Capítulo 14

1.2K 54 11
                                    

Alfonso me carregou até a bancada da cozinha e me colocou sentada ali. Sem pensar duas vezes, ou melhor, sem nem começarmos a pensar, ele abaixou o rosto e começou a beijar meu colo. A sensação era incrível. Eu fechei os olhos e deixei minha cabeça cair pra trás, sentindo seus beijos subindo pela extensão de meu pescoço e deixando uma trilha molhada por aquele caminho. 


Segurei em seus cabelos negros e empurrei mais seu rosto contra mim, a verdade era que eu não queria que ele parasse. Minhas pernas o apertavam,,já que estavam em volta de sua cintura, e ele estava posicionado estrategicamente entre elas, sem deixar um espaço sequer entre nós. 


Eu sentia tanta falta de seu toque. Do seu cheiro em meu corpo. De sua boca em mim. Sua língua encontrou minha orelha, assim como minhas mãos sua nuca. Meu corpo inteiro estava arrepiado. Eu estava a meses sem ser tocada assim. Eu estava a meses sem ser tocada por ele. Tudo ao meu redor havia se apagado. Tudo em minha memória havia se acabado. A verdade era que meu cérebro já não tinha mais o controle, quem estava na frente de batalha agora era o meu corpo e sem dúvida ele estava ganhando. 


Eu soltei um gemido involuntário quando senti Alfonso se pressionar ainda mais contra mim e me fez sentir seu desejo intenso e sua rigidez. Eu mordi os lábios, me segurando para não tirar sua roupa ali mesmo. Minha respiração já estava ofegante quando o vi segurar meu rosto e se posicionar para beijar minha boca. Mas então, como se despertássemos de um transe ouvimos o som da campainha tocar. Eu pisquei algumas vezes e então meneei a cabeça. O que eu estava fazendo? Isso era loucura. Meu peito subia e descia freneticamente, assim como o dele. 


- Não... - foi só o que consegui dizer e então eu molhei meus lábios que estavam secos de prazer e luxuria. - Alfonso...estamos loucos... - eu sussurrei e então o empurrei.


 Ele deu um passo pra trás e continuou me encarando. Não piscávamos. Não falávamos. A campainha soou outra vez, como se fosse um relógio indicando as sete badaladas da meia noite. E mais do que isso, indicando que tudo aquilo não passava de uma louca fantasia. 


- Eu... Eu vou atender. É do restaurante... - sua voz saiu rouca. 

Talvez ele estivesse tão abalado quanto eu. Quando ele se virou para ir até a porta, eu tomei coragem e ordenei as minhas pernas que não bambeassem. Consegui descer do balcão da cozinha e endireitar meu vestido que era um sinal do erro que estávamos prestes a cometer. Por Deus. Eu odiava Alfonso. Não odiava ? Nós estávamos separados, vivíamos como cão e gato e nossa vida era uma inferno. Eu passei a mão por meus cabelos tentando me acalmar. Ele tinha que ir embora. A cada vez que olhava para aquele homem eu perdia o controle. De todas as formas possíveis. Ele voltou para a sala e depositou a comida em cima da mesa. Eu respirei fundo. 


- Eu acho melhor você ir... - eu falei de forma baixa, mas firme. 

- Nós ainda precisamos conversar... - ele deu um passo em minha direção e eu me afastei.

- Não. Não quero que se aproxime! - eu levantei as mãos como sinal para ele recuar. 

- Você pode parar com isso? De agir como louca? - eu o olhei incrédula - perdemos o controle, ok? Só isso. Acabou e não aconteceu nada demais... 

- Não aconteceu nada porque conseguimos despertar desse transe maluco em que estivemos por alguns minutos, Alfonso ! - eu falei mais alto

- Anahí...- ele bufou - você sabe muito bem que nossa atração sexual é inevitável. Que mesmo separados ainda tivemos recaídas... Não seja tão puritana, por favor. De santa você não tem nada, querida - ele abriu aquele sorriso cafajeste dele e então eu me lembrei do porque o odiava tanto. 

- Sai ! Sai da minha casa ! Você vir até aqui foi um erro ! - eu apontei pra porta - Sai ! - eu gritei e ele não se moveu. 

Foi então que tomada de ódio eu rugi e parti pra cima dele. Comecei a empurrar ele que não se movia um só centímetro. Depois de um minuto eu já estava exausta e bufando. 


- Terminou? Podemos jantar agora? - ele segurou meus pulsos e me encarou.

- Eu te odeio, seu estúpido ! - eu falei com a voz entrecortada por minha respiração ofegante. Ele sorriu ainda me segurando

- Eu sei. Vi isso há alguns minutos atrás quando estava no meio de suas pernas escutando sua respiração ofegante... - eu fechei os olhos e os apertei com força. - escuta...me olha, por favor... - ele falou de forma mais branda e eu então encarei. Suas mãos se suavizaram em meus pulsos. 

- O que? - ele respirou fundo

- Desculpa. Não vai mais acontecer... Acho que... - ele deu de ombros - perdemos a cabeça por um minuto. Eu sei que teria sido um erro... - ele falou a ultima frase de maneira baixa, quase sussurrada e eu relaxei um pouco mais meu corpo, antes tenso - podemos só sentar e comer antes que esfrie? Eu realmente preciso conversar com você, Annie... - ouvir ele me chamar por meu apelido amoleceu meu coração. 


Eu desviei nossos olhares. Aquilo tudo era uma puta confusão. Essa era a verdade. Eu não odiava Alfonso. Nem de longe. E o pior, no fundo do meu coração, eu acreditava que se tivesse continuado sem sermos interrompidos, ainda sim, não seria um erro. A onde foi que me meti? Eu não consegui expulsar ele. Nem de minha casa, nem de minha vida e muito menos de meu coração. Eu teria que aceitar, no final das contas. 


- Tudo bem. Vamos jantar... - eu soltei o ar dos meus pulmões na mesma hora em que ele soltou meus pulsos. Fomos até a mesa em silencio, e assim ficamos até começarmos a comer. 


Até logo...Where stories live. Discover now