06. what the duck

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— Tem certeza, Sadie? — franzi as sobrancelhas, estranhando a proximidade da voz de Finn. — Ela parece... não sei...

— Morta — falou a voz de Noah, e senti alguém me chacoalhar. — Sadie, ela morreu.

— Não, confiem em mim — tornou ela com seu tom animado, porém, levemente preocupado de sempre. — Millie é esquisita assim, mesmo...

— E se começarmos a falar palavrões? — perguntou Caleb. Eu me mexi, incomodada.

— Ahá! Não está morta, viu? — disse a ruiva com mais certeza e empolgação, cutucando meu braço esquerdo.

— Millie! — Finn me chacoalhou. — Millie! — ele inspirou. — Millie Bobby Brown!

— Droga, Finn! — como quem despertava de um transe, inconsciente de tudo o que havia feito antes dele, meu corpo se levantou na velocidade da luz, tenso com a proximidade e a altura da voz do Wolfhard, o que fez com que nossas testas se encontrassem. Ele resmungou como uma criança. — Ai! Que é que vocês querem, caramba?

— Acordá-la, Aurora! — os cinco esbravejaram ao meu redor, nenhum deles muito calmo. Me sentia como a difunta no caixão com entes nem tão queridos furiosos pela minha morte.

— Sumam daqui, vão — voltei a me deitar, deslizando no saco de dormir para me cobrir com a coberta presa ao colchão. Em alguns poucos segundos senti o peso de alguém me atingir sem piedade, os berros impacientes de Sadie preenchendo meus ouvidos. Tudo o que fiz foi empurrá-la, achando graça no estrondo que sua queda causou e na risada que Noah tentava conter. Ela o fez guinchar de dor assim que se recuperou. —Se não for pedir muito, sumam dessa casa também, e dessa cidade, desse estado, desse país falido, desse...

— Apenas fique quietinha. Você precisa me ajudar, vamos — a Sink me puxou para cima, me fazendo sentar no colchonete, então me forçou a ficar de pé, o que trouxe como consequência inúmeros cambaleios e a visão turva. — Eu me ofereci para preparar o café da manhã, mas não...

— Nem nos seus sonhos vou ajudá-la, nem pense, pode ir esquecendo — ela me arrastou para a cozinha, com o olhar de todos sobre nós. — Sadie, você assumiu essa responsabilidade, tome conta dela sozinha. A minha única responsabilidade agora é descansar meus nervos de vocês cinco por pelo menos mais alguns minutos.

— Que importa? — me olhou com seu sorriso mais falso. — Não consigo fazer comida para sete pessoas sozinha, Mills. Por favor, por favor, por favor! — Sadie parou na entrada da cozinha, as mãos nos meus ombros. Eu respirei fundo, os olhos ainda pesando um pouco, enfim concordando com a cabeça. — Isso! Que tal você preparar os ovos, enquanto eu...

— Enquanto me deixa em paz? Ah, seria ótimo, mas a vida é tristemente iníqua com todos nós, não é mesmo? — Sadie aquiesceu, infeliz, se enfiando no espaço apertado entre o balcão da cozinha e os armários que exibiram recipientes e itens culinários quando foram abertos. Eu me posicionei em frente ao fogão, recebendo de cara fechada a frigideira e os ovos que a ruiva me passava ao tempo que sorria fraco. Minha situação não poderia ser pior; estava com os fios bagunçados como se tivessem recebido uma carga de eletricidade estática, meu vestido com amassados e marcas e o cargo de cozinheira de cinco aluados. Por que diabos eles não podiam preparar suas próprias comidas?

— Você ronca alto para um baralho, sabia? — zombou Noah, entrando na cozinha com seu jeito de andar todo egocêntrico e irritante. — Eu fiquei tanto tempo ouvindo esses roncos das suas vias aéreas, que mais pareciam roncos de motores, que...

— Vá se enterrar na areia da praia, pelo amor de Merlin — quebrei um ovo na frigideira, deixando os restos no balcão e ligando as chamas das bocas do fogão para que pudesse alimentar outras. Noah, o desocupado, largou-se preguiçosamente numa banqueta, balançando suas perninhas curtas.

ventured to say ˓ fillieWhere stories live. Discover now