Capítulo 19

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Eu passei por Mick como um raio e entrei em minha sala. Ele veio logo atrás.

- Anahí, o que houve? Você está bem?

Eu sentei em minha cadeira atrás de minha mesa e esfreguei meu rosto com minhas próprias mãos. Aquilo era um pesadelo.

- Eu odeio o Alfonso, Mick ! Odeio com todas as minhas forças ! - eu rosnei e então apertei meus olhos para impedir que aquela maldita lágrima caísse. Foi inevitável.

- Ei ! Não...não, querida. Não chore! - ele deu a volta e se abaixou me abraçando.

- Está tudo bem. - eu falei enquanto fungava em seu ombro

- É claro que não está. O que aquele crápula cego e desalmado te fez? - ele afagou meu cabelo lentamente.

 - Nós nos beijamos, Mick. - eu então o encarei - nós estávamos em um segundo brigando por conta daquela secretária estúpida dele e em outro segundo nos beijando como há tempos não fazíamos. - eu o vi suspirar depois do meu relato

- E por que isso te abalou tanto ?

Eu então suspirei e neguei com a cabeça sem responder a sua pergunta, simplesmente porque não tinha uma resposta pra ela.

- Eu sou um tolo. Não sei por que a pergunta. Você está assim porque ainda ama loucamente aquele homem.

- Não ! Eu não...argh ! - eu bufei e ele sorriu delicadamente

- Você vai negar até quando ? Preciso anotar em minha agenda para não perder o dia, chefa. Por favor, me avise. - ele riu e eu o encarei brava - Anahí, não há mal nenhum nisso. Na verdade, o único mal que há é o orgulho que fica entre vocês dois. Eu não entendo porque não conseguem conversar e colocar tudo em pratos limpos. Vocês se amam e isso é mais do que evidente. Só vocês não enxergam. Bem, só vocês negam isso, melhor dizendo. - eu suspirei

- É tudo tão complicado, Mick... - ele passou a mão em meu cabelo e o ajeitou atrás de minha orelha

- É complicado porque vocês querem assim. Porque não se permitem descomplicar essa situação.

- Eu não sei o que fazer...- eu funguei mais uma vez e dei de ombros - eu quero esquecê-lo, mas não consigo.

- É claro que não, sabe por que ? - eu neguei com a cabeça - porque Alfonso não está só aqui, na sua cabecinha - ele apontou pra minha cabeça e logo em seguida levou até meu peito seu dedo - é porque ele está bem marcado e guardado nesse seu coraçãozinho orgulhoso.

- Estou me sentindo perdida. - eu o vi suspirar com meu desabafo

- Não gosto de te ver assim. Você é uma das pessoas mais importantes na minha vida. Não quero te ver chorar ou sofrer. Me diz o que eu posso fazer pra te ajudar ? - seus olhos eram doces e gentis, e foi inevitável não sorrir.

- Só de ter você como amigo já faz algo incrível por mim. Eu tenho muita sorte em ter você. - eu sorri levemente - mas acho que umas barrinhas de chocolates cobertas com caramelo também iriam me ajudar, sabe ?

Ele então riu,enquanto eu terminava de secar minhas lágrimas persistentes.

- Bem, talvez eu tenha algumas escondidas na minha segunda gaveta. Para alguma emergência com ex-maridos. - eu ri

- Obrigada, querido. Você é o melhor - eu então sorri e o abracei - eu não sei o que faria sem você.

- Eu também não sei, chefa - eu ri e lhe dei um tapinha de leve, ele então também riu - agora me deixe trazer sua taxa extra de gordura e açúcar do dia. - eu o soltei e ele sorriu abertamente antes de sair da minha sala.

Eu era muito grata por ter amigos tão queridos em minha vida. Pensando nisso, decidi pegar meu celular e mandar uma mensagem para Maite, perguntando se poderíamos jantar no meu apartamento hoje à noite. Além da opinião de Mick, a de Maite também era preciosa. Em menos de uma minuto ela respondeu dizendo que levaria a sobremesa e uma garrafa de vinho. Eu suspirei aliviada. Eu precisava disso. Precisava me sentir rodeada de amigos, porque só assim eu conseguiria me sentir menos isolada do amor.

...

- Bem, e vocês vão continuar a trabalharem juntos no projeto ?

Eu bebi mais um gole do meu vinho e encarei Maite.

- Eu ainda não pensei nisso. Não sei o que é melhor...

Ela apoiou um joelho no sofá e se virou pra mim.

- Sei que é difícil, mas você precisa se decidir, Annie. Não só em relação a trabalharem juntos, mas em relação ao seu relacionamento com Poncho. Não tem como viverem assim. Uma hora se amam e outra se odeiam. Os dois sofrem.

- Eu sei. Você está certa. - eu suspirei e falei de forma baixa

- Eu adoraria vê-los juntos novamente. Eu sei o quanto se amam. O quanto são apaixonados um pelo outro. Mas, bem, não sou eu quem tenho que tomar essa decisão. Isso cabe somente à vocês... - as palavras de Maite ecoavam por minha cabeça.

- Eu...- eu ia começar a falar algo quando ouvi meu celular tocar. Eu o peguei na mesinha de centro e olhei para a tela - número desconhecido..- eu olhei Maite e arqueei uma sobrancelha.

- Atende ! - ela me incentivou e eu atendi

- Alô

- Hola, como estás ? - uma voz masculina suou do outro lado - ouviu ? Até que consegui aprender algumas palavras. - eu sorri. - aqui é o Ryan, do pub.- eu já sabia quem ele era mesmo antes de falar seu nome

- Oi, Ryan. Como vai ?

Maite me olhou e arregalou os olhos. Eu dei de ombros e sorri

- Eu estou bem. Desculpa te ligar assim, nesse horário. Mas, eu não sabia qual era a melhor hora. Te atrapalho ? Você já estava deitada?

- Na verdade não. Eu estava jantando com uma amiga.

- Oh, desculpe...eu não queria interromper.

- Não se preocupe. Já acabamos. - e então o silêncio tomou conta. Eu sorri - você está me ligando por conta das aulas de espanhol?

- É, exatamente sobre isso. Eu pensei que bem, qual o melhor lugar para começar uma aula de espanhol do que em um jantar em um restaurante mexicano ?

Eu ri, ele parecia nervoso e aquilo apenas mostrou sua doçura

- Claro, qual melhor lugar, não é ?

- Então...o que me diz ?

- sobre o que ? O lugar, a aula de espanhol ou sobre o seu convite, na verdade, para um encontro ? - ele riu brevemente

- Você me pegou. Eu sou péssimo nisso, não é ?

- Um pouco. Mas eu achei fofo no final das contas... - eu sorria feito uma boba e Maite me encarava animada.

- Que ótimo, não foi tão ruim assim pelo visto. Você aceita ?

- Se eu aceito ? - eu falei mais alto pra Maite escutar. Ela então começou a balançar a cabeça freneticamente me incentivando - sim. Tudo bem, eu aceito.

- Posso te buscar amanhã às oito ?

-Claro, às oito está ótimo. Te passo meu endereço por mensagem, tudo bem?

- Perfeito ! Mal posso esperar por minhas aulas. - eu ri - e pra ver minha professora também. - Nós então nos despedimos e eu encarei Maite.

- Bem, parece que eu tenho um encontro. - ela sorriu e deu um gritinho de felicidade

- Estou tão feliz por você! Oh meu deus, um encontro ! Acho que isso vai ajudar muito em sua decisão, amiga. - eu dei de ombros

- Espero que sim... 

Até logo...Where stories live. Discover now