Não haviam palavras o suficiente para serem ditas. Tudo que eu sentia em relação ao passado eu havia falado à Camila horas atrás e estava com a consciência limpa.

- Você tem certeza disso? Tem certeza que a ama? Sempre pareceu que você nunca soube sequer o que significa amar, porque quando se ama alguém você prefere morrer do que machucar. Quando a gente ama, Lauren, a gente fica! E você a deixou lá sozinha! – Exclamou a loira.

Nos encaramos.

- Eu estava sozinha, Luna! Literalmente sozinha, não sabia das cartas, não sabia de nada e quando eu perdi toda minha família e ela apareceu ali a única coisa que passou pela minha cabeça foi que ela estava com pena de mim. – Falei com pesar. – Quando você está com dor e com raiva você só quer descarregar em alguém e o meu erro foi ter feito isso na pessoa errada, mas eu estava com tanta dor quanto ela! Foram dores múltiplas sobre sentimentos diferentes! Eu deixei tudo para apoia-la, um ano da minha vida esperando que ela saísse de lá e nós seguíssemos juntas e eu fiquei mais de seis meses sem notícias quando todas as outras recebiam, o que eu deveria pensar?! Hum?! – Exclamei.

Eu poderia ter ficado uma verdadeira bagunça, um caos quando a ficha de que minha família estava morta caiu, eu estava com dor, não sabia de nada, as pessoas não poderiam julgar as minhas atitudes quando elas não sentiram o que eu senti.

Eu machuquei Camila e me arrependia muito por isso, houveram consequências, mas eu estava com dor também.

Se eu soubesse que todas as cartas enviadas para mim estavam com o pai dela nada disso teria acontecido, mas eu não fazia ideia, a sensação de ter sido abandonada parecia ter sido multiplicada naquele momento e pensar que ela estava ali apenas por pena da tragédia que aconteceu na minha vida não fez a sensação diminuir, nem um pouco.

Todos os meus atos foram apenas um reflexo do que eu estava sentindo.

- Ela me contou tudo isso, Lauren. Eu a vi despedaçada por ter jogado meses de tratamento no lixo, por ter perdido as pessoas que ela considerava como família, por ter perdido a melhor amiga e por ter sido rejeitada por você. Eu não posso aceitar que ela seja destruída de novo pela mesma pessoa, entende? – A loira continuou.

- Ela também me destruiu, Luna, mesmo sem fazer ideia disso, mesmo sem ter culpa, ela me destruiu. A falta de comunicação acaba qualquer tipo de relação e naquele momento não foi diferente. – Fiz uma pausa. – Eu não a culpo, jamais! Ela não tem culpa nenhuma nessa história e naquele momento, há três anos atrás, eu também não tive. – Salientei.

Eu não culpava Camila de nada, afinal, ela era a pessoa mais inocente daquele história, mas estava cansada de ver que as pessoas jogavam toda culpa para cima de mim sem ao menos pensar em como eu estava naquele momento, meus amigos, exceto Veronica, me chamaram de covarde, de fraca, de egoísta, mas em momento algum tentaram ver o meu lado em toda aquela situação.

Não, eu não estava me vitimizando, não estava querendo sair como a pessoa mais inocente porque aquilo seria impossível, mas eu não era de fato a culpada por tudo, nem eu, nem Camila. A dor era a culpada, o pai dela era o culpado, a falta de comunicação era a culpada.

Mas eu não deixaria mais que as pessoas apenas jogassem a culpa em mim.

Flashback On

Eu estava sentada no sofá do apartamento, as outras meninas haviam chegado a pouco dias, tudo estava uma agitação, início das aulas na Universidade, casa nova, curso dos sonhos e eu continuava sentada no sofá do apartamento.

Eu me sentia como se estivesse enlouquecendo, as vozes dos meus amigos apenas ecoavam pelo local sem que nada fosse fixado em meu cérebro, a única coisa que eu conseguia ouvir eram as vozes dos meus pais e dos meus irmãos.

The Daughter Of The Reverend - G!P 2ª Temporada  Onde as histórias ganham vida. Descobre agora