62 - Bel

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Rodízio de churrasco! Eu mereço depois de ficar de regime forçado num mundo vegetariano.

— Então. — Natan olhou cheio de adoração para a garota que via pela primeira vez em semanas. — Me disseram que o seu namorado foi demitido desse cargo.

A brisa fresca da noite fazia o meu cabelo se enroscar no rosto. Tirei alguns fios rebeldes dos olhos e observei as duas pessoas que andavam à minha frente.

— Pois é. — Isabel abriu um sorriso enorme. — Não deu certo.

— Mas que pena, Bel! — ele mentiu com um sorriso cortante de alguém que finalmente tinha conseguido o que mais queria. — Espero que a culpa seja todinha minha!

Bel. E Isi. Não pude deixar de comparar os apelidos. O início e o final do nome dela. Um ganhou primeiro o seu coração, mas o último cuidaria melhor dele.

Entramos na churrascaria. Gael estava salivando só com o cheiro. Ele tinha sido totalmente corrompido pela alimentação do nosso mundo selvagem e primitivo. Quem come mato é vaca! A lembrança me fez rir. Ele ficava repetindo isso sempre que eu tentava colocar alguma coisa verde no prato dele.

Elisa era a única sem um par naquela mesa, isso não passou desapercebido aos olhos do garçom, que estava tendo dificuldades para olhar em outra direção. A saia curta dela não estava ajudando.

— Perdeu alguma coisa? — Gael encarou o rapaz que, tendo sido pego no flagra, quase deixou cair o espeto. — Ela é minha irmã.

— Ah... eu não... — o garçom pigarreou, meio atrapalhado. 

Você não vai querer que seja eu o seu cunhado. Acredite!

Elisa deu um chutão nele por baixo da mesa, fazendo-o pular da cadeira.

— Você não disse isso! — ela chutou ele de novo.

— Catarrenta de uma figa!

Natan estava quase engasgando de tanto rir. Não sei se mais da vergonha que a moça estava passando, ou se dos exageros do Gael.

O garçom de olhos arregalados, se afastou, provavelmente considerando que aquela era uma loira que daria trabalho demais. Ele estava certo. O nosso grupo tinha muita inclinação às coisas complicadas. Ou então ele só estava pensando que a gente era louco. Também não era mentira.

— Elisa precisa de um namorado. — impliquei, sabendo que o ciúme era uma característica marcante do caçador.

— Ela é uma criança! — Gael me encarou como se eu fosse uma traidora.

— E eu aqui todo inocente — Natan fez chacota —, achando que a loira e o aprendiz iam fazer um monte de raposinhas! 

Gael ficou branco, branco, branco! Elisa e Ramon numa mesma frase era igual a: eminente desmaio do caçador.

Ele se benzeu três vezes seguidas.

— Deus me livre e guarde. Amém!

O Natan ria como uma hiena.

— Com um irmão desse, você vai morrer virgem, priminha.

— Isso, ria da desgraça alheia! — ela o fuzilou. — Vou me lembrar disso da próxima vez que for chorar no meu sofá!

— Quem chora?! — o rapaz engoliu as rizadas.

— Você! — a loira debochou. — Se acostuma, Isabel. Isso aí vem cheio de problema! Melhor você fazer um cursinho de terapeuta.

— Que ridículo! — ele bufou na hora. — Tudo mentira, Bel! Tudo mentira!

— Bebê chorão. — Elisa cutucou.

— Mas você é uma exagerada mesmo!

— Nunca imaginei, Natan. — Isabel entrou na onda. — Um homem desse tamanho com um coração tão sensível.

— Eu?! É claro que não. Meus olhos nem têm canal lacrimal. Eu não choro. Nunca!

— Acho super sexy homem que chora. — Isabel fez um bico, segurando o riso.

A mesa inteira ficou em silêncio. O caçador olhando para ela.

— Na verdade, Bel — ele abriu um sorriso largado. — eu choro todo dia!

E nós caímos na risada. O som da cadeira se arrastando fez a atenção se voltar para o movimento.

— Ah, não! — Gael ficou exasperado. — Pronto! Qual é o problema dessa vez?! Acabamos de salvar o mundo, estou tentando dar um tempo de coisas bizarras. Por que eu não posso ser normal em paz?!

— Eu não sou o porta-voz da desgraça, Sr. Gael. — Ramon fez uma careta com as boas-vindas. Era tão estranho vê-lo tão comum, só de jeans e camiseta.

— Está fazendo o que aqui?

— Turismo.

E ganhou um pesteleco por ter repondido ao caçador assim.

— Por hoje... é só um jantar. — a raposa colocou uma pulga atrás da orelha de todo mundo. Por hoje. O que ele tinha guardado para amanhã?

Ramon e Isabel finalmente se conheceram e ela chegou a suborná-lo em troca de uma poção mágica que a transformasse em uma criatura mágica. Infelizmente... — ou felizmente, vocês leram a minha história até aqui, então vou deixar que decidam — o mundo Natural continuaria sendo só parte da imaginação dela.

— A única coisa que eles servem aqui são animais mortos? — o aprendiz franziu o cenho para a comida.

— Preferia vivos?! — Gael gozou.

— Eu sou vegetariano. — o rapaz fez questão de lembrar.

— Pode deixar que a Elisa dá um jeito de te desvirtuar rapidinho. — Natan piscou para ele.

Gael Ávila pegou na hora o duplo sentido da frase e virou o cão!

— Só lembrando — avisei —, que assassinato ainda é crime nesse planeta. E de jeito nenhum vou te visitar na cadeia! A minha mãe não me educou para isso.

A mente dele estava trabalhando rápido em planos de tortura. Podia quase ouvir os pensamentos. Como se livrar de um aprendiz: passo 1. Então o rosto do caçador se iluminou de repente. Uma ideia brilhante nascendo em sua mente desgovernada. Ele bateu na mesa e apontou o dedo na cara da Elisa.

— Vou te internar num convento!

Ciumento? Imagina! Nunca nem vi! kkkkk Gael, Gael!

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Ciumento? Imagina! Nunca nem vi! kkkkk Gael, Gael!

E vamos ao último capítulo. Prevejo algumas ameaças de morte à minha pessoa!

Não esquece a estrelinh, respira fundo e... vai!


Noite Sombria | 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora