33. anxiety

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— Então, você ouve os Blow? — Jaeden sorriu, animado, rolando a tela do meu celular no setor das músicas e observando-as cuidadosamente. Fiz que sim com a cabeça, enquanto ria de seu surto razoavelmente controlado. — Não acredito! O Jack se contenta com aquele Kenny Rogers & Dolly Parton, tipo, nossa, sem comparações, não é?

— Chega a ser ofensivo — eu olhei de soslaio o cacheado no banco que antes era o do Jaeden. Sem que nenhuma aeromoça ou comissário de bordo percebesse, eles haviam feito uma troca aos sussurros e à força. Jack foi tirado por Wyatt de seu banco, para que então eu pudesse ter um bom vôo, um vôo em paz. Ao contrário, seriam quatro horas de discussões e gritaria. Jack me olhou feio de volta. — Mesmo, gosto dele cada vez menos.

— É esse o efeito Grazer, relaxa que todos são assim no começo. Ele e Noah não são muito diferentes — o menino ao meu lado sussurrou para mim, ainda sorrindo. Jaeden era legal, nós aparentemente tínhamos o gosto parecido para tudo, o que às vezes era assustador, mas eu me sentia melhor com aquilo. Não estaria sozinha nas minhas tardes de danças insanas ouvindo aos Blow, ao menos.

— Quando é que vou conhecer o lado bom da sua personalidade fria, hum? — provoquei o Grazer, os olhos queimando como línguas de cobra em chamas.

— Você não merece nem o meu ódio e quer meu coração? Ah, faça-me rir, Bobby Brown! — ele berrou de seu assento, chamando a atenção e atraindo olhares raivosos.

Eu optei por não lhe dar o que tanto queria, ele não me veria agindo com insanidade novamente no futuro. Havia decidido que não valia a pena, apenas o faria se sentir realizado, portanto, suspirei satisfeita ao ver de rabo de olho quando o Grazer rangeu os dentes e retornou ao encosto de seu assento. A visão do céu perolado matinal me roubava o fôlego como as célebres memórias de Finn que me vinham à cabeça vez ou outra. Era impossível saber a que velocidade voávamos, uma vez que havíamos perdido a visão dos prédios da cidade.

Ao fim do ciclo de bandejas de comida de caloria vazia, indiretas de Jack e algumas poucas horas de sono, fui despertada por um vibrar no bolso esquerdo de meu casaco e o respondi num tom propositalmente sonolento;

— É tarde demais pra que você volte, Mimi? — ouvi a voz melosa fingida de minha amiga ruiva. Sadie nunca agira tão carinhosamente antes, mas sempre soube que esse lado existia dentro dela. — Ah, Mimi, o Nick fez enchiladas pra nós. Adivinhe onde estamos!

— Sadie, eu estava dormindo — passei uma mão pelo rosto, em seguida prendendo o celular entre minha orelha e meu ombro opostos à mão em que o segurava antes, me arrastando um pouco mais para cima do banco e percebendo que a cabeça de Jaeden descansava em mim. Ele se sobressaltou, assustado, e olhou para mim, fazendo cara feia. — E Jaeden também.

— Ah, meu Deus, já estão íntimos assim?! — ela berrou pelo telefone, de forma que ele pudesse ouvi-la, mas eu agradeci aos céus por ele não tê-la compreendido.

— Calada! Nós só temos mais alguns minutos de vôo, mas ainda estamos no avião, então fale baixinho porque todos estão te ouvindo! Aliás, pode virar esses seus olhinhos de baiacu pra outro canto, Grazer? — sussurrei com raiva para o cacheado, que me estendeu a língua e meteu a cara em sua revista em quadrinhos de má vontade. Eu respirei fundo, sentindo o peso da distância entre nós duas cair sobre mim. — Bem, se Nick resolveu cozinhar, vocês só podem em um lugar.

— Bingo! — Sadie gritou outra vez, eu não soube bem se foi pelo que dissera a Jack ou pela adivinhação. — Estamos na casa de praia do Finn.

ventured to say ˓ fillieHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin