2. thunderstruck

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Eu me ergui da cama, incomodada com os gritos de minha irmã. Abandonando minha conversa com Sadie, abri a porta, montando mentalmente sentenças para questioná-la e me defender de seus argumentos.

— Millie! — esganiçou-se Ava, desesperada à minha procura pelos cômodos da casa. — Me ajude, vamos!

— Mas o que foi que... — comecei, sendo interrompida ao desabar no assoalho com a loura sobre mim. — Ava! — ela se levantou ligeiramente, puxando meu braço como se fosse capaz de me tirar de lá. — O que há com você?

— Mamãe e bolinhos queimados! — explicou-se, parecendo de alguma forma pensar que aquilo fazia sentido, esperando ansiosamente que eu me erguesse. — Depressa!

Ava encarava a escada sempre que podia, saltando todas as vezes que ouvia seu nome ecoar em algum lugar no andar de baixo.

— A mamãe, ela... ela está uma fera — explicou-se, recuperando seu fôlego. Então nos levantamos, e logo em seguida a loura saltou.

— Ava! — berrou a Brown, subindo as escadas. — O que você fez na cozinha?

— Me esconda, Millie, por favor! — sussurrou, usando minhas pernas como um escudo contra a mulher à nossa frente, e que, surpreendendo-me, não notara a pequena atrás de mim.

— Millie, você... você viu a Ava? — ela olhou pela fresta da porta de seu quarto. — Ela fez uma bagunça inimaginável na cozinha.

— Hm... Não! — disse, sorrindo, tentando parecer calma enquanto a menor apertava minhas pernas com força.

Ainda mais raivosa, mamãe desceu as escadas novamente e, enquanto ela mantinha-se ocupada ao berrar o nome da filha, virei-me para me agachar em frente a loura, lançando em sua direção um olhar reprovador.

— O que aconteceu? Sabe que mamãe não se irrita facilmente, tem de haver uma boa razão para ela estar tão furiosa. — a assisti concordar com as mãos atrás do corpo, pensando que, ao observá-la daquela forma, ninguém jamais saberia que ela amava aprontar com quem fosse tolo o bastante para acreditar em seu ar angelical.

— Eu... eu derrubei alguns ovos no chão, enchi a pia de água para brincar de náufrago do capitão de panelas, assei uns bolinhos, organizei os armários... — disse envergonhada, balançando nos calcanhares.

Ainda que tudo, por si só, já parecesse bem ruim, tinha certeza de que a situação não podia ser tão facilmente resumida. O cheiro de fumaça que subia ao corredor mostrava que eu não poderia ter mais razão.

— Você fez bolinhos? — perguntei, sacudindo as mãos junto com a loura, devido ao aroma horrível que nos atingira.

— Sim, mas... não deram muito certo, sabe? Ficaram escuros, e... bem, o cheiro desagradável fala por si só — fez uma careta ao dizer, respirando fundo com uma expressão de desgosto, que migrou para uma confiante. — Mas na próxima eu acerto!

— Deus queira que não tenha uma próxima vez — tornei, estreitando os olhos e me levantando.

Meu celular vibrou com uma ligação, e atendi-a, quase sendo sufocada pela fumaça. Antes de levar o celular ao ouvido, rumei em direção a um local em que os gritos de mamãe fossem abafados o suficiente para que eu pudesse saber quem estava do outro lado da linha.

ventured to say ˓ fillieWhere stories live. Discover now