Capítulo 36

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Terminanos o beijo e sorrimos um para o outro. Eu não me lembrava mais como era me sentir daquele jeito quando estava com Alfonso.

- Você fica para tomar o café da manhã comigo?

Ele me perguntou e eu assenti depois que nos separamos

- Tenho algumas coisas para fazer hoje, mas posso ficar e preparar aquela omelete de jamón que você adora. Eu sei que esse é o motivo para me convidar pro café.

- Culpado! Eu estou em abstinência. As manhãs estão sendo muito dificieis sem você comigo.

Ele fez a carinha mais manhosa e doce do mundo. Quem o vira assim até esquecia do homem de negócios que era. Eu o dei um leve empurrão em seu peito e ordenei que sentasse para esperar. Ele se direcionou ao banquinho da bancada da cozinha americana e fez o que eu disse. Eu sorri e dei a volta no balcão para começar a preparar um dos pratos favoritos de Poncho.

- Não seja tão dramático! Pelo o que estou sabendo, Maria tem vindo aqui e feito essa omelete pra você pelo menos três vezes por semana.

- Como você sabe disso?

- Ela faz questão de me contar nos outros dias em que vai ao meu apartamento. E quando digo contar estou sendo completamente superficial. – Eu suspirei

- Então quer dizer que não é só comigo? Ela também reclama com você?

- Todos os dias, incansavelmente.

Maria era nossa empregada. Ela não era nossa empregada. Ela era da família. Quando nos separamos parecia que algum de nós dois havia morrido. Foi uma tragédia para ela. Ainda assim ela não nos deixou. Fazia questão de se dividir e ficar três vezes na semana com Alfonso e duas comigo. Ela também fazia questão de reportar a nós dois tudo o que acontecia na vida um do outro e, claro, de reclamar tudo o que podia sobre nossa separação. Nós a amávamos. Mesmo quando estava mais razinza do que nunca, especialmente nos últimos meses.

- Ela não aceita nosso divórcio – ele disse e eu parei de mexer na frigideira e o encarei por alguns segundos

- Na verdade, ninguém aceita. - eu murmurei, mas sei que ele escutou. Depois de alguns segundos de silêncio, declarei – está pronto! – servi um prato para Alfonso e outro para mim. Dei a volta no balcão e me sentei ao seu lado em outro banco.

Ele levou um pedaço à boca e eu o ouvi gemer. Um gemido que me fez arrepiar. Controle-se, Anahí

- Ninguém faz essa omelete como você, baby. Eu definitivamente sei porque me casei com você – ele falava de boca cheia e eu o encarava comer com o maior prazer do mundo - Não conte isso à Maria, ela vai me abandonar e aí, sem você e sem ela eu não sei o que farei da minha vida.

- Primeiro: Quer dizer que se casou comigo apenas pelos meus dotes culinários? Tudo bem, vou me lembrar disso. E segundo: eu não vou contar à Maria, ela faria um escândalo. Ela passaria a reclamar o dobro do que já reclama sobre ter que cozinhar pra você e o quanto você é dependente de nós duas.

Nós dois rimos e continuamos a comer quando me lembrei que havia uma pergunta que queria fazer a Poncho havia algum tempo. Respirei fundo e o vi terminar de comer sua omelete e me encarar

- O que foi?

- Quero te perguntar uma coisa.

Ele assentiu

- Por que você ainda não contou para os seus pais sobre nossa separação?

- Sinceramente? Eu não sei. Não sei como contar, o que dizer. Eu não quero decepcionar eles, Annie. Você sabe como meus pais amam você. Como nossas famílias se dão bem.

Eu levantei do banco e me aproximei dele.

- Eu sei disso. Foi muito difícil quando contei aos meus pais. Mas eles são nossos pais e nos querem felizes. E você sabe que não estávamos mais felizes em nosso casamento. Eles irão entender.

Ele, então, pegou em minha mão e entrelaçou nossos dedos.

- Talvez....- Ele parou por um segundo e então continuou – Talvez eu não tenha contado porque ainda tenho a esperança de que iremos resolver tudo e voltaremos a ser como éramos. Nós ainda nos amamos.

- Amor não é tudo, Poncho – eu desviei o olhar do dele e encarei nossas mãos entrelaçadas

- Eu sei. Mas é o principal

- Não vamos falar sobre isso agora. Não quero entrar em uma guerra com você quando decidimos declarar paz hoje.

Eu o vi suspirar e um rosto derrotado surgiu em sua expressão

- Você pode me dar mais algum tempo? Ainda não estou pronto para contar para eles.

- É claro que sim. Seus pais são parte da minha família também e não quero nem você e nem eles magoados. Quando você achar que é o momento vai conversar com eles sobre tudo, sei disso.

Ele assentiu e desivou o olhar. Soltou sua mão da minha e levantou, para se afastar de mim. Eu sabia que ele havia ficado magoado com toda aquela conversa. Eu precisava ser sincera com ele, não podia iludi-lo que nosso casamento voltaria da noite pro dia. Ainda sim, era egoísta o suficiente para não querer que ele se afastasse de mim. Não depois do que vivemos nessas últimas horas.

- Hey...- eu toquei em seu peito e o empurrei levemente para que voltasse a se sentar. Me encaxei entre suas pernas e toquei em seu rosto para que me olhasse – não quero estragar isso que estamos vivendo. Quero pensar no agora. Quero viver o agora.

- E o que você quer nesse "agora"?

Eu aproximei meu rosto do dele e então mordi seu lábio inferior, puxando até mim

- Você

Eu sussurrei em sua boca e então nos entregamos novamente como se não houvesse um depois.

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⏰ Last updated: Dec 08, 2017 ⏰

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