IX

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Lauren Jauregui’s Point Of View

Eu estava sentada olhando para o nada enquanto Veronica cantava uma música aleatória, mesmo sabendo que não tinha a voz mais linda do mundo, ela insistia em cantar e aquilo era de certa forma engraçado, pelo menos quando não me irritava.

- Vero, para de cantar e me ajuda a encontrar uma solução. – Pedi calmamente.

- Eu penso em soluções enquanto canto, Lauren. – Respondeu a morena.

Eu nunca pensei que a indiferença de Camila fosse me doer, mas foi exatamente isso o que aconteceu e nós não tivemos sequer uma conversa de verdade. Foi bem ali, no “Olá, Lauren” que eu percebi que a indiferença não era apenas um sentimento neutro onde não se sente nada e não se sofre nada, esse maldito sentimento fazia feridas profundas e bastante dolorosas.

Se em algum momento eu achei que a indiferença era apenas um mecanismo de defesa, céus! Eu estava tão enganada, nos agarramos ali temporariamente para não sentir nada, mas em determinado momento nós éramos empurrados dali sem nada para nos apoiar, a indiferença trazia dor tanto para quem a estava praticando, quanto para quem a estava recebendo, não existia mecanismo de defesa ali.

Eu simplesmente preferia que a latina me odiasse porque com o ódio eu sabia lidar perfeitamente, eu podia aguentar vê-la me odiar, mas a indiferença me mataria aos poucos.

Todas as minhas expectativas haviam simplesmente sumido.

Levantei do banquinho e comecei a andar, em passos calmos e silenciosos, não conseguia deixá-los mais rápidos do que aquilo.

Veronica se colocou ao meu lado.

- Você chegou a alguma coisa solução? – Indaguei.

- Você tem duas opções, lutar arduamente para tê-la de volta ou simplesmente se manter longe dela. – Fez uma pausa. – As duas opções irão doer, porque lutar dói e desistir também. – Continuou Veronica.

- Eu... Eu realmente não sei o que fazer, eu estou cansada de me machucar e ela também deve estar. – Falei cabisbaixa.

Camila e eu havíamos nos machucado demais com tudo aquilo, o que vivemos se baseou em dor e não em sofrimento.

Existe uma enorme diferença entre dor e sofrimento, a dor é inevitável, ela vai acontecer se você quiser ou não porque não se tem controle sobre a dor, mas do sofrimento sim, você escolhe se vai sofrer ou se vai continuar sofrendo. O controle diferencia a dor do sofrimento.

Nós duas nunca tivemos controle sobre isso e nunca teríamos.

- Você precisa decidir, não se tem muito tempo, ela está namorando. – Falou Veronica.

Luna Sánchez, a mulher que havia ido a lanchonete dias atrás, eu sabia que reconhecia aquele rosto de algum lugar só não havia assemelhado o rosto ao nome da mulher de capas de revistas.

- É tão irônico saber que a mulher que foi ao Carter’s a procura de donutus é a mesma mulher que está com a pessoa que eu não sabia se amava. – Falei distraída.

- Espera! Depois de tudo o que vocês viveram você não tinha certeza se a amava?! Céus, Lauren! Isso fica cada vez pior! – Exclamou Veronica.

- Eu nunca tinha amado alguém de verdade, Veronica! Não fazia a mínima ideia que amar traria dor, então não, eu não sei se o que eu senti por Camila foi amor! – Falei exasperada.

- Mas você ao menos sabe o que sente agora? – Indagou a morena.

- Agora eu sei que eu a amo porque amar nunca se tratou de quem vai se machucar mais ou de quem vai ter mais intensidade. – Fiz uma pausa. – Eu entendi que amar também significa dor inevitável, mas foi assim que eu entendi que a amava, entendi da pior maneira possível, com a dor. – Continuei.

The Daughter Of The Reverend - G!P 2ª Temporada  Onde as histórias ganham vida. Descobre agora