Até logo...

Capítulo 34

Eu precisava me levantar. Abrir os olhos e tomar coragem para mais um dia. Precisava repassar o que teria para fazer hoje.

Preparar o café

Checar meus emails

Ligar para o responsável da casa onde será o casamento de Maite e confirmar minha visita.

Separar o terno e a gravata para Poncho ir ao escritório

E...

Espera aí, eu não faço isso há meses porque eu simplesmente me separei. O que está acontecendo?

Sinto um grande peso sobre meu corpo. Um braço ao meu redor e uma perna envolta da minha cintura. Minha respiração fica ofegante imediatamente. Coragem Anahí, Abra os olhos. Eu falo para mim mesmo.

Abro um olho de cada vez e me deparo com a situação.

Primeiro: não estou em meu apartamento.

Segundo: estou nua.

Terceiro e mais importante: eu transei com meu ex marido.

Fecho os olhos de novo. Precisava raciocinar e tentar me lembrar de tudo o que aconteceu na noite passada. É isso, só preciso de alguns minutos fingindo que nada aconteceu e irei superar.

Eu me lembro de tudo? Bom, quase tudo. Eu gostei? Definitivamente essa pode entrar para nossa lista de noites de melhores sexos que já tivemos. E olha que não são poucas. Eu me arrependo? Eu sei que deveria, mas não. Não me arrependo. Eu estava bêbada, mas consciente. Nós dois estávamos. E, a pergunta principal: Eu quero esquecer o que aconteceu?

Abro os olhos novamente e começo a tirar o braço de Poncho bem devagar de cima de mim. Sento na cama e suspiro. Olho para o homem deitado ao meu lado. Ele é tão lindo...

Foi tudo tão passional e intenso. Como se não tivéssemos nenhum problema. Como se fossemos um casal novamente. O Sr. e a Sra. Herrera. Mas, a verdade, é que não somos mais esse casal. Não na vida real. Apenas em um pedaço de papel. Eu não me arrependo e muito menos quero esquecer o que aconteceu, mas simplesmente não posso deixar de lado tudo o que estamos vivendo.

Talvez nossa separação fosse um erro. Mas tivemos motivos para chegar e cometer esse erro. Não estávamos mais felizes. A confiança havia acabado. Nós não conversávamos mais quando tudo aconteceu. As cobranças eram demais. Nós não éramos mais os mesmos.

Faço carinho levemente em seus cabelos e ele suspira em meio ao sono pesado que sempre teve.

Eu sentia muita falta dele. Todos os dias. Será que ele sentia a minha? Será que sonhava comigo como eu sonhei com ele quase todas as noites desde a nossa separação? Principalmente, será que me amava como eu ainda o amava? Porque essa é a verdade: eu o amo. Apesar de todos os problemas, das brigas, dos gritos, das mágoas e da desconfiança, eu o amo. Com todo o meu coração. Nunca deixei e acredito que nunca consiguirei deixar de amá-lo. Poncho sempre foi e sempre será o meu amor épico. Meu verdadeiro amor.

Sinto uma lágrima escorrer por meu rosto e a limpo. Hora de levantar e encarar as consequências dos meus atos. Hora de voltar para a vida real.

Levanto da cama fazendo o mínimo de barulho possível. Não sei se quero ir embora antes que ele acorde ou se quero ficar para conversar.

Vou ao banheiro do corredor para evitar o barulho e decido tomar um banho rápido. Após respirar fundo algumas vezes volto ao quarto e abro o armário. Percebo que Alfonso tem algumas poucas roupas no apartamento. A maioria ainda deve estar em nossa casa. Assim como eu fiz. Talvez, deixar tudo nosso em nossa antiga casa, deve ter sido nossa maneira de evitar cairmos na real sobre nossa separação. Deixar nossas roupas, nossos bens e tudo o que construímos lá também era uma maneira de negarmos a realidade, cheguei a conclusão.

Peguei uma camiseta dele da época de faculdade que sempre vestia para dormir quando ainda éramos adolescentes. Estava velhinha, mas ainda tinha o cheiro dele e sempre foi uma das minhas favoritas. Vesti e enrolei um short dele o máximo que pude para que não caísse de minha cintura. Juntei tudo meu, olhei para Alfonso dormindo uma última vez e fui para a sala, decidida a ir embora.

Decidida a deixar todos os pensamentos e tudo o que vivemos naquele quarto.