18. my fault

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— N-Noah, você... nossa, o que... — disse, estranhando o fato de não conseguir dizer uma frase completa.

Mesmo que eu o detestasse por insistir em ser especialmente irritante comigo, eu senti pena ao ver como ele parecia se culpar e punir mentalmente. Como se surtasse internamente de desespero e arrependimento.

— Millie — eu o olhei. — Não fala nada, pelo amor de Deus. Eu sei que fiz merda — ele suspirou e coçou o braço em nervosismo, enquanto eu corria meu olhar pela quadra. 

O time todo, até mesmo o adversário, berrava besteiras para o casal lá. E nossos amigos nos observavam como se fôssemos loucos. Estavam, literalmente, de queixo caído. E eu bem que tentei, mas não consegui simplesmente ignorá-los.

— Vocês quatro! — Munoz berrou esganiçado. — Di-re-to-ri-a!

. . .

Finn era o mais desconcertado. Íris, a mais indiferente. Noah, talvez o mais surtado. No entanto, eu acho que Munoz conseguia superá-lo. Nós estávamos todos cabisbaixos, nenhum ousando olhar nos olhos do professor e diretor. Nós éramos, sim, loucos, mas nem tanto.

— Podem me dizer o que diabos deu em vocês? — disse o diretor. Munoz esbugalhou os olhos, como se também esperasse por explicações. — É um absurdo. Um absurdo!

— Desculpa — Finn sussurrou. 

— Nós sentimos muito mesmo, Senhor — falei, puxando, esticando e dobrando o tecido do meu uniforme escolar. Não sei se havia uma palavra certa para descrever como eu estava.

— Um pedido de desculpas não é suficiente, vocês sabem disso. Se eu simplesmente perdoar vocês e esquecer isso, outros alunos vão achar que não há problema em sair fazendo uma coisa dessas pelas escola e aí tudo vira a maior loucura!

Ele suspirou, parecendo fazer de tudo para se acalmar — Íris, Noah, soube que vocês foram os primeiros a... hmm... — o homem ergueu as sobrancelhas. — vocês sabem. Dar início ao caos. Portanto, vocês serão os punidos.

Noah estava bem mal. Muito, mesmo. E eu senti tanta, mas tanta pena ao olhá-lo, ao vê-lo apenas concordar e voltar a encarar os pés, nervoso, que uma merda maior que a que ele fizera na quadra saíra de minha boca sem nenhum consentimento: — Não foi Noah. Fui eu que tomei iniciativa. Ele é a vítima, não eu.

— O quê? — ele se espantou. — Mas Munoz diz que você é tão... tão aplicada e...

— Senhor — o homem ficou quieto. — É a verdade. Puna a mim, se quiser ser justo, e não a ele — Noah esbugalhou os olhos tanto quanto o professor, preparando-se para negar. Porém, agi antes que ele o fizesse: — Não precisa tentar assumir a culpa, Noah. Sério. Está tudo bem — suspirei, e, inconformado, ele sacudiu a cabeça fervorosamente. 

— Mas...

— Noah, não. É errado. Você não fez nada.

. . .

Eu fui suspensa por dois dias. Passaram a sempre me olhar de soslaio quando eu passava pelos corredores da escola, como se o que eu e Noah fizera fosse um absurdo — o que, honestamente, eu achava ridículo. Burburinhos me seguiam, assim como risadas e piadas sem-graça. Aquilo era um saco.

A aula foi péssima. Caleb, Gaten e Sadie me perturbaram todo o tempo em que fiquei na escola. Quando tivemos o intervalo, eu me tranquei no banheiro. Lá eles não me encontrariam, e ninguém faria piadas. 

E a hora da saída demorou a chegar. No momento em que bati as portas do meu armário, eu notei alguém atrás de mim. Então, me virando, deparei com Gaten. Ele não me parecia mais tão adorável, devido a feição mau-humorada que carregava já há um bom tempo.

— Eu ainda não acredito que você fez isso. Cara, você não odeia o Noah? — perguntou.

— É, é — disse, alternando meu olhar entre a porta e o garoto. — Olha, eu adoraria bater um papo, Gaten, mas realmente...

— Quem faz uma coisa dessas com um amigo? E, além do mais, por ciúmes! — ele cruzou os braços. — Se fosse o Finn, tudo bem. Mas o Noah? Você beijou o Noah!

— Eu sei. E não posso fazer mais nada sobre isso — suspirei. — Já foi feito, desculpa por ter te deixado desse jeito.

— Você podia simplesmente não ter feito! — falou estranhamente irritado. 

E eu, já sem muita paciência, berrei de volta: — Mas que droga, Gaten! Eu não fiz porcaria nenhuma! — ele continuava de feição irritada, esperando por um bom argumento. — Noah me beijou, não fui eu que beijei ele! Entendeu? Mim não beijar Noah! Tenho que desenhar?

ventured to say ˓ fillieWhere stories live. Discover now