Capítulo XXX

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Os soldados de sombra formaram uma nuvem sobre eles. Um deles avançou na direção de Syran. O caçador cortou o peito do soldado com o machado. O homem quebrou como vidro, os fragmentos minúsculos explodindo de seu centro. Em segundos, o homem ficou inteiro de novo, os fragmentos se unindo. Ele avançou em Syran novamente, balançando sua espada brilhante. Alvo nunca havia visto nada parecido. Os guerreiros de sombra estavam atacando seu exército. Ao seu redor, os homens caíam, incapazes de se manterem contra o ataque selvagem. As sombras não mostravam sinais de cansaço. Seus rostos eram estranhos e sem traços característicos. Todos os ferimentos que sofriam rapidamente se curavam.

Quando eles se moveram, dirigindo as espadas contra o exército do Princípe, ele sentiu os olhos de alguém sobre ele. Olhou para a varanda do terceiro andar. Lá estava ela, Ismalia, postada com o manto de penas negras que cobria seu corpo. Sorria assistindo ao ataque do exército mágico, os guerreiros da escuridão vencendo a batalha.

Alvo não hesitou. No canto, perto da escada, os corpos estavam empilhados. Resistentes à dor, os guerreiros de sombra estavam matando rapidamente. Eles lancearam um de seus soldados com as espadas, depois se viraram para outro. Ele correu para uma das sombras, bloqueando-a com seu escudo. O guerreiro negro tropeçou, dando-lhe tempo suficiente para correr. Balançou sua espada contra outro soldado e o quebrou. Continuou serpenteando pelo pátio, a batalha crescente em torno dele, quando finalmente chegou à escada. Disparou pelos corredores silenciosos, assustado com o som de sua própria respiração ofegante.

Desembainhou sua espada enquanto se dirigia para o segundo lance. Era a mesma ala do castelo onde seu pai vivera todos aqueles anos antes de se casar com Ismalia. Agora estava diferente, porém. As cortinas estavam rasgadas. O longo corredor estava escuro, sem tochas para iluminá-lo. A cômoda estava tombada de lado, a madeira tomada pelo bolor. Ao lado dela, havia uma porta entreaberta, o quarto brilhando com uma estranha luz. Atentou-se para a sala do trono da rainha. Uma cadeira coberta de joias repousava encostada na parede. Espadas polidas estavam penduradas acima dela. Havia também uma caixa de madeira cheia de coroas ornamentadas com rubis enormes.

Alvo segurava a espada à sua frente, observando tudo. Atrás de outra porta, ao lado de um espelho de prata maciço, estava Ismalia. Alvo reconheceu seus olhos no reflexo deformado.

— Isso termina hoje — disse Alvo, seguindo em frente. — Eu vim por você.

Ismalia virou, um leve sorriso nos lábios.

— Então, vossa alteza está de volta — disse rindo. Olhou para a espada de Alvo. — Veio vingar o pai, que era muito fraco para levantar sua espada. — Puxou uma adaga repleta de joias do manto, girando-a em sua mão.

Alvo subiu os degraus e ficou diante de Ismalia, fitando seus olhos verdes penetrantes. A ira cresceu em seu peito. Como Ismalia ousava falar de seu pai, o homem que ela havia assassinado?

— Por meu pai — disse Alvo, segurando sua espada no ar —, pelo reino e por mim. — Saltou em direção à Ismalia, mas a rainha disparou para longe. Ela se esgueirou pelas costas, circundando o príncipe por trás. Alvo virou e golpeou contra ela novamente. Ismalia se moveu muito rápido, contudo, e avançou a passos largos para o outro lado da sala.

Passos soaram no corredor de pedra. Alvo viu Syran e Archibald na entrada da sala do trono. Ismalia levantou o braço. Com um estalo de seu dedo, o candelabro do teto acima deles se quebrou. Os cacos de vidro caíram, as peças se transformaram em fadas da escuridão. Elas avançaram em direção aos homens e os mantiveram longe dele.

Quando Ismalia estava convencida de que não mais seriam perturbados, virou para o garoto com seus olhos verdes ela o estudou. Aquela criança, que ela havia poupado há tantos anos, havia voltado agora para matá-la. A ironia daquela situação era quase insuportável. Ismalia não desejara que o garoto morresse, mas não tinha escolha. O espelho já havia dito: ou era a sua vida ou a dele. E ela já havia se divertido com essa rixa o bastante.

A Caça ao Cervo Real [Romance Gay] - Livro IOnde as histórias ganham vida. Descobre agora