2- Aluno Novo

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A aula se mantinha bem chata como de costume, Gabriel e sua turma sendo levando bronca do professor pelo barulho, até que a porta levemente se abre.

-Bom dia, aqui é a 3007 ? – Mesmo baixa pude ouvir aquela vozinha tímida atrás da porta.

-Sim meu caro, pode entrar ! – O professor fez sinal para que a pessoa entrasse e vi que era um menino.  Ele era branco com seu cabelo castanho claro quase loiro e dos lados máquina um. Seus olhos eram escuros como a noite e seu sorriso era de dar inveja a qualquer um, até a mim. Ele usava uma camisa branca com listras azul marinho e uma calça skinny preta com vans azul. A muito tempo não entrava alguém bonito na escola, mas não me interessava, não ia puxar assunto com ele nem nada.

- Seu nome e de onde veio filho ? – O professor perguntou e o vi ficar vermelho, ele parecia fofo.

- Meu nome é Kaike, tenho 18 anos e vim de Niterói, me mudei a pouco tempo. – Ele foi breve e estava muito envergonhado.

- Pode sentar-se Kaike, depois vamos a coordenação comigo para pegar seu livro. – O professor perguntou e ele simplesmente assentiu com a cabeça. Ele sentou-se atrás de mim e depois disso não tive mais contato visual com o menino.

O dia de aula passou bem rápido, o Kaike ficou na sal o tempo todo e quando Caio veio me ver na hora do intervalo ficou babando pelo garoto enquanto eu só ria da cara dele. Logo depois o Gabriel e sua turma se sentaram em outro lugar mais próximo de onde o Kaike estava e inventou desculpas com "você tem uma borracha?" ou "você pode me emprestar sua caneta?" Aff. Quando Gabriel quer consegue ser ridículo.

Saí da sala e fui a procura do Caio que estava na porta de sua sala a me esperar, ficamos conversando um pouco e fomos embora. Voltando pra casa, pus meus fones novamente e ia andando tranquilamente quando sinto alguém me cutucar.

- Hey... opa desculpe atrapalhar. – Era o Kaike, ele estava olhando pra mim com um sorriso lindo, angelical.

- Oque você quer ?- Perguntei um pouco rude demais, mas eu não iria cair na mesma de novo, começar a gostar e no final...

- Eer... que...

-Que ???- fiz sinal com as mãos pra ele meio que agilizar a conversa.

- Nada esquece, me desculpe mais uma vez.- ele saiu andando depressa na mesma direção na qual eu ia. O deixei ir e percebi que estava meio puto. Pus meus fones de volta e comecei a andar.

Você deve estar se perguntando porque fui rude com ele, e vou lhe dizer porque. Meninos bonitos como ele só servem para humilhar as pessoas e as menosprezarem como se elas fossem nada. Só porque tem um pouco de beleza. Jurei nunca mais me envolver com qualquer garoto assim. E meu jeito ajudava bastante a afastar as pessoas. Eu nunca fui um gay que rebolava ou aparentava ser, sempre tive um estilo meio Badboy sabe ? Nunca tive vontade de mudar, sempre fui bom de briga e desde o acontecido no ano passado toda a minha doçura havia ido embora, só restava a amargura dentro de mim, não havia espaço pra amor ou doçura, não perco meu tempo com essas coisas.


#Kaike

Eu estava andando pra casa e o vi novamente, ele não parecia ser gay ou coisa assim, estava com muito medo de ir falar com ele, e se ele não fosse ? Ele tinha um jeito tão bruto mas, ao mesmo tempo tão frágil, tão fofo. Tive que arriscar, o cutuquei umas duas vezes e ele tirou os fones do ouvido com uma cara não muito amigável.

-Hey...opa desculpe atrapalhar- Eu disse e estava quase ficando corado.

-Oque você quer ?- Sua voz não era muito grossa mais tinha uma rouquidão linda. Mas nesse momento seu tom era bruto e pude ver seus olhos se fechando em fendas. Naquele momento fiquei sem ação.

-Eer... que...- Tentei falar mais vi que parecia uma péssima ideia.

- Que??? – Ele fazia sinal com as mãos, parecia bem estressado.

-Nada esquece, me desculpe mais uma vez.- Sai andando rua a dentro, eu sou um idiota literalmente. Eu ia chegar pro menino e perguntar "oi, você é gay ?" Lógico que não. Agi por impulso e ele parecia tão nervoso naquele momento. Decidi não fazer mais nada, ficaria olhando apenas de longe.

Assim que cheguei em casa senti um alívio, meu pai não estava em casa. Minha mãe havia morrido a uns 10 amos e eu ficava com meu pai aqui. E ele não aceita que sou gay. Quando ele chegava em casa bêbado tinha de me trancar no quarto pra ele não me espancar. Eu o odiava profundamente, mas eu não tenho pra onde ir, não tenho mais parentes aqui no rio.

Assim que vi que ele não estava em casa, pus minha mochila no sofá e fui a cozinha preparar algo para comer. Comi e depois subi para o meu quarto, liguei o computador e entrei um pouco no facebook, havia uma solicitação de amizade daquele Gabriel que ficou meio que se insinuando pra mim na sala. Aceitei e fui dormir um pouco pois mais tarde teria de trabalhar.


#Miguel

Aquele garota era maluco, me parar na rua por nada ? gente retardada isso sim. Mas pera, porque ainda estou pensando nele ? Esquece, estava em minha cama agora com o computador ligado e cansado de mais um dia de aula. Já havia feito meus deveres e logo minha mãe iria chegar com a minha irmã. Fui pra sala assistir alguns filmes, escolhi Salt da Angelina Jolie. Fiquei vendo o filme e logo minha mãe chegou com Melissa. Ela tinha um papel nas mãos e veio correndo até mim e me entregou o papel.

-Pra você Mi- ela me entregou o papel que estava dobrado e havia um coração do lado de fora da folha. Dentro havia um desenho meu, não um "auto-retrato" mas do jeito dela ela me desenhou.

-Obrigado linda, eu te amo. – A abracei com força junto com sua mochila das princesas. Ela e minha mãe eram as únicas pessoas nas quais eu não me arrependeria de amar e me doar totalmente.

Forget ForeverOnde histórias criam vida. Descubra agora