VIII

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Eu escrevi uma parte específica desse capítulo ouvindo música clássica, então peço encarecidamente que no momento pedido vocês ouçam Für Elise - Beethoven.

Boa leitura.

Camila Cabello’s Point Of View

O tempo passa como o vento, não se pode tocar, não se pode ver, nós apenas sentimos através dos anos. Pergunto-me diariamente para que serve o tempo, seria para transcender o passado? Ou suceder o futuro indefinido? Para que serve o tempo?

O tempo nos traz explicação para muitas coisas, o tempo me trouxe explicação para o que era o amor e como eu poderia supera-lo. Em diversos momentos o tempo havia sido um grande amigo para mim, me fez perceber coisas até então imperceptíveis, me fez entender que no momento certo tudo acontece.

Desde o momento em que eu entrei na clínica de reabilitação, o tempo me ensinou que eu deveria continuar lutando por mim mesma, fez com que eu me encontrasse novamente e eu era tão grata a tudo aquilo. O tempo só falhou em um mísero detalhe, ele não levou o amor que eu sentia por Lauren, deixou apenas guardado, mas vê-la de novo trouxe todos os sentimentos à tona, desde a dor até o amor. A única coisa que eu queria era conseguir amar outra pessoa na mesma intensidade que eu continuava amando-a, diversas vezes eu quis destruir todo sentimento por ela, mas aquilo só me traria mais dor, por isso eu preferi tratar tudo isso com indiferença, deixar todo amor adormecido por esses três anos, mas ao ver o par de olhos verdes me encarando, o amor acabou acordando. Mas estar acordado não significa que será domado por ela, todo o amor que eu sentia por Lauren continuaria livre, eu não permitiria que ela sentisse o meu amor novamente, ela não merecia.

As dores referentes ao amor que eu sentia por ela me atormentaram durante meses, dolorosos meses, era como se eu estivesse literalmente quebrando, era difícil respirar, eu sentia como se o meu coração estivesse dilacerado e a sensação de estar sob os com efeitos colaterais dos antidepressivos piorava tudo, foram diversas as vezes que eu a vi sentada na cama ao meu lado, eu podia ouvir a respiração calma, sentir o toque dos dedos pálidos e gélidos contra o meu corpo, os suspiros, as vezes em que ela se declarava para mim, o problema era que tudo aquilo era fruto da minha imaginação. Eu queria tanto tê-la ao meu lado que por longos minutos realmente conseguia.

Entretanto, nem tudo na vida são flores e depois de todas as declarações de amor que a americana me fazia, ela simplesmente cuspia palavras duras e amargas em minha direção e aquilo me machucava intensamente, como se facas estivessem sendo cravadas nas minhas costas sem um pingo de piedade.

Lauren não tinha misericórdia de mim.

Saí de meus devaneios ao sentir os dedos de Luna puxarem meu braço.

- Um minuto. – Foi tudo o que ela falou antes de me arrastar dali.

- Por que você disse que eu sou sua namorada, Camila? Aonde você quer chegar com isso?! – Indagou a loira.

- Eu não sabia o que dizer, Lu. Ela estava logo ali me encarando, eu não podia simplesmente dizer que você era minha amiga. – Falei de uma vez.

- Claro que você podia. – Continuou a modelo.

Acabei bufando frustrada com aquela situação. Odiava quando Luna me repreendia pelas minhas atitudes.

- Você quer eu diga a verdade? Ok, Sánchez! – Exclamei antes de começar a andar.

Meus passos foram interrompidos quando a mulher segurou minha mão me puxando de volta.

Antes de qualquer palavra dita ela selou nossos lábios em um beijo repleto de desejo.

The Daughter Of The Reverend - G!P 2ª Temporada  Onde as histórias ganham vida. Descobre agora