XIV. Obrigado, Mel

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O que foi parar no chão logo em seguida já era imaginável, tudo o que tinha na barriga de Lorenzo. Não que fosse algo além do que existia no copo de plástico branco. A garota segurava seu ombro e passava as mãos em suas costas durante o processo, ele a admirou por isso.

— Vem...— disse ela quando ele parou de manchar o chão do corredor, passando o braço esquerdo de Enzo por cima de seus ombros — onde fica seu quarto?

Ele não conseguia manter seus olhos abertos e não estava disposto a andar. Ela o puxava da parede, mas o homem só queria sentar-se e dormir ali mesmo. Quando uma outra mão surgiu, ele sentiu um choque que o fez arregalar os olhos e se jogar com tanta força contra a parede que fez a garota largá-lo assustada. Desceu escorregando pela parede e se sentou no chão, ainda bem que não em cima da poça de vômito. Viu ainda os óculos da desconhecida quando ela se agachou na sua frente, nitidamente preocupada.

— Não precisa... — sua voz mal saía enquanto ele tentava afastá-la — consigo ir sozinho.

— Nem pensar... — insistiu a garota.

— É o vinte um — informou.

— Ei, o que aconteceu? — Enzo reconheceu a voz de Paulo e gemeu. Queria xingá-lo e questionar o que tinha na bebida, mas mal conseguia se mover. — Vamos, cara — disse, ajudando Enzo a levantar e praticamente o tirando do chão quando começaram a andar.

Eles bateram na porta e logo Rafael os atendeu, ajudando-os a colocar Enzo na cama.

— Caramba, Enzo — gritava o companheiro de quarto. — Não faz nem três horas que você saiu.

Enzo gemeu e abriu um pouco os olhos, distinguindo os cabelos marrons da garota à sua frente. Paulo o soltou na cama e murmurou algo que ele não entendeu. A camisa azul de Enzo estava suja e as garotas perceberam que o amigo não ajudaria. A dona dos óculos então decidiu que não o deixaria assim.

— Okay... — falou ela, se aproximando da cama. — Vamos tirar isso aí.

Ele tinha os olhos fechados quando ela se esforçou para tirar a jaqueta e depois a camisa dele quando o rapaz ergueu os braços moles. Ela usou a mesma para limpar parte da sua boca e ele suspirou exausto. Estava morrendo de sono como nem lembrava que tinha ficado um dia.

— Ótimo começo de festa, Mel — outra voz feminina falou.

— Nossa festa ainda não começou — a menina ao lado de Enzo rebateu.

— Obrigado, Mel — sussurrou ele, se virando para seu lado direito e dando as costas a ela.

Fazia anos que ele não sentia enjoo, ou algo do tipo. Fazia anos que Enzo não sentia e fazia muitas coisas, mas de alguma forma isso parecia ter mudado.


FUGITIVOS DO INFERNO 01 - Ciclo Da Era [COMPLETO]Where stories live. Discover now