Capítulo 17

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Os dias passavam freneticamente diante de meus olhos. Já era sexta-feira e eu ainda tinha um pilha de contratos para analisar e mandar para Max assinar. Eu tentava agilizar tudo o mais rápido que podia, afinal de contas precisaria tirar uns dias para cuidar do casamento de Maite, que cada vez estava mais próximo, e ainda queria tirar minhas férias para quem sabe viajar no próximo verão.


 Minhas horas de almoço foram trocadas por Meal deals repletos de sanduíches, barrinhas de chocolate e sucos sem sabor. Eu já estava surtando com aquilo tudo. O telefone tocou e eu cheguei a agradecer aos céus por me tirar daquele turbilhão de pensamentos. 

 - Chefa suprema 

 Eu revirei os olhos e sorri 

- Sim, Mick... 

- Parece que o senhor coração de gelo quer te ver. A secretária vadia dele acabou de me telefonar pedindo para que você fosse até a sala dele assim que pudesse. 

 - Alfonso quer me ver? Por que ele não ligou para o meu ramal?

 - Vai saber. Deve ser difícil pra ele apertar mais do que dois botões do telefone e de qualquer forma, pelo menos, aquela secretária não fica apenas puxando a blusa para baixo para deixar os peitos mais a mostra e faz alguma coisa. 

 Foi impossível não rir. Mick era a alegria dos meus dias e estava comprovado o porquê. 

- Você não presta. Tudo bem, já estou indo. - eu desliguei o telefone e me levantei de minha mesa.

 Depois de dias eu veria e falaria com Alfonso novamente. Não tínhamos trocado mais nenhuma palavra desde o jantar e eu estava suspeitando que a hora de começarmos a trabalhar juntos estava a alguns minutos e alguns andares distante de mim. 

 Antes de sair de minha sala ainda chequei minha roupa e minha aparência. Felizmente eu tinha escolhido o par de meias de seda certo para hoje. Não era todo dia que se ia a sala do ex marido que tinha um caso com a secretária loira peituda, certo? Eu precisava, ao menos, de um pouco de dignidade em relação a minha aparência. Soltei os cabelos e retoquei a maquiagem. Assim que sai da sala, Mick assoviou 

 - Uau, tudo isso só pra visitar o ex? - após sua pergunta não pude evitar e revirei os olhos mais uma vez

- Me deseje sorte. 

 - Você não precisa de sorte. Precisa de uma arma de fogo com pelo menos cinco balas no gatilho... 

Eu ri e então parti para o décimo sexto andar. Assim que cheguei, eu caminhei decididamente até aqueles olhos verdes negros maquiavélicos e aquele cabelo platinado.

 - Boa tarde,Megan. - eu sorri cinicamente e então me dirigi a porta do escritório de Alfonso.

 - Você precisa ser anunciada. - ela disse com sua voz melodiosa e desprezível e contei até dez mentalmente antes de responder aquela vadia. 

- Se ele me chamou até aqui, não preciso ser anunciada. 

 - Todo mundo precisa ser anunciado. Poncho não gosta de interrupções. - após seu comentário em prol de me alfinetar eu tive que rir sarcástica 

- Poncho? É sério isso? A secretária chamando o próprio chefe pelo apelido? A onde vamos parar, não é? Por favor, Megan, me poupe do seus comentários ridículos, ou melhor, me poupe de qualquer coisa que venha de você. 

Eu abri a porta de Alfonso escancaradamente e então bati em seguida. Ele estava analisando algum papel e se assustou com o barulho.

 - Anahí... - ele levantou de sua mesa ao me ver. 

- O que quer ? - as palavras saíram raivosas. 

A voz daquela mulher chamando Alfonso pelo apelido ainda rondava minha cabeça e eu arfava de ódio. 

 - Está tudo bem? Sente-se...- ele deu a volta á mesa e parou em minha frente. Eu cruzei os braços - não sabia que iria ficar chateada por eu te chamar aqui. É que gostaria de começar a falar sobre o nosso trabalho juntos e.. 

- Alfonso, antes que comece irei te pedir um favor. Da próxima vez ligue diretamente pra mim e não mande sua secretária ficar dando recados por você. - sua expressão ficou séria com minhas palavras

 - Anahí, seu ramal estava ocupado e liguei para o seu celular, mas não atendeu. Eu iria te ver pessoalmente, mas eram muitos papeis pra eu carregar até sua sala. Achei melhor que viesse até aqui. Não estou entendendo porque está tão histérica assim ! Por deus ! - ele soltou aos mãos ao lado do corpo, exasperado. 

 - Histérica? Você só pode estar brincando ! - eu ri sem nenhum humor - eu venho até aqui e escuto da sua amante que eu tenho que ser anunciada. Que o seu queridíssimo "Poncho" não gosta de interrupções. E você vem me dizer que estou histérica? - eu já falava mais alto 

- Do que está falando, Anahí ? - ele se aproximou de mim e eu dei um passo pra trás - não estou entendendo nada! Você já entrou aqui me atacando.

 - Eu não vou suportar isso, Alfonso ! Trabalhar com você será um erro ! Eu odeio aquela mulherzinha ! Odeio ! - eu já gritava e então Alfonso me segurou pelo braço 

- Se acalma ! 

 - Me solta ! Não encosta em mim ! - eu comecei a me debater para tentar me livrar de sua mão. 

 - Anahí ! Calma ! Por Deus ! 

 - Eu vou gritar, Alfonso ! O prédio inteiro vai saber, é isso que quer? Porque seu plano magnífico de mantermos a fachada do nosso casamento vai por aguá abaixo assim! Eu vou... 

 E então senti suas duas mãos me puxando pelos braços. E senti seus lábios encontrando os meus. Eu juro que tentei o empurrar,mas tudo saiu de órbita quando sua boca pressionou a minha daquela forma tão agressiva e ao mesmo tempo tão doce. 

Sua boca tinha o mesmo sabor de sempre. Aquela mistura deliciosa de Alfonso Herrera e suas pastilhas de menta de que ele era viciado.

Eu queria lutar, mas tudo me dizia ao contrário, inclusive meu corpo. Sua língua implorou por passagem e eu deixei. Suas mãos em meus braços se suavizaram ao mesmo tempo em que os mesmos relaxaram. Ele então com uma mão puxou minha cintura fazendo nossos corpos se chocarem, enquanto a outra foi instintivamente segurar minha nuca como se não quisesse que eu fugisse daquele beijo. 

E eu não fugiria, mesmo que fosse possível. Há quanto tempo não sentia sua boca daquela maneira. Sua língua se encontrava à minha de uma maneira tão sensual e selvagem que era de certa forma inexplicável. Meu corpo inteiro se arrepiou diante daquele beijo. Minhas mãos foram parar em seus cabelos e sua nuca, o puxando e o desejando mais perto de mim. Nossas cabeças giravam em perfeita sincronia, enquanto nossas respirações ficavam alteradas e descompassadas diante da velocidade do beijo. Meu corpo já queimava por inteiro e a excitação se fazia evidente nos dois. 

Eu não queria parar de beijá-lo nem por um segundo. Eu não queria parar pra respirar. Eu não queria acordar daquele transe delicioso que me envolvia junto ao corpo de Alfonso. Eu não queria,mas, no fundo, eu sabia que devia.


Até logo...Where stories live. Discover now