35- Free

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#Kaike

Tentar se manter vivo em um cativeiro sozinho é uma coisa. Agora, quando tem dois idiotas perturbando sua "paz" tudo fica bem mais tenso.

Depois do meu "almoço" e cochilo fui acordado com um tapa de Gabriel, meu susto o divertia pra casete, e o fato de não poder bater nele me irrtava.

- Ei, Kaike me diga, o pau do Miguel é bom mesmo? - Gabriel perguntou rindo.

- Melhor que o meu garanto que não! - James disparou e os dois gargalharam

- Acho que você nunca vai saber não é Gabriel? Já que ele fez questão de te desprezar e pra ele você não passa de um grande peçado de... NADA! - Eu já estava cheio de ouvir as humilhações calado, mesmo em desvantagem total era hora de revidar.

- O que você disse ? - Sua feição mudou e as gargalhadas se foram. Ele se preparou pra me dar um tapa e eu o interrompi.

- Você pode me dar quantos tapas quiser, você pode me matar! Mas ele nunca vai ficar com você, nunca. Você fez da vida dele um inferno e ainda acha que ele sente algo por você ? Você é tão promíscuo e imbecil que só se deu ao trabalho de "amá-lo" quando ele criou músculos e ficou bonito, antes ele era uma aberração não é mesmo? - As palavras apenas jorraram sem nenhum impedimento, ele merecia.

- Se babaca filho da... - Não consegui ouvir o resto, o pedaço de ferro e a dor da cabeça indicavam que eu havia sido acertado.

****

Acordei de madrugada com muito mais dor na cabeça do que antes, ser atingido por um ferro na cabeça não era uma coisa que não deixaria marcas, ou calombos.

Mesmo sem poder passar a mão na parte de trás da minha cabeça eu podia sentir que isso estava feio e precisava de cuidados, mas eu não estava em casa. Na verdade estava perto.
A noite foi passando lentamente, o pior de tudo nessas situações é a falta de informação, mesmo que indireta. Você nunca sabe o que vai acontecer, você está sempre a mercer do destino, ele faz o que bem entender com você. Eu pensava na minha nova família, pensava principalmente em Miguel que tinha me proporcionado essa nova família. Não fazia sentido nós não estarmos juntos mas, e se fosse como um daqueles filmes modernos onde o casal apaixonado não ficava junto no final? Apenas seguiam suas vidas com lembranças remoídas? Tudo isso me assustava pra casete. "Nunca entre em pânico!" era o que Caio dizia mas, era meio complicado obedecer agora.

A escuridão estava começando a deixar o quarto, isso indicava que o dia estava nascendo pelas pequenas fendas eu podia ver o azul do céu começando a ser visto. O jardim estava quase visível novamente. Eu havia passado a noite inteira acordado e agora eu estava com tanto sono que poderia cair no chão e só acordar no dia seguinte, de tempos em tempos eu acabava fechando meus olhos e a imagem de Miguel me abraçando, me confortando vinha em minha mente. Porem quando eu realmente queria desfrutar daquilo eu acordava num susto. Depois de muito custo consegui arranjar uma posição que não machucasse minha cabeça e me deixasse "confortável" na medida do possível, e então a porta se abriu.

- Bom dia raio de sol. É assim que o Miguel te chama? - Gabriel estava com uma marmita nas mãos e James trazia água. Ele como sempre debochando de mim.

- Vá se ferrar. - Meu tom não saiu como o esperado, dado a fraqueza e como minha cabeça doía eu sugeri que estava muito, muito acabado.

- Olha como fala comigo porra! - E o estalo só fez a minha cabeça doer mais ainda, minhas bochechas ficarem vermelhas com o tapa bem dado do Gabriel. Por um momento vi as coisas rodarem, depois a sensação sumiu.

- Coma logo e depois desamarre ele James, vamos levar esse idiota daqui! - O quê? Eles me tirariam da casa? Pra onde eu iria? Eram perguntas que rodeavam a minha mente, pânico era tudo que restava dentro de mim porém, por fora não foi perceptível porque eu estava acabado.

Eu comi meio solto meio amarrado e tendo que aguentar as cantados e piadas sujas de James, uma hora ou outra ele passava a mão no meu braço e eu apenas tremia. Por dentro eu queria gritar mas pra isso necessitava força, e era tudo o que eu não tinha no momento. Se ele tentasse algo...

- E vou ser bonzinho com você porque mais tarde quero seu rabo então... Não vou te dar isso. - Ele levantou a pírula branca na qual eu entendi por um calmante ou mata leão, algo que me faria apagar. - Porém você tem que ficar quietinho, se não ele vai ficar puto. - Ele disse e depois trancou a porta.

Eu fiquei lá, sentado no chão esperando que meu destino mudasse de vez. Eu não seria prisioneiro pra sempre, uma hora isso acabaria, assim como acabou com André. Miguel ou o Detetive Pires não vieram até mim, talvez não fizeram a conexão óbvia mas, ainda assim não posso culpá-los.

No meio do meu desespero olhei em volta do pequeno cômodo em que estava e nunca o reparei bem porém, não havia muito o que reparar. Apenas algumas ferramentas, lata de tintas, coisas para manutenção da casa, uma enceradeira e... Uma camisa.

Mas não qualquer camisa, era uma camisa vermelha como rosto do Cartman, personagem do South Park, desenho que... que André amava. A camisa era dele, ele esteve aqui!

Meus pelos se arrepiaram no instante em que percebi aquilo, ele adorava aquela camisa, e ele tinha dito no video que Gabriel tinha-o mantido preso em sua casa. Eu estava no mesmo quarto onde ele havia ficado a alguns dias atrás e agora... eu levaria o mesmo fim que ele, a morte!

- Ah então você reconhece a camisa? Bem, mais um motivo pra eu te matar não é mesmo? - Gabriel entrou no quarto com algêmas, James estava lgo atrás dele.

- O quê?Você vai matá-lo agora? e o rabo dele, como fica? - James perguntou enfurecido, eles decidiam a minha vida como se decidissem que roupa comprar.

- Você pode comer ele no caminho ou lá mesmo, só vamos acabar com isso logo? - Gabriel disse com cara de intediado. Ele colocou as algemas nas minhas mãos reforçando pra que eu não fugisse e me levantou. James me segurou no outro braço e deu um forte tapa na minha bunda. As lágrimas silenciosas já estava por todo o meu rosto. Nós saímos do cômodo e estávamos no jardim andando rumo ao portão que estava se abrindo quando eu ouvi dois estalos, depois disso eu não senti mais as mão de Gabriel e James. Quando dei por mim eles estavam no chão, foram atingidos por um tiro. O desespero e a adrenalina tomaram conta de mim e eu não pensei em outra coisa, sai correndo em disparada para o portão, corri o máximo que podia e quando ultrapassei o protão algo me agarrou.

- Meus Deus, você está bem, você está bem! - Tudo o que eu sentia apenas desabou com o som da voz do homem que eu amava. Qualquer coisa valeria a pena pra ouvir aquela voz de novo.

- Miguel tire-o daí agora!! - Alguém gritou longe.

Senti meu corpo sendo puxado e então um exame de policias entraram na casa. Eu me virei e vi o rosto dele. Ele continuava lindo, mesmo com as olheiras ele ainda parecia um anjo.

- Você é lindo!

- Kaike não durma!

- Eu senti sua falta.

- Kaike, Kaike!!!

Forget ForeverOnde histórias criam vida. Descubra agora