Meus pulmões aspiravam cada um dos aromas mais que apenas familiares unidos num só cômodo, feliz em poder divagar por estes sem pressa; a fragância de Finn invadia minhas narinas e desacelerava as batidas no meu peito, tendo atualmente o efeito oposto do que me causava há algum tempo; e, além do cheiro de batatas untosas, havia também o som reconfortante do óleo fervilhando na cozinha da lanchonete. Todas aquelas vozes, agitação e risadas... Não havia nada no mundo que pudesse fazer com que eu me sentisse tão bem. O Vagão Vermelho era um de muito lares que eu tinha, abrigando pequenas frações de partes minhas que, em soma, me mantinham viva.
— Nós jogamos aqueles trapos fora, mas por muito pouco. Noah fez uma espécie de birra...
— Eu não fiz, não!
— E ele estava falando exatamente nesse tom, quase gritando, como a Jacey faz de vez em quando — Sadie continuou, os olhos analisando o amigo como se fosse comum um garoto de treze anos agir como sua irmã mais nova. Ao meu lado, Finn mantinha-se extremamente focado na cena de ação em seu almanaque dos X-men — ao menos, era isso o que se esforçava para fazer parecer; mas eu estava ciente de seus olhares direcionados a mim, e de como ele sorria às vezes. Eu havia percebido há algum tempo como Finn sempre havia me visto daquela forma, como se eu fosse o ser mais brilhante e etéreo que já havia conhecido, desde o começo, e em como eu havia sido tola por notar depois de tanto tempo algo explícito como as estrelas que sarapintavam o céu do lado externo da lancheteria.
— É que eu me apeguei um pouquinho àquela boneca, tinha valor emocional... E agora ela virou sucata. Vocês são mesmo uns monstros — Noah soou intenso como sempre, embora um pouco choroso, como se tentasse esconder a mágoa que sentia. Eu afaguei seu ombro, o olhando com os olhos cheios de compaixão; era uma boneca, mas ele estava mesmo chateado com aquilo. E eu também estava de seu lado, de certa forma, porque eu era a boneca. — Mais um pouco e ela se desintegraria sozinha... Seria uma morte menos dolorosa, não seria? Vocês realmente precisavam moê-la daquele jeito? — meus olhos se arregalaram.
— Eles me moeram?
— No liquidificador — Gaten falou como se fosse algo realmente sério, como um acidente trágico ou um desastre natural, e eu agi de acordo. Eles haviam me moído em um liquidificador! — E Sadie comandou o homicídio todo, não teve nem mesmo a decência de tampar o treco! Voou algodão para todo lado, foi um horror!
— Fique sabendo que eu não tive parte nisso — Finn murmurou, os olhos ainda fixos em sua revista em quadrinhos. Ele me olhou de relance, inicialmente circunspecto e concentrado, então pareceu ceder aos próprios desejos da face e permitiu que um leve sorriso se abrisse em seus lábios. Senti seu aperto mais firme em minha mão, a aliança fria em suas mãos tocando minha pele como uma suave lembrança de que tudo estava finalmente bem, como era para ser. — Nem parece de verdade — a mão que segurava o almanaque abandonou este e se ergueu para tocar meu rosto, minha pele queimando sob seu toque, fazendo com que eu risse envergonhada.
— É tão real quanto o seu rosto cheio de estrelinhas. Você não tem moral para discutir comigo, Wolfhard — eu toquei sua mão com a minha, sentindo no fundo do peito que deveríamos ter vivido aquilo há muito tempo; que tudo pelo que passamos havia sido fruto de nossa — e principalmente minha — infantilidade, mas também do destino, porque precisamos daquilo para amadurecer e lidar com coisas no âmbito dos futuros relacionamentos que surgiriam em nossas vidas. Sua respiração se embolou com a minha, então Finn me beijou. Não pela segunda, terceira ou quarta vez; foi como uma gotinha num oceano, uma de milhares, porque desde aquela noite em Nova Orleans nós sentíamos a necessidade um do outro. Mas foi a primeira vez que Noah viu algo entre nós realmente acontecendo e não pôde fazer nada.
— Eca! Vai pegar sapinho, Millie! — Nada a não ser reclamar. Mas isso era algo a que já estávamos habituados, com toda a certeza.
— É, meu amigo, somos só nós dois agora... — murmurou Gaten, infeliz, referindo-se aos dois novos casais ao seu redor. Seus olhos se arregalaram de forma assustadora, e ele olhou Noah com uma expressão de esclarecimento. — A não ser que...
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ventured to say ˓ fillie
Fanfictionquando uma menina se mudou para o burgo dos wolfhard, levou consigo todas as suas inseguranças. eles se deram bem (certamente não de primeira, mas se compreendiam). no entanto, seu convívio podia ser melhor, pois haviam atingido um nível de estreite...