Capítulo 30

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Lutar contra a própria mente é doloroso e cansativo. Fazem vinte minutos que cheguei no aeroporto e continuo tentando parar de pensar em absolutamente tudo. Os acontecimentos dos últimos meses continuam rondando a minha mente, de forma desordenada, lembranças dolorosas misturadas com outras tão boas que me fazem querer chorar. É exatamente como está numa montanha russa, subindo e subindo, rindo mas apavorada porque uma hora vamos descer de uma vez como se estivéssemos despencando.

Minha mãe me disse para parar de pensar em tudo que poderia ter sido e me concentrar em tudo que pode ser a partir de agora mas isso me cansa, faz a minha cabeça doer, faz meu coração doer e as vezes me deixa sem ar.

Os minutos estavam passando e meu estômago agora estava começando a embrulhar. Daqui a uma hora não terá mais como voltar atrás. Não, não tem como voltar atrás de forma alguma. O último mês foi uma bagunça total. Pela primeira vez em três anos eu não tinha um norte. Estava totalmente perdida dentro da culpa, arrependimento e da minha própria dor. Não mantive contato com ninguém além da minha mãe e de SunHee, que tentaram a todo custo pôr a minha cabeça no lugar. Minha mãe com a razão e meu coração, SunHee me ajudando a permanecer onde eu deveria está. E claro, me dando migalhas sobre Jimin.

Não era como se eu pudesse ir até ele perguntar como ele estava. Pudesse abraça-lo e ficar feliz com o seu progresso na fisioterapia, que eu sabia apenas por causa da Park. Nenhum dos seus amigos me diriam qualquer coisa sobre ele. Taehyung me odeia mais do que qualquer pessoa no mundo. Jeongguk está magoado demais comigo pra atender uma ligação ou até mesmo responder uma mensagem minha. Os demais me ignoraram muito antes dele acordar. Apenas SunHee tinha alguma notícia que extraía de Jeongguk. E tudo bem. Provavelmente é melhor assim. Pelo menos ele está conseguindo se sair bem e está se recuperando melhor do que o esperado. Mas não diminui nem um terço da minha dor ou do meu arrependimento pesando no meu coração.

Foi um processo lento mas fui convencida a vender o meu apartamento e voltar para Londres. A minha mente ficou bastante ocupada resolvendo papeladas, comprando passagens e bem, resolvendo tudo pra que eu pudesse ir embora. Estava tudo indo bem até eu descobri que SunHee era uma agente dupla e estava fornecendo migalhas a outra pessoa sobre mim. Eu estava terminando de fazer as minhas malas quando tocaram a minha campainha. Fiquei surpresa, claro, não havia recebido visita de ninguém nos últimos tempos. Também sabia que não poderia ser SunHee porque ela estava no trabalho.

Quando abri a porta me dei de cara com alguém que não esperava ver. Seu olhar me atravessou e olhou ao redor do apartamento, confirmando a sua suspeita.

— Está mesmo indo embora.

— Sim.

Hoseok passou a mão pelos seus fios de cabelos agora descoloridos e puxou uma respiração profunda, como se estivesse ficando sem ar.

— Não vá. – deu um passo na minha direção. — Por favor, Linda, não faz isso.

Balancei a cabeça, negando aquele pedido que soou tão doloroso e desesperado.

— Eu não posso ficar.

— É claro que pode. – ele continuou avançando me forçando dá passos pra trás. A porta se fechou atrás dele. —Sei que as coisas estão péssimas pra você agora mas você já superou uma vez. Vai conseguir de novo.

Eu nunca superei. Ele sabe disso.

— Não há mais nada pra mim aqui.

— Mas eu estou aqui!

As veias do meu pescoço saltaram quando ele gritou. Foi inevitável me encolher, o que não passou despercebido por ele.

— Me desculpa, eu não queria gritar com você. É só que... Eu não posso ver você indo embora assim. Eu te amo, posso fazer feliz. Tudo que você precisa fazer é me dar uma chance.

Addicted to youWhere stories live. Discover now