XX. A Maior Farsa do Universo

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Música indicada: Human (Christina Perri)

Seu telefone tocou. O aparelho estava no chão, ao lado dela, enquanto carregava na tomada abaixo da cama. Eloísa colocou ao seu lado o notebook que tinha sobre as pernas cruzadas e pegou celular antes que fizesse mais barulho. Já era madrugada e as outras duas garotas dormiam em suas camas, coisa que Eloísa invejava descaradamente. Melissa tinha saído com Max naquela noite e se assustado ao ver El acordada às duas da manhã, mas estava cansada para fazer questionamentos. Lupita, pelo contrário, tinha ficado lendo um livro ao lado de Eloísa e a chamava para conversar a cada meia hora, mas a paulista estava concentrada demais em uma coisa que encontrou na internet para dar atenção à de cabelo rosa. Além do mais, não tinha esquecido o quão estranho foi ter, teoricamente, visto a menina entrar atrás de Mel na padaria outro dia, mas elas não terem se encontrado. Achava a veterana estranha e já tinha coisas desconhecidas demais para lidar.

A única luz ali era a que vinha dos seus aparelhos eletrônicos, Eloísa suspirou alto. Seu estômago queimava, não tinha comido nada mais do que uma barra de cereais o dia inteiro desde o incidente na lanchonete. Altamente traumatizante, deve-se afirmar. O número era desconhecido e a garota encostou o celular frio na orelha antes de começar a se levantar.

— Alô? — disse baixinho, e começou a sair do quarto descalça e dentro de seu pijama de frio azul.

— El? — A voz masculina do outro lado parecia aflita quando atingiu os ouvidos da garota, ela franziu o cenho ao reconhecê-la.

— Tomas? — Quis saber, com a voz um pouco mais alta —, por que ligar no desconhecido? — Curiosa, parou no corredor amarelado pela iluminação acendida ao notar movimentação. Encostou calmamente a porta do cômodo e se escorou na mesma.

— Eloísa... Sabe os pesadelos? — Perguntou com uma entonação mais aguda na voz. Ela ficou preocupada de repente. Seus pés descalços tocavam o chão frio e Eloísa tremeu por falta de agasalho mais grosso. Um chiado interrompeu a ligação antes dela responder.

— Tomas? — chamou, deixando transparecer a inquietação. — Do que está falando? Tomas?

— Eloísa? — Chamou aflito. — Um homem veio aqui. Ele... Ele parecia irritado com você e começou a falar um monte de coisas estranhas. — Um chiado mais alto fez com que El afastasse o telefone do ouvido por alguns instantes. Os olhos dela se arregalaram quando o retornou à orelha.

— Tomas? — chamou mais uma vez, levando a mão esquerda à testa.

— El... Precisamos nos ver — pediu. — Eu não acreditei no começo, mas ele me mostrou. Por Deus, El, no que está metida? — Sua voz tinha uma mistura de medo e angústia que fez ela começar a ficar nervosa.

— Eu? Quem falou com você? O que disse? — Tentou assumir o controle. — O que aconteceu? — Andou de um lado para o outro no corredor sem que ele desse uma resposta. — Tomas, onde você está? —A garota já estava pronta para pegar sua mochila no quarto e ir atrás dele. Silêncio. — Tomas? — chamou mais alto, preocupada demais para se preocupar com os outros dormindo dentro de seus quartos.

Mas a resposta não foi a que ela esperava.

Você tem que abrir o inferno — falou a outra voz, já conhecida, rouca e tenebrosa.

Uma que ela conhecia bem melhor do que gostaria. Eloísa afastou rapidamente o telefone do ouvido e desligou a ligação. Ela encarou o celular com os olhos arregalados e sua respiração se tornou inconstante, como se tivesse acabado de correr uma maratona. Ela estava sonhando. Tinha que estar. Não, por favor. El foi até as ligações do celular e, logo em seguida, ligou para Tomas novamente. Por favor. Ele não atendeu. Tentou mais uma dezena de vezes, mas não a atendia. Seu coração estava apertado quando entrou novamente no quarto, Lupita estava parada bem na porta, quase a matando de susto.

FUGITIVOS DO INFERNO 01 - Ciclo Da Era [COMPLETO]Where stories live. Discover now