XXVII. Como Lúcifer?

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Música indicada: White Blood

E como se toda a sua cabeça estivesse em chamas, ele tapou os ouvidos com as mãos e gemeu alto. Havia sido convencido, aquela mulher era um anjo. Enquanto respirava ofegante, pensou nas pessoas ao redor, estavam agindo em câmera lenta como se vivessem em um espaço temporal avulso.

— Precisamos ter uma conversa séria — O anjo falou olhando para Enzo e erguendo as grossas sobrancelhas pretas acima dos olhos puxados. — Agora — mais séria.

Ele se esforçava para ficar lúcido, um turbilhão de lembranças lhe invadia a mente e mal conseguia ficar de pé, apoiou-se em uma das mesas se tremendo. Era normal, Enzo sabia. Quando um fugitivo fica próximo demais a um anjo, a tendência é perder a sanidade. O lado bom: eles também serviam como um escudo natural à energia do condenado, enquanto estivesse próximo demais, nenhum demônio poderia sentir sua presença. Mantinha os olhos fechados enquanto controlava os pensamentos.

— O que está fazendo com ele? — Perguntou Eloísa, quase gritando, começando a se colocar de pé, pensando em ir até ele, mas medo o suficiente para evitar seu desejo.

— Desculpa, não posso evitar — respondeu, fazendo um pico com os lábios finos e olhando para trás. — Os demônios já sabem onde estamos — apontou para Lorenzo ao encará-lo novamente. — Temos que sair daqui.

Eloísa olhou para o chão, nervosa, encarando Tomas ensanguentado e desmaiado. Seu coração estava acelerado, a respiração cortada e ela não tinha ideia do que fazer. Olhou para o anjo, que já conhecia, e esperou por uma resposta.

— Não posso... — sussurrou quando o silêncio ocupou o espaço por tempo demais. Olhou as pessoas ao redor, que não notavam o ferido e isso a perturbava ainda mais. — Não vou deixar ele — finalizou.

Quando começaram a namorar, ela tinha certeza de que não durariam muito. Não conseguia imaginar o que um cara bonito e inteligente como Tomas iria querer com a esquisitona atolada em livros e séries. Mas, o tempo foi passando e Eloísa se deixou encantar pelo rapaz de cabelos crespos e sorriso encantador. Ele não era de brigas, muito menos provocador como foi com Lorenzo, com certeza algo de muito errado havia acontecido para que agisse daquela forma. Como poderia deixá-lo? O amava. Mesmo que, naquele instante, entendesse mais do que nunca não se tratar mais de um amor romântico, o queria bem como alguém de sua família. Não poderia largá-lo ali, sozinho.

— Ele não vai morrer — disse a mulher de menos de um metro e sessenta, e prosseguiu. — Não é a hora dele. Uma ambulância vai chegar e levá-lo para o hospital — disse como se pudesse ler os pensamentos de Eloísa. — Mas a hora de Enzo já passou — apontava para o homem, que, agora de olhos abertos, a encarava.

Ele, no desespero da dor andou até El rapidamente e tocou a mão da garota ao seu lado, que se afastou gritando.

— Não pode tocar nela, idiota — repreendeu o anjo em um grito e que foi encarado pelos dois de uma só vez.

Sem tempo para explicações, Enzo pensava. Lembrou de Teo, do ciclo, de tudo que precisava fazer.

— Por favor, vamos dar o fora daqui — pediu o homem em direção a Eloísa. Sua face se desmanchou em uma careta e ela chorou ainda mais. Estava tão confusa e assustada. — Por favor, temos que resolver isso.

 — Por favor, temos que resolver isso

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FUGITIVOS DO INFERNO 01 - Ciclo Da Era [COMPLETO]Where stories live. Discover now