39 - Base

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Duas semanas! Duas?! DUAS!!!

Quase morri ali mesmo! Ok. O mundo está acabando! Essa é a notícia ruim, a boa é que eu posso fazer algo a respeito. Ou será que é essa que é a notícia ruim?

Uma balburdia tinha se instalado ao meu redor. Todos falando ao mesmo tempo com os ânimos alterados. Gente se acusando e se defendendo. Só o dono da casa e eu permanecíamos sentados em silêncio.

Ramon segurava Elisa pela cintura, tentando impedir que esta agredisse a raposa branca, que por sua vez, apontava o dedo na cara do Gael, revidando as injúrias verbais que recebia dele.

— Eu falei para você trazê-la para cá com urgência! — Selva gritou por cima dos gritos.

— Você nunca me disse os interesses sujos que tinha por trás! — ele cuspiu de volta.

— Você precisar do guardião. — Sr. M falou e só eu ouvi. — Ele ser a base. — acrescentou.

O falatório estava me irritando de verdade, cutucando e espetando o meu cérebro ainda em choque. O meu sangue ferveu o torpor foi substituída pela raiva.

— Já! Chega! — bati a mão sobre o tampo de madeira com um estalo ríspido. — Calem a boca! Todos vocês! — eles ficaram em silêncio instantaneamente, olhando surpresos para mim. Voltei a olhar para o meu anfitrião. — Desculpe, Sr. M, os modos dos meus amigos. Ao que parece nenhum deles foi socializado como o senhor e eu. Poderia repetir o que disse para mim, por favor?

Ele deu uma risadinha da situação, enquanto os outros recompunham a postura perdida e voltavam a se sentar.

— Precisa ajuda do outro guardião. — repetiu.

— Do senhor? — perguntei. Nós estávamos ali justamente para pedir a ajuda dele.

— Não! O outro.

— Que outro? — olhei confusa. — Não tem mais nenhum guardião aqui. Os caçadores pararam de caçá-los. Eles estão... espalhados pelo mundo.

— O jovem. Você criar o portal... ele ser sua base.

— Precisamos de outro guardião?! — o semblante da Selva me desesperava. — Não foi dessa aqui que o senhor disse que precisava?! Então, ela está aqui. Use-a!

— Precisamos de mais um. — ele esclareceu.

— Não temos tempo para encontrar outro guardião! — Gael largou. — Uma caçada pode levar meses, ou anos!

— Mas você já o encontrou. — Sr. M o fitou com um brilho no olhar. — Não precisa mais escondê-lo!

O caçador trincou os dentes e lançou um olhar de esguelha para a irmã.

— Gael?! — comecei. — Está escondendo um guardião? Por quê?

— Não estou escondendo. — respondeu.

— Está sim! — Sr. M implicou.

— Não estou! — Gael o fuzilou com os olhos. — Ele é... diferente dos outros... tem um cheiro fraquíssimo.

— Ele vai servir. — o homem declarou sem perder o sorriso.

— Ótimo! — Selva falou com urgência. — Onde está?

Gael bufou com raiva e expressou uns insultos ininteligíveis numa língua estranha em voz muito baixa.

— Tem estado bem abaixo dos nossos narizes. — Elisa assumiu a conversa. — Alma tem encoberto o cheiro dele.

— Eu?!

— É. Você. — Gael respondeu. — O seu cheiro é bem forte então... esconde o dele. Já era para a magia dele ter se desenvolvido por estar perto da gente, mas fé e magia estão diretamente ligadas. Ceticismo. É a praga dessa lavoura, não deixa a planta crescer. Ele não tem um pingo de fé no coração.

— Quem é? Fala logo, Gael! — eu já estava me mordendo de curiosidade.

— É o... mequetrefe miserável! — falou emburrado, quase espumando.

— O John?! O... o meu John?!

— Ele não é seu! — Gael cuspiu com muita raiva.

— O que dança comigo há séculos? Uma criatura mágica?! Não creio! Estou... passada! Como?!

Elisa explicou a teoria da gestação de gêmeos. John era um guardião com uma magia mais fraca e ela não estava se desenvolvendo.

— Não podia ser mais ninguém no mundo! — o caçador estava inconformado e espumando de ciúme! — Tinha que ser ele! Já não bastava ele ser bailarino vocês ainda tinham que ser da mesma espécie!

— Perfeito! — Sr. M falou. — Hora de enfrentar o seu caminho. — e começou a nos enxotar. — Você não! — segurou os meus dois braços fortemente sobre a mesa. — Tenho um presente para você antes de ir.

Senti a eletricidade mudando em volta. Um choque violento me atingiu repentinamente. Com uma mão fortemente apoiada sobre cada um dos meus antebraços, a energia fluía para o meu interior através de suas palmas. O meu corpo estava preso no lugar por uma poderosa corrente elétrica e magnética. Meus cabelos arrepiaram, completamente. Insanidade. Fogo. Dolorido e colorido invadindo mente e sangue. As minhas veias coçaram com a loucura. O meu coração fibrilou descompassado.

A energia caiu e o homem me largou. Tudo cessou de repente, assim como tinha começado.

— O que aconteceu aqui? O que você fez com ela? — Gael perguntou preocupado. — Você está bem? — ele me tocou e levou um choque, retirando a mão com um gemido.

— Desculpe. — falei controlando a selvageria dentro de mim. Saía fumaça da minha pele.

— O que você fez com ela?! — Gael acusou.

— Dei uma ajudinha.

O homem e a filha da lua trocaram um rápido e fugaz olhar de cumplicidade. Quase posso jurar que ela fez uma reverência.

— Está tudo bem, Gael. — segurei o braço dele e dessa vez ele não levou um choque.

Carissimi. — ele me puxou para um abraço. — O que aconteceu?

— Eu... — olhei o homem que fizera algo estranho dentro de mim. —, não sei.

— Ótimo! — Sr. M afirmou alegremente. — Agora, vocês todos, fora da minha casa!

Elisa olhou aquela situação meio desconfiada, mas fomos todos escorraçados porta afora.

— John, não é? — Selva com um risinho travesso. — Um cético que precisa virar crédulo. — Tenho um trabalho para você, Ramon. — ela agarrou a manga do aprendiz e o puxou atrás de si.

— Vamos precisar de mais armas. — Gael avisou. — Acho melhor visitarmos os metalúrgicos.

— Nada disso! — interrompi os planejamentos de batalha. — Se vamos mesmo lá para baixo, então vai ser guerra. E dessa vez... vamos levar armas de verdade.

John vai com a gente na aventura! Por que será que eu acho que vocês não gostaram disso? kkkkkkk

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John vai com a gente na aventura! Por que será que eu acho que vocês não gostaram disso? kkkkkkk

Não esquece da estrelinha, e vamos ao próximo.

Noite Sombria | 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora