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Capítulo Vinte e Seis - Motivações com uma dose de verdades.

Mexer os pés era uma mania que Marinette se lembrava ter desde pequena quando ficava nervosa.

Havia percebido, visto que toda vez que Sabine a deixava sozinha em algum canto, enquanto conversava sobre mais uma atividade extracurricular onde enfiaria a garota, ela ficava mexendo cada vez mais os pés de acordo com o quanto que seu nervosismo aumentava.

Adrien havia notado isso, enquanto observava a garota inquieta ao seu lado, à espera de Tikki.

Pensou se deveria abrir a boca e soltar algum tipo de "tudo vai ficar bem" ou se deveria ficar quieto. Marinette já estava uma pilha de nervos e ele não queria piorar sua situação.

Terem passado juntos o resto das aulas, por um lado, havia sido bom. Os comentários diminuíram, principalmente por Marinette ser considerada a namorada de Adrien, e ninguém queria um problema com Adrien, principalmente no setor de moda na faculdade.

Boa parte dos que ali estudavam almejavam alguma chance na Gabriel, e como conseguiriam com um impasse justo com o filho do CEO da empresa?

Em momentos assim, Adrien era grato pelo sobrenome "Agreste".

Por outro, Marinette parecia ficar cada vez mais tensa de acordo com as horas que se passavam.

Segurou a mão dela em um gesto de cumplicidade e companheirismo. Viu que suavam frio, e apertou-as como se assim, pudesse proteger e garantir que tudo estava bem e terminaria bem.

Tikki adentrou a sala.

Ambos os olhares foram desviados para ela, cujo rosto estava neutro, não esbanjando nem um incline para uma boa noticia e muito menos para uma má. Segurava uma pasta negra, e seus saltos ecoavam enquanto se dirigia para a cadeira, de frente para eles.

Se sentou, e olhou para os dois que, apreensivos, só esperavam que ela começasse logo a falar.

- Marinette e... – Tikki sorriu, e olhou até mesmo surpresa para Adrien. – Adrien! Wow, bom vê-lo novamente!

- Também é bom te ver, Tikki. – Ele sorriu, um sorriso genuinamente educado, ao mesmo tempo que ansioso.

- O que está acontecendo com Hugo? – Marinette cortou qualquer tipo de reencontro amigável entre eles, com um dane-se as boas maneiras. Tikki a olhou, os olhos azuis cintilaram. – Por favor, Tikki! Não me diga que...

- Não, Mari, você ainda não perdeu a guarda. – Tikki disse, e Marinette sentiu-se levemente aliviada, por mais que a palavra "ainda" lhe assombrasse. – O julgamento do seu caso está próximo, mas o problema é que... apareceu uma nova família disposta a adota-lo.

Marinette arregalou os olhos, e em seguida, afundou o rosto em suas mãos, não querendo acreditar no que ouviu.

- Mas... a Marinette tem mais direitos, não é? – Adrien murmurou. – Ela é a mãe dele!

- Biologicamente, sim. – Tikki falou, mas soltou um suspiro. – Por outro lado, ela o "abandonou", segundo os registros. Ela assinou um documento que deixava o garoto nas mãos do Estado, consequentemente, o Estado é quem decide o que vai ser melhor para ele. Devemos também ressaltar que o juiz nunca foi com a cara dela.

- Ele não pode agir injustamente! – Adrien estava irritado, e Tikki parecia perceber.

- Não, ele não pode. – Tikki murmurou. – Mas a Marinette é uma garota nova, que não tem um emprego considerado fixo, ainda está cursando a faculdade e é considerada "na flor da idade" que, enganada ou não pelos pais, abandonou o filho, e como não tem como provar que não fez por vontade, não temos como ajuda-la tanto. O vazamento das imagens de vocês nesses dias apenas piorou o caso. Por outro lado, temos um casal estabelecido, formados e com emprego fixo. Possuem condições financeiras para manterem a si e ao garoto, e assim como ela, estão totalmente apaixonados pelo garotinho. Não se trata de quem é o verdadeiro, mas quem pode realmente dar o melhor para ele. – Tikki soltou um suspiro triste. – Eu entendo o lado de vocês, e em todos esses anos, eu sempre estive e ainda estou do lado da Marinette, mas não cabe só a mim, garotos.