Capítulo Trinta e Um - Isso que nos faz garotas.

4.3K 489 319
                                    


Exatamente do outro lado de Paris, Kagami sentava na ponta da cama de Luka, que havia ido até a cozinha do apartamento em que morava sozinho.

A japonesa e ele haviam se conhecido em um show de Jagged Stone em San Francisco, desde então, viraram amigos, e até mesmo confidentes. Luka havia morado por alguns meses em Nova York, onde viveu por algum tempo, o que fortaleceu ainda mais sua amizade com o garoto

E agora a vida os juntou novamente em Paris.

Se viam quase todo dia, saíam juntos com os amigos do moreno. Era bom, eles tinham a sua vibe de vida, e ela adorava aquilo.

Naquela noite, não saíram. Iriam aproveita-la para colocar o papo em dia. Luka contava para ela sobre o dia na faculdade, e os boatos sobre a briga matutina de Adrien Agreste e Marinette Dupain-Cheng. Kagami ouvia, mas estava muito quieta. Isso chamou sua atenção.

- Odeio quando você fica tão quieta. – Luka murmurou, e lhe jogou uma das garrafas de Heineken que havia pego na geladeira. Sentou-se de frente para ela, na cadeira giratória. – É pelo Adrien?

- Não. – Ela suspirou, tomando um gole, e se encostou na parede. Cruzou as pernas. – Adrien... não é algo que eu ligue mais.

- Não é o que parece. – Luka disse. – Você mesma disse sobre o último showzinho de ciúmes.

- Talvez isso seja passado. Nesses dias... acho que percebi que tudo acabou quando peguei aquele voo. – Ela disse, retirando os tênis que usava com os pés, deixando-os cair no chão. – Não somos mais os mesmos e... ele está melhor com ela. Estou quieta por outra pessoa.

- Por quem, então? – Luka demonstrou um interesse enorme. Parecia muito curioso com aquilo. – Você não é de ficar pensativa por muitas pessoas. Prefere que todos se fodam.

- Sim, mas... essa pessoa é um pouco especial. – Ela mordeu o lábio inferior. Ele fez sinal para que continuasse. – É pela Marinette.

- Marinette? Achei que não se conhecessem. – Luka deu de ombros, se encostando na cadeira e colocando os pés sobre a escrivaninha.

- Tem coisas que você não sabe. – Ela murmurou, puxando seu cigarro que estava sobre a mesinha de cabeceira. Deu uma tragada forte.

- Vai me contar? – Ele perguntou, tomando outro gole da cerveja.

- Sim, preciso de algum para desabafar. – Ela deu de ombros. Colocou a cerveja entre as pernas, e puxou o celular que estava jogado sobre a cama. Abriu a galeria, e ampliou uma foto. Virou para ele. – Reconhece essas duas garotas? Pois é...

"Na direita, eu, aos meus dezesseis anos, e do meu lado, Marinette Dupain-Cheng. Estranho, não é? Pois é, hoje em dia parece mesmo, mas antes não.

Você já sabe que nasci no Japão, e todos esses detalhes básicos. Vim com quatorze para a França, quando meu pai morreu. Minha mãe me abandonou a própria sorte enquanto trabalhava e cuidava de tudo. Ficou mal ao ter que abandonar a esgrima para cuidar de negócios, e me enfiou em um curso, e eu até mesmo gostava. Eu me virava na medida do possível, mas a liberdade era... uma coisa boa e ruim ao mesmo tempo.

Eu nunca soube bem o que eram limites. Minha mãe nunca me impôs algum, desde que eu fosse a melhor em tudo o que eu fazia. Eu poderia até mesmo me filiar a Yakuza que ela não ligaria, desde que eu fosse a melhor esgrimista daquela cidade.

E eu era, com muito orgulho.

Ao mesmo tempo que eu era uma vagabunda, com todas as letras, e também, com orgulho.

For YouWhere stories live. Discover now