Capítulo 12

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   Eu não tinha total noção de que horas eram mas desconfiava que fosse mais de três horas da manhã, por isso tentei não fazer muito barulho enquanto destranco a porta do meu apartamento. Entrei meio cambaleante e fechei a porta atrás de mim. Tive um pouco de dificuldade de ajustar a minha visão a escuridão do apartamento mas ela não durou muito tempo porque a luz foi acesa e eu vi Lin vindo na minha direção. Bufei ao ver a expressão dela. Íamos começar mais uma vez. 

— Onde você estava dessa vez? 

— Na C.K. 

Era meia verdade mas ela não precisava de mais um motivo pra gritar comigo. Lin parou a minha frente e se esticou um pouco, inspirando o cheiro no meu pescoço e me empurrou me fazendo cambalear um pouco pra trás. 

— Andou usando aquelas merdas de novo! Você me prometeu que não ia mais fazer isso seu porco mentiroso! – me empurrou com força mais uma vez e bati as costas na porta. — Você disse que não ia mais beber mas está bêbado! 

— Eu bebi mas não estou bêbado. 

— Para de mentir pra mim! Por que está fazendo isso? 

— Meu trabalho é estressante, sabe disso!

Lin balançou a cabeça várias vezes, negando algo e quando me encarou seus olhos brilhavam. Mas era aquele brilho que socava meu peito. Ela estava a ponto de chorar e a culpa era minha. De novo. Será que ela não consegue entender que eu faço isso porque não quero despejar as minhas merdas nela? Ela tinha que entender, precisava entender que eu fazia isso por nós dois! Lin não merecia que eu fosse idiota e fizesse isso com ela, não precisava de um homem fodido de inseguranças mas de um homem que transmitisse segurança a ela. Que pudesse cuidar dela mas eu não podia fazer isso enquanto estivesse com a cabeça fodida. E também porque uma parte de mim não conseguia mais parar. Mas essa parte ela não precisava saber. 

Dei um passo na sua direção e ela deu dois pra trás erguendo a mão pra que eu parasse onde estava. Estava me afastando de novo. Outro soco no peito. 

—  Eu sou sua namorada, a mulher que deita ao seu lado todos os dias. Eu abro o meu coração pra você, te procuro sempre que não estou bem. Por que você não pode fazer o mesmo? Por que não confia em mim? 

— Não é isso meu amor. 

— Então o que é? 

Balancei a cabeça. Eu confio nela, claro que confio mas não posso simplesmente despejar o meu turbilhão nela. Ela não ia suportar, iria se dar conta de que eu não sou bom o suficiente pra estar com ela, que merece alguém muito melhor do que um cara fodido como eu. Porque este é quem eu sou agora. Um viciado miserável. Alguém que pode ser substituído na única coisa que achava que fazia de melhor. Lin não podia saber que estava com esse cara, ela tinha que acreditar que eu era o seu Chim, que eu ainda posso ser o seu porto seguro. Mas pra isso eu tinha que despejar aquele turbilhão naquilo que ela mais odiava pra conseguir estar bem pra ela. Eu sei que tem consequências como essas nossas discussões mas eu aceito se isso quer dizer que no final eu ainda vou tê-la. 

— Eu não aguento mais. 

 — Sinto muito meu amor e prometo que…

—  Promete o quê? Que não vai mais beber e nem se drogar? Ou que não vai mais sair socando a cara de todos os homens que olham pra mim? Não me venha com mais promessas que não vai cumprir! Eu não suporto mais ouvir a mesma coisa! Eu não suporto mais nada disso! - ela gritou e logo depois soluçou. — Eu não confio mais em você. 

— Você ainda me ama? - perguntei com a garganta quase fechada. 

— E isso realmente importa? 

Addicted to youWhere stories live. Discover now