XI

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Camila Cabello Point Of View

De repente tudo havia se tornado caos novamente, a calmaria se foi e deixou apenas a confusão de sentimentos interrompidos, sim, interrompidos pela dor, pela angústia, pela pessoa que jurou me amar. No momento em que nossos olhares se cruzaram eu pude perceber que tudo que eu sentia continuava ali, intacto, o frio na barriga ainda se fazia presente mesmo depois de três longos anos. Eu continuava amando a pessoa que fez de mim ruína.

O que eu deveria fazer agora?

Toda confusão parecia rir de mim, eu queria gritar, mas sentia-me sem voz, completamente muda.

A paisagem borrada pela velocidade do carro me deixou inerte às coisas.

- Camila? - A voz da mulher que dirigia o carro tirou-me de meus devaneios.

- Eu me sinto tão fraca por tê-la beijado de volta. - Admiti em um tom baixo. - Foi como a primeira vez que nos beijamos, a mesma maldita sensação. Eu não posso continuar amando-a, Liz. - Continuei.

Eu sempre soube que amá-la seria algo complicado, mas nunca imaginei que isso traria tantas consequências.

Amar Lauren tornou-se meu maior erro.

- Em todos esses anos você não conseguiu mudar isso, Camila, acha que agora, estando nos mesmos lugares que ela vai fazer isso mudar? - Questionou Liz.

- Eu queria que todo esse amor se transformasse em nada! Eu queria conseguir não sentir nada por ela! - Afirmei.

- Você sabe que ela não vai desistir tão fácil. - Continuou a mulher.

- Sabe, Liz, ela desistiu de mim há anos atrás, ela afirmou com convicção que não me amava. Por que isso mudaria? - Indaguei. - Eu não reconheci a Lauren que me deixou plantada em Miami e nem sequer conheço essa Lauren. Eu não quero conhecer. - Falei ao encarar o movimento na rua.

Eu podia ver claramente o céu nova-iorquino nublado, lentamente os pingos de chuva começarem a bater contra o para-brisa do carro.

Era impressionante como sempre chovia nos momentos em que Lauren e eu tínhamos alguma briga. A chuva era a representação da tempestade de confusões dentro de nós.

Acabei rindo mórbida.

- O quê? - Indagou Elizabeth.

- Eu só estava pensando em como toda essa merda é sombria. - Falei alto. - Quando eu estava prestes a voltar para o México choveu muito, ela foi atrás de mim, quando a família dela morreu também choveu muito e eu fui atrás dela, agora veja só como o tempo é um filha da puta, nós nos beijamos carregadas de raiva e veja como está o céu. Vai cair uma tempestade. - Continuei.

- A tempestade Camren. - Falou Liz.

Camren; tão antigo.

Na adolescência eu pensei que aquilo poderia ser eterno, fui ingênua.

Como poderia ser eterno quando havia amor de apenas um lado?

- A tempestade Camren... - Pensei alto.

O silêncio confortável fez-se presente dentro daquele carro, a chuva aumentava gradativamente até que um trovão rugisse no céu.

Chegamos ao enorme prédio onde eu morava e a mulher logo seguiu com o carro para o estacionamento.

O celular de Liz tocou, era Keana avisando que já havia deixado Ariana em casa.

Nós saímos do carro e eu rapidamente deslizei o dedo indicador sobre o botão do elevador.

The Daughter Of The Reverend - G!P 2ª Temporada  Onde as histórias ganham vida. Descobre agora