10 - Asinhas de borboleta

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Na manhã seguinte...

— Não! — quase tive um treco! — Não! — sentei abruptamente na cama e fiquei olhando estarrecida e abobalhada aquela coisa linda e exótica pendurada no meu pulso. — Mãe!

Mas a minha mãe jurou de pé junto que não tinha sido ela. O meu pai, idem. Como?! Alguém me explica?! Como aquela pulseira de diamantes negros tinha ido parar ali?! Talvez a minha mãe estivesse mentindo, ela e o Gael tinham algum tipo de pacto, ou coisa assim. Ele deve ter pedido para ela colocar em mim. Ou isso, ou ela deixou ele entrar de mansinho.

— Por que está usando outra vez essa pulseira de carvão? — o John fez uma careta quando me viu chegar na escola com ela.

Eu ri da cara de despeito do meu amigo.

— É por isso que eu te adoro. Você sempre consegue me deixar de bom-humor. E só para te deixar tranquilo, eu não vou usar. Só vou devolver ao verdadeiro dono.

Eu tinha a ligeira sensação que se eu confrontasse aquele verde dourado sem a pulseira no pulso, ele negaria. Ou talvez dissesse que andei sonhando com ele, o que seria péssimo!

Obviamente Gael reparou nela assim que passei pela porta da sala de aula, mas ficou surpreso por encontrar a pulseira em mim. Ele não deu um pio sobre o assunto. Se ele achava que tinha vencido, ia cair do cavalo.

— Como?! — exigi na cara dele assim que o sinal do intervalo soou.

— Estou com fome. — nem se deu ao trabalho de olhar na minha cara, talvez ele já soubesse que o seguiria. — Preciso de um picolé. Não dá para ser feliz nesse calor sem sorvete por perto.

— Vai me explicar isso, queira ou não, porque eu não vou mesmo desistir.

— Eu sei. Mas quanto mais rápido eu fizer isso, mais rápido você vai perder o interesse, e mais rápido vai voltar a agir como se eu não existisse, então... — ele me lançou um olhar por cima do ombro sem diminuir o passo. — Vamos manter o seu interesse aceso, Srta. Ferraz, assim você não foge de mim como seu fosse o diabo.

Ele estava jogando comigo, e eu estava seguindo direitinho as regras.

Me coloquei à sua frente, ele ia ter que parar e conversar comigo, ou me atropelar. Os corredores estavam cheios, as pessoas passando por nós, eventualmente esbarrando aqui e ali.

— Como? — repeti séria. Eu não queria jogar nenhum tipo de jogo com ele. Eu não estava fazendo piada. Eu estava falando sério e queria ser tratada como tal. Aquela pessoa me devia uma explicação e iria me dar.

Gael ficou muito, muito satisfeito com o efeito que estava provocado em mim, assim como com a nova morada do objeto exótico.

— Eu sabia que ia mudar de ideia. — abusado! Que descarado sem vergonha! — Diamante negro combina com você.

— Como fez isso?! A minha mãe deixou você entrar, não foi?! — ele negou com a cabeça.

— Entrei pela janela. — respondeu sério. Ah, tá. Sei.

— Não importa. — sacudi a cabeça e desabotoei a pulseira. — Não estou brincando. — estendi para ele. — Eu não vou usar, e quero que você pegue de volta.

— Você já viu no que deu me entregar isso. — ele avisou. — Se não quer usar, melhor guardar numa gaveta.

— O que está insinuando? — estreitei os olhos na direção dele.

— Estou insinuando, pulchram, que já adoro invadir o seu quarto de madrugada. Não me dê mais um motivo para fazer isso.

Senti um frio de nervoso na barriga. Não tinha como ser possível, mas de alguma forma parecia que ele estava falando a verdade. Era melhor que não fosse, porque... o calor subiu pelo meu pescoço. Não, não tinha como. Ele estava só me provocando.

— Qual era o meu pijama? — desafiei, cruzando os braços. Ele não esperava por aquela! Sorri comigo mesma. Pego na trapaça, Gael Ávila. Tinha sido a minha mãe a colocar a pulseira em mim, como eu suspeitava.

Ele nunca iria adivinhar! Eu tinha uma coleção de pijamas e mesmo que ele os conhecesse de uma vida anterior, nunca acertaria o da noite passada.

Os dois cantos da sua boca se ergueram em simultâneo, formando o sorriso mais safado que eu já vi na vida.

— Você chama quilo de pijama? — não... não... — Asinhas, douradas e rosas. — o sorriso ficou ainda maior quando a descrença e a indignação tornaram a minha respiração difícil de controlar e o meu corpo inteiro ficou quente. —

— Filho da puta. — grunhi. Ele caiu na risada.

Fizera tanto calor que eu não tinha dormido de pijama. Uma camiseta velha e bem larguinha, tão velha que as palavras escritas de preto já tinham desbotado para um cinza russo, e uma calcinha com asas de borboleta douradas e rosas. Parece que na camiseta ele não tinha reparado. Filho da puta!

— Eu não toquei em nada! — ergueu depressa as duas mãos em sinal de inocência e deu dois passos atrás. Era bom mesmo, porque estava ficando perigoso para ele. — Juro que só observei. — ele virou o rosto e viu o John se aproximando pelo corredor.

Nenhum deles gostava da presença um do outro, por isso era muito difícil permanecerem juntos por mais do que alguns segundos. Foi só o que o Gael precisou para acabar com o resto do meu dia.

Ele esperou o John estar perto o suficiente para ouvir o que o que saiu de sua boca em seguida:

— Relaxa, carissimi. — e dessa vez falou com pura maldade, olhando bem na cara do John. — A sua calcinha é linda!

Claro que não ficou para ver o resultado que aquilo ia gerar. Eu só queria me enfiar no primeiro buraco que me coubesse. O meu coração chegava a retumbar nos ouvidos de vergonha e desespero. Filho de uma puta!

— Que merda é essa que ele falou?! — o John não gostou nada. — Como é que ele sabe como é ou deixa de ser a sua... — ele não completou.

— É uma longa história. — definitivamente a minha mãe tinha deixado ele entrar no meu quarto. Pois ela que esperasse até eu chegar em casa!

Saí bufando e pisando duro. O primeiro que passasse na minha frente eu ia matar!

 O primeiro que passasse na minha frente eu ia matar!

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Uiiiiiiiii adoro! kkkkkkkkk

É isso amados! Espero que tenham se divertido! Um Feliz Natal para todos, cheio de gostosuras e guloseimas!

Um bjo enorme e nos vemos na próxima.

Noite Sombria | 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora