que ele estava nessa rotina corrida de viagens e compromissos sem fim. Estava grato por se manter ocupado e suas horas de lazer eram preenchidas com visitas ao primo em Rollinston. Mas mesmo essas visitas o entristeciam um pouco, porque o castelo estava cheio de lembranças.

Emma o convenceu a inscrever seu cavalo Trovão nas corridas, o que muito agradou Lady Stein. Ela foi cumprimentá-lo na última vez que Trovão ganhou. "Eu sabia que seu cavalo era um vencedor!", ela disse. Henrique desconversou e foi embora o mais cedo possível. A lembrança de sua última conversa com ela no festival de caça ressoando nos seus ouvidos. Agora ele estava prestes a ficar mais um tempo ausente. Era uma fuga, porque Odete vinha tocando no nome de Elizabeth sempre que tinha chance. Ele sabia que não podia fugir para sempre, porém. Estava sendo pressionado a se casar. Depois que tinha quase se casado por amor, um casamento por obrigação não era nenhum pouco atraente, por mais bonita que Elizabeth fosse.

A Lei e o destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora