Eu me ergui da cama, incomodada com os gritos de minha irmã. Abandonando minha conversa com Sadie, abri a porta, montando mentalmente sentenças para questioná-la e me defender de seus argumentos.
— Millie! — esganiçou-se Ava, desesperada à minha procura pelos cômodos da casa. — Me ajude, vamos!
— Mas o que foi que... — comecei, sendo interrompida ao desabar no assoalho com a loura sobre mim. — Ava! — ela se levantou ligeiramente, puxando meu braço como se fosse capaz de me tirar de lá. — O que há com você?
— Mamãe e bolinhos queimados! — explicou-se, parecendo de alguma forma pensar que aquilo fazia sentido, esperando ansiosamente que eu me erguesse. — Depressa!
Ava encarava a escada sempre que podia, saltando todas as vezes que ouvia seu nome ecoar em algum lugar no andar de baixo.
— A mamãe, ela... ela está uma fera — explicou-se, recuperando seu fôlego. Então nos levantamos, e logo em seguida a loura saltou.
— Ava! — berrou a Brown, subindo as escadas. — O que você fez na cozinha?
— Me esconda, Millie, por favor! — sussurrou, usando minhas pernas como um escudo contra a mulher à nossa frente, e que, surpreendendo-me, não notara a pequena atrás de mim.
— Millie, você... você viu a Ava? — ela olhou pela fresta da porta de seu quarto. — Ela fez uma bagunça inimaginável na cozinha.
— Hm... Não! — disse, sorrindo, tentando parecer calma enquanto a menor apertava minhas pernas com força.
Ainda mais raivosa, mamãe desceu as escadas novamente e, enquanto ela mantinha-se ocupada ao berrar o nome da filha, virei-me para me agachar em frente a loura, lançando em sua direção um olhar reprovador.
— O que aconteceu? Sabe que mamãe não se irrita facilmente, tem de haver uma boa razão para ela estar tão furiosa. — a assisti concordar com as mãos atrás do corpo, pensando que, ao observá-la daquela forma, ninguém jamais saberia que ela amava aprontar com quem fosse tolo o bastante para acreditar em seu ar angelical.
— Eu... eu derrubei alguns ovos no chão, enchi a pia de água para brincar de náufrago do capitão de panelas, assei uns bolinhos, organizei os armários... — disse envergonhada, balançando nos calcanhares.
Ainda que tudo, por si só, já parecesse bem ruim, tinha certeza de que a situação não podia ser tão facilmente resumida. O cheiro de fumaça que subia ao corredor mostrava que eu não poderia ter mais razão.
— Você fez bolinhos? — perguntei, sacudindo as mãos junto com a loura, devido ao aroma horrível que nos atingira.
— Sim, mas... não deram muito certo, sabe? Ficaram escuros, e... bem, o cheiro desagradável fala por si só — fez uma careta ao dizer, respirando fundo com uma expressão de desgosto, que migrou para uma confiante. — Mas na próxima eu acerto!
— Deus queira que não tenha uma próxima vez — tornei, estreitando os olhos e me levantando.
Meu celular vibrou com uma ligação, e atendi-a, quase sendo sufocada pela fumaça. Antes de levar o celular ao ouvido, rumei em direção a um local em que os gritos de mamãe fossem abafados o suficiente para que eu pudesse saber quem estava do outro lado da linha.
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ventured to say ˓ fillie
Fanfictionquando uma menina se mudou para o burgo dos wolfhard, levou consigo todas as suas inseguranças. eles se deram bem (certamente não de primeira, mas se compreendiam). no entanto, seu convívio podia ser melhor, pois haviam atingido um nível de estreite...