XXVIII. UM ANJO - NÃO TÃO - DA GUARDA

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Música indicada: River of Tears

— Para o carro! — Gritou a garota loira, ansiosa, deixando a caixa de lado.

— Ele vai ficar bem, El — olhou para corpo de Enzo estirado no chão a alguns metros atrás pelo retrovisor direito. — Vamos continuar. — Eloísa lançava um olhar cheio de raiva enquanto algo queimava entre suas clavículas e ela coçou sem notar. O anjo bufou antes de começar a frear. — Eu odeio Fugitivos — praguejou, erguendo as mãos para o alto e depois retirando o cinto.

Eloísa saiu do carro apressada, correndo em direção a Lorenzo. Ele estava sentado no meio da estrada e ria. O frio quase congelou seu cérebro. O fugitivo acenou para ela enquanto se levantava, colocando a perna, que havia deixado o osso exposto, no lugar.

— Eu precisava parar — argumentou ele, fazendo uma careta encarando o rasgo enorme que o asfalto fez na perna direita da calça jeans cinza. Assim que ficou de frente com ele, Eloísa empurrou o peito, que fez tanto efeito quanto se jogar de um carro em movimento.

— Você é maluco? — furiosa, com os olhos arregalados e assustando um pouco o homem.

— Com ela do lado — apontou para Lupita, que não se movia. — É, eu sou sim. Fica longe — gritou, o anjo ergueu as mãos antes de colocá-las na cintura marcada por um vestido preto acima dos joelhos.

Eloísa apertou os olhos em direção ao anjo, parado encostado na traseira do carro e apenas ignorou os olhares de ódio que um lançava contra o outro. Caminhou em direção ao posto, que ficava no meio do caminho entre os dois, deixando ambos para trás. Estava extremamente chateada, ansiosa e brava com tudo aquilo. Eles logo passaram a segui-la como cachorrinhos.

— Você está com frio... espera aí — Enzo disse, se aproximando mais e o fuzilou com os olhos.

— Estou com ódio! — gritou, guiada pela ira, e tentava controlar os braços que tremiam.

Ele estendeu a jaqueta de couro marrom escuro parcialmente rasgada por ter raspado no asfalto. Eloísa o encarou por dois segundos e aceitou sem dizer uma só palavra. Lorenzo tinha sorte de ser mais forte, senão Eloísa teria o socado até se sentir satisfeita.

— Vocês são piores que meus pais — Eloísa reclamou sentada na mesa de madeira escura quadrada de quatro lugares. O ar quente daquele lugar era magnífico e a vontade que tinha era nunca ter que sair naquele frio novamente. Lupita estacionava o carro na entrada da lanchonete que havia no posto.

— Tem uma dezena de demônios que estão lutando pela oportunidade de te empalar neste exato momento — gritou Lupita para Lorenzo, começando a entrar, ele se colocou de pé no mesmo minuto.

— Ela faz meus neurônios fritarem! — gritou Enzo, com os olhos arregalados, apontando para Lupita.

— Você também frita os meus — Eloísa gritou, se colocando de pé também. — Tem como pararem por dois segundos? — pediu El. — Ou é minha cabeça que vai explodir — argumentou a Lorenzo.

Eles se encararam por alguns instantes em silêncio. Nesse momento, El olhou para os lados sem graça, mas com a presença de Lupita, ninguém ali presente notou a discussão.

— Por essa você não esperava. — Lupita debochou antes de se aproximar ainda mais. Lorenzo gemeu colocando as mãos sobre as têmporas.

— Vou de moto — disse Lorenzo, sem pestanejar.

— É, mas você não tem uma moto — lembrou a loira.

— Isso não significa que não posso pegar uma emprestada — apontou para a Harley Davidson 883 estacionada na lanchonete.

FUGITIVOS DO INFERNO 01 - Ciclo Da Era [COMPLETO]Where stories live. Discover now