7 - Novidades

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Tinha muitas novidades esperando por mim. A melhor delas de chamava Elisa. Gostei dela na mesma hora! Ela declarava seu ódio abertamente pelo Gael, uma espécie de irmão mais velho, então provavelmente deveria amá-lo incondicionalmente.

Isabel estava completamente apaixonada pelo Pedro, isso era visível. Eles estavam juntos de novo... Eu não tinha certeza do que pensar sobre isso.

Na companhia de dança eu participaria dos ensaios normalmente, mas não das apresentações. Isso me daria os finais de semana livres, onde cada mísero segundo seria passado em cima dos livros para colocar a toda a matéria da escola em dia. Era muita coisa! Mas era isso ou repetir de ano. Credo! Tremia só de pensar!

E embora o meu cérebro e os cadernos não estivessem tendo uma relação muito positiva, o meu corpo e a dança era uma história diferente. Eu estava dançando como se nunca tivesse deixado de fazê-lo. O meu corpo tinha memória própria, ele sabia executar coisas que eu nem me lembrava de ter aprendido. Foi incrível!

Na escola, milhares de cochichos me seguiam pelos corredores. Muitos alunos não acreditavam que eu tivesse sobrevivido, e agora lá estava eu, conversando com gente que eu nem conhecia... bom... que eu não me lembrava de conhecer.

Mas o pior de tudo foi, sem dúvida, ver aquele aluno entrar pela porta. Tive que olhar duas vezes para acreditar na coincidência. Não! Ele estudava na minha sala! Pior, ele sentava atrás de mim!

Eu fingi que não estava prestando atenção nesse detalhe, mas era quase impossível manter o coração batendo no ritmo normal, já que dava para sentir o olhar dele caminhando sobre a minha pele. Aquele rapaz estava me deixando nervosa, e sabia disso. Só que ele não ligava! Pelo contrário, podia quase dizer que ele estava gostando.

Eu não sabia lidar com um olhar assim. Intenso. Verde. Dourado. Uma mistura muito complexa e complicada, com a palavra problema escrita em cada linha.

Mas após uma semana, as coisas, aos poucos, estavam se acalmando. Naquela noite, uns barulhos estranhos começaram a vir do apartamento vizinho. Sons atropelados e abafados de coisas caindo, batendo e quebrando. O lugar só podia estar em demolição e o pedreiro, fazendo hora extra!

Terminei de lavar a louça do jantar e enxuguei as mãos no pano de prato. O que aquele casal fofo de idosos poderia estar fazendo? Alguém parecia estar socando as paredes!

Parei no corredor do lado de fora do apartamento deles e fiquei encarando a porta. Eu ouvia os insultos e xingamentos sendo cuspidos por uma voz áspera demais para ser a do Sr. Barbosa. Bati três vezes, alguém gritou uma resposta com arrogância:

O que foi?

Definitivamente não é o Sr. Barbosa! Ouvi passadas duras contra o chão e me afastei, a porta se abriu com ímpeto.

— Gael?! — a surpresa se formou com uma careta.

— Vizinha! — o semblante emburrado dele se transformou na mesma hora. A postura hostil assumindo uma elegância inquestionável.

— O que você está fazendo aqui? — olhei atrás dele para dentro do apartamento. — E onde estão os Barbosa?

Colega de classe, ex-namorado e agora vizinho?! Esse cara está me perseguindo! Aliás, por que ele estudava em uma escola de artes se não era aluno de nenhuma?! Eu nunca teria imaginado que ele tivesse dificuldades em matemática, mas olhava para a professora como se ela falasse grego. Tive que prender o riso durante a aula daquela manhã com a cara de sofrimento e auto piedade que ele fez.

— Eles se mudaram. — o rapaz respondeu. — Eu moro aqui já faz um tempo.

— Ah, tá. Eu... achei que fossem eles... não me lembrava... que tinham se mudado.

Noite Sombria | 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora