Capítulo 27

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Desde o momento em que eu parei de lutar e aceitei todos os toques, todos os beijos e abraços dele, eu soube que tinha perdido Jimin para sempre. Mas vê-lo ali a minha frente com o coração despedaçado por minha causa doeu mais do que eu antecipei ao sair o mais rápido que pude do apartamento do Hoseok. Eu não tinha álcool nas minhas veias, não tinha uma desculpa concreta para o que fiz. Não havia absolutamente nada que pudesse justificar a única coisa que colocaria um ponto final na nossa história além de uma dúvida e o desespero de tornar aquilo uma mentira.

O que existe entre mim e o Jimin era amor. Não era bonito e nem de longe o mais saudável, mas era amor. Mas Hoseok não estava totalmente errado quando colocou a dúvida na minha cabeça sobre sermos apenas um pilar, um conforto, um porto seguro um para o outro.

De fato o que tínhamos já não era mais puro e vivíamos oscilando na linha tênue entre amor e conveniência.

No exato momento em que pus o pés no meu próprio apartamento, não consegui conter a ânsia de vômito que subiu pela minha garganta. O fato de que eu precisei tirar aquela dúvida de mim magoando o homem que amo no processo me fez colocar todo o conteúdo que tinha no meu estômago pra fora.

Jimin nunca me perdoaria. Por mais que ele também me amasse, ele nunca me perdoaria. Eu mesma talvez nunca me perdoasse. A culpa me consumiu e eu não conseguia parar de pensar em como as nossas vidas teriam sido se eu tivesse aceitado seu pedido de casamento, se eu nunca tivesse perdido o nosso filho. Nosso destino já estava decidido, eu apenas adiantei o nosso final da pior maneira possível.

Decidi que contaria tudo pra ele. Park merecia saber, tinha o direito de saber tudo que eu havia escondido tão profundamente no meu coração nos últimos tempos que quase me esqueci de que estava lá. Precisávamos ser honestos um com o outro e decidir o que fazer em seguida. Mas onde estava a coragem de abalar os dias bons que vínhamos tendo depois da nossa última discussão? Onde estava a coragem de machucar o homem que eu amo? Será que eu tinha ao menos o direito de dizer que o amava depois do que fiz?

Prometi que não beberia mais. Prometi que iria segurar a sua mão e íamos lutar juntos contra aquele inimigo que abalou o nosso relacionamento perfeito há dois anos atrás. Mas eu precisava de coragem líquida pra lidar com tudo aquilo, para olhar nos olhos do Jimin e abrir o meu coração para ele sem temer o tamanho do ferimento que eu iria abrir no dele. Mas fui fraca. Tão fraca e covarde que ao invés de procura-lo, segui pelo caminho mais fácil. Corri para os braços de uma amiga enquanto ainda podia chamá-la assim.

Taehyung disse que eu parecia apática mas era uma grande mentira. Eu era uma farsa ambulante fingindo não sentir nada, está totalmente vazia quando na verdade eu sentia tudo.

Medo. Dor. Tristeza. Arrependimento. Mais dor com arrependimento duplo.

Apenas a menção do seu nome fez a minha máscara cair comigo junto e eu chorei.

Chorei porque não podia voltar atrás. Chorei porque nada seria mais o mesmo.
Chorei porque o amor não era o suficiente.
Chorei porque já sabia que tinha perdido Jimin pra sempre.

Yong Sun tentou me consolar, tentou me acalmar mas nenhuma das suas palavras de conforto mudavam o fato de que eu tinha errado e não havia nada que pudesse consertar isso.

A bebida, as palavras de Hoseok rondando a minha cabeça, os momentos bons que vivi ao lado de Jimin e tudo que nos levou a essa situação me sobrecarregou. Meu corpo pesado desabou na cama dela e eu me encolhi. O que eu fiz? Por que tinha que ser assim? Por que a vida não podia ser como nos contos de fadas ou como nos romances dos livros onde o poder do amor é capaz de curar todas as feridas, até às mais feias e profundas?

Addicted to youWhere stories live. Discover now