27. one reason why

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Passadas algumas analogias a Friends que me fizeram rir, mas despedaçaram meu coração ainda mais, encaixei meu braço esquerdo no de Gaten, imergida na sensação boa e doce de uma tarde ensolarada nos anos antigos que sua essência me trazia, e nós saímos à procura de um lugar vago no cenáculo cheio.

Eu não sabia onde ficaríamos, mas ele parecia obstinado, como se soubesse exatamente onde deveríamos estar. Quando caí em mim, alguns pares de olhos pareciam me fuzilar, e aquilo doeu quase que literalmente. Pensei em correr dali, porque sabia que dificilmente eles seriam compreensivos como Gaten, mas não o fiz; em algum momento lhes diria meu único porquê. Então, com os pulmões cheios e o peito estufado, como que para demonstrar que não temia estar ali, eu e Gaten nos sentamos.

Sadie inclinou a cabeça para me olhar, ao meu lado, e não ousei encará-la de volta. Não temia a morte, mas temia a ela; com certeza era pior. E então o que se passou a seguir fez com que minha cabeça entrasse em parafuso: eu estava ao lado dele. Daquele que me partiu ao meio, que me quebrou em cacos pequenininhos e deu minha sanidade ao léu. Não era a primeira vez que estávamos lado a lado, mas foi a primeira vez que pude me concentrar verdadeiramente no calor que ele emanava e no quão denso o ar parecia se tornar.

Seu braço tocou o meu — ele havia chegado mais perto de mim. Finn não me olhou, sabíamos que não era preciso. Ele me apoiaria também, tive certeza quando ele simplesmente deslizou a mão do braço que me tocou por dentro do meu e o desceu até que sua mão morna encontrasse com a minha. Nós entrelaçamos os dedos.

Eu definitivamente não queria deixá-lo, mas bastou procurar pelo olhar que me fuzilava; então eu a vi. Íris mirava em Finn com aqueles olhos azuis assustadores. No entanto, estranhamente, suas balas me acertavam o coração.

Eu me sentia na pele de Mare Barrow sob o olhar da esnobe Samos. Finn era meu Cal Tiberias.

— Quando você iria nos contar? — os olhos da ruiva procuravam pelos meus, e decidi que encará-la firmemente talvez pudesse falasse por si só e mostrar que era uma escolha definitiva. Mas eu parei por um instante; eu estava me tornando escrava dela.

O que dirão se eu me arrepender?

— Quando eu estivesse certa da minha decisão — repliquei, minha mão livre subindo para segurar o rosto de Sadie em formato de coração. Eu sabia que sentiria a falta dela mais do que sentiria a dos outros, ela era como uma irmã. E eu a estava deixando. — Sei que não é justo, mas eu preciso pensar em mim. Só dessa vez.

Com um olhar ao meu redor eu percebi que todos carregavam um enorme ponto de interrogação sobre as cabeças. Devia lhes explicar meus motivos direito, deixar as coisas claras, mas não consegui. Não com Finn ali, segurando minha mão, me apoiando, sem ao menos saber que ele era o meu único porquê. Caleb pôs a mão à minha frente, pedindo atenção. E eu ergui a cabeça, sabendo conter o semblante de um cachorrinho culpado.

— Nós podemos não concordar nem um pouquinho com essa mudança — ele afinou a voz quando deu ênfase naquelas três palavras que quebraram mais um pedaço meu. — Mas nós ainda somos seus amigos. Vamos te ouvir e ajudar.

Eu respirei fundo.

— Esse não é meu lar. Não me encaixo aqui.

— Por que acha isso? — Sadie inclinou a cabeça ainda mais para me olhar nos olhos, e eu abaixei a mão que a segurava até encontrar uma de suas mãos que pudesse segurar. Aquelas íris brilhantes gritavam por respostas que eu não podia dar, e eu soube que a estava confundindo e machucando ainda mais ao mentir. A verdade era ridícula. Mas fosse o que fosse, me fazia mal.

ventured to say ˓ fillieWhere stories live. Discover now