Capítulo 23

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Meu relógio biológico foi o motivo de eu ter acordado bem antes de Jimin. Em algum momento da madrugada ele havia se remexido na cama e estava deitado de bruços mas seu braço ainda estava na minha cintura como se quisesse me abraçar, me manter perto de si. Me aproximei dele devagarinho pra não o acordar e encarei seu rosto amassado no travesseiro, o biquinho involuntário que ele sempre fazia. Tão lindo.

Ele havia acordado no meio da noite por minha causa e me confortado como teria feito se soubesse que eu estava a beira do precipício antes de deixá-lo.

Não foi um sonho ruim, pelo contrário, foi um sonho muito bom. Eu estava feliz ao lado do homem que eu amo e acima disso, tinha meu bebê nos meus braços. Ela era a bebezinha mais linda que eu já tinha visto. Tinha todos os dedinhos das mãos e dos pés, parecia ter o meu nariz e a minha boca mas tinha os olhos dele. Algo dentro de mim dizia que era ela, a filha que teríamos caso eu não tivesse perdido e por isso eu queria ter continuado vivendo naquele sonho pra sempre. Quando acordei e a realidade bateu com força na minha cara e eu não pude controlar as lágrimas. Não é que eu estivesse exatamente infeliz, só me sentia... Incompleta e sabia exatamente porquê.

Minha mãe me disse que fiz a escolha certa em não aceitar o pedido de casamento de Jimin com tão pouco tempo que tínhamos reatado o namoro.

“E se ele tiver uma recaída? Eu sei que ele não bebe há meses mas uma hora Jimin vai ter uma recaída. Todos tem. Eu te conheço, Linda Grace, você vai surtar e uma hora vai querer ir pra longe dele.  Como espera fazer isso estando casada? Casamento não é só dividir a mesma casa e a mesma cama. Vocês vão compartilhar momentos bons e ruins também assim como crises e isso inclui seu marido bêbado e surtado de ciúmes. Acha que pode dar conta disso? Se puder, aceite e me diga a data do casamento, seu pai e eu vamos apoiar mas se eu conheço bem a minha filha e eu sei que conheço, você ainda não está pronta pra isso.”

Ela tem razão. Jimin está tentando lidar com a sobriedade e ao invés de apoia-lo, apareço bêbada no seu apartamento. Morro de medo dele ter uma recaída, quase espero que ele cometa um erro imperdoável mas não estou fazendo a minha parte como deveria ser feita pra que essa segunda chance dê certo, venho bebendo com tanta frequência que quase não me reconheço. Porque eu amo Park Jimin e quero sim viver a minha vida ao lado dele pra sempre se possível. Mas dessa forma não parece certo. É frustante saber o que deveria ser feito e ainda não conseguir proceder por algum motivo.

Me estiquei um pouquinho e dei um beijo em seu ombro, fiz uma trilha de beijos até chegar o biquinho fofo em seus lábios. Jimin se remexeu mas não me beijou de volta, talvez ainda estivesse muito cansado, deve ter ficado acordado por horas depois que eu voltei a dormir. Pensei em levantar e fazer um café da manhã para nós, digamos que especial, mas ele me prendeu na cama com o peso do seu braço.

— Não ouvi seu despertador. – disse ainda de olhos fechados e voz rouca.

Melhor dizendo, com o seu sotaque de Busan. Ah, como eu amo quando ele fala assim.

— É porque não tocou.

— É cedo. Volta a dormir.

Jimin nos posicionou melhor na cama de forma que eu ficasse sobre o seu peito. Nossas pernas entrelaçadas. Eu podia ficar ali para sempre, estava tão confortável no seu abraço. Era quase surreal que eu pudesse nos dar uma amostra desse sempre por não ter que me preocupar com horário. Mas não estava mais com sono então resolvi mimar meu namorado com vários beijinhos até ele suspirar meio irritado meio satisfeito e me apertar mais um pouquinho contra si. Despertei algo que não deveria, não fazia mal instigar ele a fazer algo ao respeito.

— Não tenho energia pra isso. – ele resmungou.

— Tenho o suficiente por nós dois. – brinquei. — Podemos experimentar a tal posição Amazonas.

Addicted to youWhere stories live. Discover now