Capítulo 14.

5.6K 422 8
                                    

— vai me bater? Me bate caralho - gritei - mas vou revidar, já foi o tempo que eu aguentei porrada calada.
— não vou te bater não alana, nem vale a pena porra, não sabe curtir os bagulho na disciplina não? - me olhou sério e jogou o fuzil no sofá - por isso que vive presa que nem bicho e vai continuar assim, último baile que tu curtiu - apontou o dedo pra mim.
— vai sonhando caíque, vai sonhando - dei risada - já foi o tempo que eu aguentava tuas palhaçadas, sou mulher pra caralho e quando eu quiser ir pra porra daquele baile - bati no peito - eu vou, tu não me manda não.
— não me irrita porra, pra mim te amassar é dois segundos - segurou meu braço com força - vai curtir baile então, po.
— eu vou sim, eu vou quantas vezes eu quiser - enfrentei ele.
— então vai lana - me empurrou pra trás - pode pa, que vai ta solteira - passou a mão no rosto.
— ótimo - dei risada sem humor.
— só não reclama quando vê eu com outra, não vou aguentar neurose de mulher que não é nada minha não - falou bolado.
— digo o mesmo pra você caíque - falei em tom de deboche.
— ta na intenção de outro? Ta me tirando alana?
— ainda não to não parrudo, mas quando eu tiver pode ter certeza que você vai saber - sai de perto dele.
— vai me tirando de otário pra tu vê, caixão na certa pra tu, abraça meu papo vaciolona.

Subi correndo pro meu quarto e me tranquei no mesmo, tirei minhas roupas de dentro do guarda roupa e joguei tudo em cima da cama, fui pro banheiro e tomei um banho refrescante, meu braço estava arranhado, suspirei fundo e mordi o lábio, fiquei puta de verdade, minha seca na bruna ainda não passou, é só questão de tempo pra eu arrasar com a cara dela, sai do banheiro enrolada na toalha e dei de cara com o caíque de bracos cruzados olhando pra mim, passei por ele e o ignorei por completo, me troquei sem ao menos lhe da atenção, fiz um coque no meu cabelo e fui guardar minhas roupas, peguei uma mala que tinha aqui, é obvio que não iria caber tudo, mas eu estava pouco me fudendo, caíque olhava tudo calado, quando a mala já estava cheia, desci as escadas e fui ate o sofá, peguei meu celular e comecei a discar o número da minha mãe e só dava desligado, revirei os olhos e voltei a ligar novamente e depois desistir, subir as escadas e fui direto pro meu quarto, minha mala já não estava lá e nem minhas roupas em cima da cama, abri o guarda roupa e estava dentro do mesmo, óbvio que tudo bagunçada, tomei um susto quando caique surgiu atrás de mim.

— laninha - continuei de costas - fala comigo po, não me deixa não, sei que vacilo pra caralho, que não te mereço, mas ae, sou louco em tu, tu é a mulher da minha vida po, quando eu disse que ia mudar, foi papo reto, papo de homem, não quero te perder não mulher, tu é minha vida - suspirei fundo e me virei de frente pra ele.
— não da não caíque - balancei a cabeça - não aguento mais isso - segurei as lágrimas.
— te amo po, quem ta falando isso é o caíque mesmo cara que tu conheceu três anos atrás - segurou meu rosto - só me da essa chance, vou te mostrar que mudei, vou te mostrar que sou merecedor do teu amor - foi inevitável tentar segurar as lágrimas, não adianta eu tentar me fazer de durona, tentar ser forte, eu sei que não sou, naquele momento ele desfez toda aquela marra de durão, de dono de morro, naquele momento eu via meu caíque, ou pensei que via - to falando contigo alana, fala alguma coisa po - me olhou com cara de cachorro sem dono.
— não posso caíque - balancei a cabeça e saí de perto dele.

Suspirei fundo e desci as escadas, fui até a cozinha e bebi um copo d'água, eu tentava segurar as lágrimas e quanto mais eu fazia isso mais me dava vontade de chorar e era isso que eu estava fazendo chorando baixinho, chorando por tudo que passei e por amar demais, caíque tava me olhando, parado na porta, ele veio até mim e me abraçou, foi ai que desabei mais por saber que o homem que eu amo é o causador de toda essa minha infelicidade, de toda essa dor e de todo esse vazio que sinto no peito.

Mundo Passageiro.Where stories live. Discover now